Cotidiano

Configuração do Setor Faiçalville

Diário da Manhã

Publicado em 8 de janeiro de 2016 às 20:51 | Atualizado há 2 dias

Goiânia é uma cidade conhecida por sua extensa área verde, que influencia diretamente na qualidade de vida dos habitantes. Seu crescimento acelerado e o desleixo com os recursos naturais são outras características marcantes da capital. Localizado na região sudoeste, o Setor Faiçalville é um dos maiores da cidade em extensão. Também é uma das regiões mais privilegiadas em recursos naturais, por encontrar-se na faixa habitacional que fica entre os córregos Macambira e Cascavel. O setor apresenta crescimento populacional expressivo nos últimos anos. Nessa matéria o leitor conhecerá alguns dos motivos dessa expansão.

Na dissertação de mestrado ‘Expansão urbana de Goiânia: Região Macambira/Cascavel – Aspectos socioeconômicos e ambientais no Setor Faiçalville’, de 2009, o autor Edival Ferreira Mendes faz um extenso levantamento do processo de consolidação da região sudoeste de Goiânia. Os dados revelam possíveis causas de migração dentro da região, que vai levando a faixa urbana da metrópole a limites cada vez mais distantes da região planejada e construída na década de 1930 por Pedro Ludovico Teixeira.

Construção

A construção do Setor Faiçalville inicia-se no início da década de 1980. A ponte para os loteamentos do setor foi a expansão sentido sudoeste da capital, que teve início com o setor União (concluído em 1969) e com a Vila Novo Horizonte (concluída em 1974). De acordo com Edival Ferreira Mendes, “O Setor Faiçalville surgiu, oficialmente, com o Decreto nº 561, de 1º de outubro de 1980, publicado na p. 2 do Diário Oficial do Município de Goiânia, no dia 09 de janeiro de 1981, que parcelou uma gleba de 376,54 hectares da antiga fazenda Macambira, inclusa na zona de expansão urbana de Goiânia, especificamente na Região Macambira/Cascavel”.

Apesar dos mais de 30 anos de existência, e da recente inauguração do Parque Macambira Anicuns, uma das principais reclamações da população é o “esquecimento” da região por parte do poder público. “O Setor Faiçalville foi registrado em cartório em 19 de julho de 1982, estando entre os maiores bairros de Goiânia em extensão, porém, mesmo com a natural dinâmica das relações sociais de produção e de meios necessários para a manutenção de suas necessidades, a população ainda não conseguiu conquistar as melhorias que compõem a infraestrutura básica para que se possa atingir qualidade de vida adequada”.

Em 1991 a população total do Setor Faiçalville era de 3453 pessoas. Se compararmos com dados de 2000, quando já habitavam o setor 6182 pessoas, podemos observar um crescimento de 79%. Constata-se ainda que no mesmo período, setores mais tradicionais da região sudoeste sofreram redução populacional (Vila União, Vila Novo Horizonte, Vila Alpes, Setor Sudoeste). O autor analisa os motivos: “A valorização dos imóveis pode proporcionar aos seus proprietários, através da comercialização, a possibilidade da aquisição de um outro, a um preço menor, em um bairro mais distante, sobrando assim, recursos financeiros que poderão ser destinados a outras finalidades”.

O amadurecimento das novas gerações e a constituição de novos núcleos familiares também é apontada como um dos fatores que motiva a migração para setores mais distantes da metrópole. Ele esclarece ainda, que em alguns casos a mudança de bairro se da de forma compulsória, devido à falta de recursos. “A busca por novas residências, pelas pessoas mais jovens, devido à constituição de um novo núcleo familiar, ou também, por migrantes carentes de recursos financeiros e condições de empregabilidade que são forçados a se instalarem de forma improvisada nas regiões periféricas”.

Prós e Contras

A dissertação de mestrado de Edival Ferreira Mendes também traz entrevistas com moradores de diferentes idades. Esses moradores responderam a várias perguntas sobre o setor, revelando os fatores positivos e negativos de se viver ali. Os pontos positivos seriam a integração entre a comunidade, a extensa área verde e a boa localização “No que se refere a pontos positivos do Setor Faiçalville e satisfação em viver nele, verifica-se a ocorrência de respostas indicando o conhecimento e amizade com os vizinho, a sua localização; os bosques; a proximidade da Avenida Rio Verde; a possibilidade de progresso; lugar agradável; a preservação do meio ambiente”.

Do lado negativo encontram-se alguns problemas comuns a setores considerados periféricos, afastados do centro. A falta de segurança e de serviços básicos é uma das reclamações. O desleixo com a riqueza ambiental também foi mencionado. “Quanto aos aspectos negativos do bairro, constata a ocorrência de respostas tais como, falta de segurança; o desleixo para com o meio ambiente; o fato de ser esquecido pelas autoridades; a deficiência do transporte coletivo; a existência de lotes vagos; falta de escola, posto de saúde, pavimentação asfáltica, rede de água tratada e rede de esgoto”.

 

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