Goiás inaugura temporada de apartheid no futebol
Diário da Manhã
Publicado em 31 de janeiro de 2016 às 16:07 | Atualizado há 9 anos
Uma aberração jurídica foi criada com a anuência da Federação Goiana de Futebol com a concordância dos clubes de futebol de Goiânia e a chancela da Polícia Militar.
Na abertura do Campeonato Goiano da Primeira Divisão de 2016, nesse domingo, com a partida entre Vila Nova e Goiás os torcedores da segunda equipe deverão ver o jogo ao longe ou se foram ao Estádio Serra Dourada deverão ficar caladinhos ou arriscarem ser agredidos sem qualquer chance de receberem proteção das autoridades.
A pendenga foi causada por vaidade dos dirigentes do Goiás Esporte Clube que não aceitaram condições do mando de campo do Vila Nova e criaram o monstrengo da torcida única.
“Criou-se uma segregação pior do que existia na África do Sul durante o regime do Apartheid”, criticou um torcedor do Goiás, que não poupou nem mesmo os dirigentes do clube de sua preferência.
Essa primeira partida tem o mando de campo sob a tutela do Vila Nova, que se dispôs a destinar apenas 10% dos ingressos para serem comercializados para a torcida do Goiás.
Nisso a diretoria rival se julgando mais realista exigiu que fossem colocadas cotas iguais, ou que a metade dos ingressos fossem disponibilizados para torcedores esmeraldinos. Era isso ou nada.
“Os dirigentes do Vila Nova retrucaram dizendo que sob seu mando de campo eles imporiam os limites”, confidenciou uma autoridade que acompanhou as negociações e também pede sigilo de seu nome.
Os dirigentes do Goiás, por seu turno, bateram o pé e insistiram que o Vila poderia ficar com todos os ingressos, porque na partida seguinte, quando o mando de campo for do Goiás, haverá espaço somente para a torcida esmeraldina.
OMISSÃO
Os dirigentes da Federação Goiana de Futebol (FGF) mostraram que se preocupam somente com os dividendos que o torneio lhes proporciona e nem um pouco nos torcedores que pagam para ir ao estádio e torcer por seus clubes.
Aceitou tacitamente e ainda convocou dirigentes do Goiás, do Vila Nova e até do Atlético Clube Goianiense para assinarem um arremedo de acordo proibindo torcidas rivais de se encontrarem no Serra Dourada.
O primeiro a assinar o acordo espúrio que criou o apartheid esportivo foi o presidente André Pitta.
A FGF não se contenta em ocupar uma área de mais de 1.000 metros quadrados na Ala Sul do Estádio Serra Dourada sem pagar um centavo de aluguel – e isso se prolonga há mais de 10 anos – de já ter usufruído muito das benesses de dirigentes passados do Serra Dourada que não lhes cobrava nada de água, energia e até telefone.
O que os dirigentes não querem mesmo é problema para eles, principalmente com a parte mais ruidosa e nevrálgica do futebol: as torcidas.
O diretor do Estádio Serra Dourada, Itamir Campos Júnior, garante que se fosse necessário haveriam plenas condições para garantir a segurança de todos os torcedores, de todas as torcidas em qualquer partida no estádio.
Gueroba, como é conhecido, comemora uma classificação de nota 7,5, cujo máximo é 10, dada pelo Ministério do Esporte para o quesito segurança no Serra Dourada.
Ele credita aos policiais militares, Guarda Civil Metropolitana e quadro móvel que atua na segurança a garantia de que todos os torcedores poderiam ir ao Serra Dourada e torcerem de igual modo com segurança.
“Nesse primeiro jogo, com mando de campo do Vila Nova, se acaso um torcedor do Goiás for ao estádio e externar qualquer comemoração ele não terá a mesma segurança, porque não haverá espaço destinado aos torcedores do Goiás”, lamenta o diretor.
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