Cultura

David Bowie despede-se da Terra

Diário da Manhã

Publicado em 11 de janeiro de 2016 às 23:32 | Atualizado há 3 dias

A morte de David Bowie três dias de lançar seu último clipe, e menos de uma semana depois de apresentar seu último álbum causou comoção mundial e congestionou redes sociais. Considerado um dos maiores gênios da música do século XX, Bowie era um artista versátil, sempre disposto a testar e a reinventar-se. Além da grande expressividade, também ator de cinema e do teatro. Outra grande influência deixada pelo artista foi seus experimentos visuais, maquiagens, cabelos, vestidos e criatividades em geral.

Na internet, artistas visuais de várias partes do mundo fizeram homenagens ao Camaleão, como era conhecido por conta das inúmeras mutações pelas quais passou durante a carreira. Conhecido pela elegância e cordialidade, Bowie morreu depois de lutar por 18 meses contra um câncer. Três dias antes de morrer, David apresentou ao mundo seu último clipe, da canção Lazarus. Para a cantora Rita Lee, Bowie foi artista até o fim.  “Bowie saiu de cena com um gran finale…  Emocionante ele atuar a própria morte. Até para morrer ele fez arte”, revelou à revista Quem.

Clássicos

David Bowie lançou seu primeiro álbum de estúdio em 1967. Ele fazia uma espécie de pop psicodélico, inspirado na cena britânica da época. Apesar do disco trazer Bowie para o mundo da indústria cultural, sua consagração como artista só viria dois anos depois, quando ele começou a revelar seu verdadeiro e gigantesco lado criativo. O álbum seguinte, auto-intitulado, trazia uma de suas mais belas canções. ‘Space Oddity’, uma peça de 5 minutos que conta as aventuras de Major Tom no espaço, perdendo de vez seu contato com o planeta Terra. A partir daí, cada trabalho de Bowie era uma reinvenção, uma ousadia.

No site RateYourMusic, um catálogo virtual de registros fonográficos que permite aos usuários avaliar discos com estrelas, o disco ‘The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars’, de 1972, é um dos mais bem avaliados, e ocupa a posição de número 17 no ranking geral. Trata-se de um álbum conceitual que narra a saga de Ziggy Stardust, um rock star que trabalha como mensageiro de seres extra-terrestres. O disco conta com alguns dos maiores clássicos do cantor, como as canções ‘Moonage Daydream’, ‘Starman’ e ‘Rock ‘n’ Roll Suicide’.

O usuário Thomas Riker, da Califórnia, Estados Unidos, escreveu uma resenha ressaltando a atualidade do disco, e como ele não soa datado. “Isso provavelmente já foi dito repetidas vezes antes, por isso simplesmente acrescentarei que acho irônico que algo que foi praticamente projetado para ser descartável e que deveria soar muito ultrapassado continua sendo um dos discos mais refrescantes e vivos de todos os tempos”. Hector Román, de Monterrey, no México, também acrescentou: “é o melhor álbum de estúdio que já escutei em toda minha vida”.

‘Hunky Dorry’, lançado em 1971 ocupa a posição de número 73 no ranking do RateYourMusic, contando com 12 mil avaliações e 480 resenhas escritas por usuários. O álbum traz musicas conhecidas e inumeramente regravadas por artistas de todas as gerações seguintes. ‘Changes’ e ‘Oh! Your Pretty Things’ são bons exemplos. Outro ponto alto do álbum é a faixa número 4, ‘Life on Mars?’, considerada a melhor música de David Bowie pelos usuários do site em uma pesquisa. A canção também possui um videoclipe bastante famoso pelo visual andrógino de Bowie.

Filmes

David Bowie era um apreciador do cinema e gostava de participar de várias maneiras. Seja atuando, produzindo ou criando a trilha sonora, o toque de David Bowie nos filmes conseguia deixá-los especiais. Em 2007 o cantor ajudou a promover o High Line Festival, em Nova Iorque. Para o evento, Bowie escolheu seus dez filmes favoritos da América Latina. Entre eles estava ‘Limite’, de Mário Peixoto. O filme – mudo – foi lançado em 1931 e era o único brasileiro a integrar a lista.

Como ator, participou de papéis marcantes, em filmes emblemáticos. Em ‘A última tentação de Cristo’, filme ousado do diretor Martin Scorsese lançado em 1988, Bowie deu vida a Pôncio Pilatos, juiz responsável pela condenação de Jesus à morte na cruz. O filme recria a história de Cristo de uma maneira humana e “não-santa”. Scorsese recebeu no ano seguinte a indicação ao Óscar de Melhor Diretor. O filme vem tornando-se cada vez mais conhecido devido ao seu tom polêmico e à idolatria pelo diretor.

Outro momento memorável da carreira cinematográfica de Bowie foi como ator, no Filme ‘Twin Peaks: Fire Walk with Me’, do renomado diretor surrealista David Lynch. O filme é uma extensão da série para televisão lançada na década de 1990, dividida em duas temporadas. No filme, Bowie tem papel de destaque e encarna Phillip Jeffries, um agente do FBI recém-aparecido após ficar mais de dois anos sem dar notícias.

]]>

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

últimas
notícias