Rompimento de barragens deixa rastro de destruição
Diário da Manhã
Publicado em 4 de março de 2016 às 21:33 | Atualizado há 9 anos
O rompimento de duas barragens em Santa Helena de Goiás, na última quarta-feira (2) afetou, em efeito dominó, mais duas represas que podem romper a qualquer momento caso não sejam tomada as devidas providencias, alertam autoridades.
De acordo com informações da Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos (Secima) as duas barragens que romperam começavam no Clube Recreativo de Santa Helena e se estendiam até a captação de água da Monsanto. A águ, informou o órgão, era utilizada por diversos agropecuaristas e a barragem tinha outorga.
“A represa tem 44 anos, rompeu à 1h da manhã de terça, e os fiscais buscam saber em qual nome a represa está registrada. É possível que não tenha licença nem registro. O Clube alega que somente tem autorização de captar água na represa”, informou em nota a Secima.
O titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA), Luziano Severino de Carvalho, informou a reportagem do Diário da Manhã que entre os fatores que contribuíram com o rompimento da primeira barragem, na última quarta-feira, podem estar falha humana ou técnica associada a chuva intensa. Conforme o delegado, há a possibilidade que a comporta da represa estivesse fechada o que teria impedido que a água escoasse, o que seria preciso já que no dia, teria chovido 159 milímetros – um volume acima do normal.
“A duas represas romperam em um efeito dominó e está na eminencia que poderão romper mais duas. Teve uma falha, a informação é que a comporta estava fechada, além de ser uma represa antiga, sem manutenção. Pelas informações ela encheu e a comporta estava meio fechada e por isso houve o rompimento”, conta.
Alerta
Luziano adverte que duas barragens, que ficam entre as que romperam e apenas foram danificadas, correm um risco de romperem, se nada for feito. Ele sugere que para haver uma solução segura é preciso, com urgência, de um técnico qualificado para ver quais providencias emergenciais devem ser tomadas.
“Corre o risco, inclusíve, de o dano ser ainda maior. Nós tivemos informações de que além de danos ambientais, como a destruição da mata ciliar, houve também prejuízo econômico porque diversos criadores de peixe tiveram sua piscicultura destruída”, declara o delegado.
Ele revelou que a distância atingida pelo rompimento da barragem foi de cinco quilômetros. “Temos que buscar agora é uma solução para o problema”. Luziano acrescentou que o secretário de meio ambiente de Santa Helena está elaborando um relatório, bem como o Batalhão Ambiental da Região de Rio Verde, no qual constará o nome dos proprietários das barragens.
Caso Itaberaí: inquérito deve ser concluído em 10 dias
No dia 20 de fevereiro houve rompimento de uma de duas grandes represas em uma fazenda no município de Itaberaí. O delegado titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (DEMA), Luziano Severino de Carvalho, explica que uma barragem acumulava água em 40 hectares, enquanto a outra apenas 13 hectares e que houve o rompimento de uma e em seguida, em efeito dominó, houve o da outra.
O delegado lembra que, com o acidente, a mata ciliar e vegetação e fauna do córrego Lagoa Velha foram afetados culminando mesmo no rompimento da rodovia GO 070. “Causou um rastro de destruição de 20 quilômetros. A represa primeira está a três quilômetros da GO e consequentemente a segunda que está abaixa um quilomêtro”, observa.
Sobre o caso o delgado explica: “Já ouvi basicamente todas as pessoas envolvidas no caso – técnicos, donos da fazenda, quem estava elaborando projeto e já solicitamos perícia no local. Estou agora aguardando a perícia. Tenho o relatório da Secima e já estou na fase de conclusão que deve sair em um prazo de dez dias”, diz.
Luziano observa que, infelizmente, em Itaberaí rompimentos de represa são recorrentes. “Lá tem muitas represas. Tem que ter técnicos para planejar essas represas, temos que reduzir essas possibilidades de acidente. O empreendedor é responsável pela segurança dessas represas. Houve crimes ambientais e pessoas serão indiciadas”, conclui.
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