O que fazer com o lixo nosso de cada dia?
Diário da Manhã
Publicado em 4 de março de 2016 às 00:00 | Atualizado há 9 anosO destino do lixo produzido nas residências tem se transformado em grande desafio para as sociedades modernas. Já vai muito longe o tempo em que catadores de papel e garrafeiros passavam pelas ruas da cidade, em busca de material que seria reaproveitado. Normalmente, as garrafas era reutilizados pela indústria e o papel começava a ser usado em processos de reciclagem. Essas práticas vem ganhando mais força a cada dia, devido à necessidade de preservação do ambiente e da própria vida. O que era feito de maneira informal tem se desenvolvido por meio da profissionalização das cooperativas de catadores e inserção de industria nos moldes da economia circular e verde.
O Brasil começa a despertar para uma causa que já entrou em pauta há vários anos nos país desenvolvidos. A destinação dos nossos resíduos é responsabilidade de todos. Isso inclui o poder público, as entidades representativas, as empresas constituídas, o terceiro setor e, claro, o cidadão comum. A maior mudança no conceito é que a sociedade não pode deixar tudo apenas por conta do setor público. Deve cobrar sim as soluções coletivas, mas o cidadão moderno pode e deve agir com soluções simples para os grandes problemas da sociedade.
Os aterros sanitários se tornaram problema mundial, por razões aparentemente óbvias. Vivemos em uma sociedade de consumo. Não temos apenas três marcas de cerveja ou meia dúzia de refrigerantes atuando no mercado. Temos empresas de todos os tamanhos e novos negócios surgindo todo dia. A nossa agropecuária desenvolveu a tal ponto que consegue produzir variedade e quantidade o tempo todo. E, claro, as pessoas tem acesso muito maior, tanto aos gêneros alimentícios quanto produtos de consumo.
O resultado prático é a produção de um volume crescente de residuos que, em regra geral, são ensacados e colocados na porta de cada casa, sem nenhum tratamento. Tudo indo para o aterro sanitário, que não consegue se renovar a ponto de receber toda essa carga.
Já temos vários projetos de coleta seletiva, que tem minimizado o drama dos aterros. Mas podemos avançar ainda mais. Tudo de acordo com as concepções de uma nova sociedade.
Uma dessas boas ideias é a Residência Resíduo Zero. O conceito é bem simples: trabalhar, em primeiro lugar, com informação. Isso para que cada cidadão possa ter noção exata sobre o lixo que está produzindo. Além de buscar a diminuição do desperdício, é possível classificar tudo o que está sendo descartado em casa e praticar a destinação correta de cada um deles.
Ao observar os resíduos sob os cuidados desse conceito, vamos classificar os nossos reíduos em três categorias: recicláveis, orgânicos e rejeitos, sendo que somente estes últimos podem ser encaminhados para o aterro sanitário, se constituindo na menor parte. Os recicláveis, notadamente embalagens que podem e devem ser reaproveitados, já tem a destinação à coleta seletiva e cooperativas de catadores. Isso é uma grande contribuição de todos para preservar recursos utilizados na produção desse tipo de material e ainda gerar renda com a profissionalização desta importante classe de trabalhadores.
Por fim, temos os orgânicos, que podem ser transformados em casa. Várias cidades norte-americanas vem adotando este conceito, que tem poupado investimentos em aterros e gerado melhor qualidade de vida para a população. A compostagem é uma técnica eficaz para o tratamento deste tipo de resíduo, permitindo que, ao invés de ser descartado, possa ser transformado dentro do ambiente doméstico.
O tratamento correto e orientado, além de evitar desgaste desse material, pode gerar outras vantagens para a família envolvida neste conceito. Os subprodutos gerados pelo processo se transformam em adubo, que podem incentivar o plantio de novos alimentos em pequenos espaços de terra. Os tons cinzas do lixo podem ser transformados em cores vivas que brotam da terra.
Essa é a nova ideia que o terceiro setor está trazendo para que Goiânia e as cidades brasileiras aprofundem em seus conceitos e práticas sustentáveis. Qualquer cidadão, qualquer família tem condição de participar da iniciativa. Basta um pouco de boa vontade, dedicação e, claro, a opção por uma melhor qualidade de vida. Pensar nisso é pensar no futuro, é construir uma sociedade melhor.
(Diógnes Aires de Melo é engenheiro civil e coordenador do projeto Residência Resíduo Zero Goiânia)
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