Brasil

Defensoria pede reabertura de caso das meninas mortas em Duque de Caxias

Com base em novas provas, instituição questiona arquivamento de investigações e aponta possíveis responsabilidades de policiais militares no crime

Mylena Abreu - Estágio DM

Publicado em 4 de dezembro de 2024 às 11:43 | Atualizado há 2 semanas

Em 4 de dezembro de 2020, as meninas Emily Victória da Silva e Rebecca Beatriz Rodrigues Santos morreram, vítimas de um único disparo, enquanto brincavam na porta de casa, na favela do Sapinho, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Emily, com 4 anos, foi atingida na cabeça, e Rebecca, de 7, no peito.

Famílias e vizinhos afirmaram desde o início que o disparo partiu de policiais militares do 15º BPM (Duque de Caxias), mas os PMs negaram envolvimento. Investigações da Polícia Civil e do Ministério Público apontaram traficantes da região como responsáveis e arquivaram o caso. O laudo pericial sobre a bala encontrada no corpo de Rebecca, divulgado 13 dias após o crime, foi inconclusivo, descartando a possibilidade de disparo por fuzil calibre 556.

A Defensoria Pública do Rio de Janeiro, por meio do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh), pediu ao Ministério Público o desarquivamento do caso, alegando novos fatos. Defensores André Castro e Maria Júlia Baltar argumentaram que os elementos disponíveis indicam a responsabilidade de agentes do estado no disparo que matou as meninas.

Para reforçar o pedido, o Nudedh solicitou apoio do Projeto Mirante, da Universidade Federal Fluminense (UFF), que realizou uma reanálise das provas e uma reconstrução em 3D dos fatos. O trabalho apontou lacunas na apuração, como inconsistências no registro de armas, ausência de perícia no local do crime e falhas na reprodução simulada, incluindo a posição incorreta dos manequins usados para representar as crianças.

O trajeto da viatura do 15º BPM também foi questionado. Registros do GPS mostraram que, entre 20h12 e 20h44, o veículo estava em baixa velocidade na Avenida Gomes Freire, próximo à rua onde as meninas brincavam. Testemunhas confirmaram que uma viatura passou pela área nesse horário, mas depoimentos dos policiais contradizem as informações do GPS.


		Defensoria pede reabertura de caso das meninas mortas em Duque de Caxias
— Foto reprodução/RedesSociais

A Defensoria argumentou que essas contradições e lacunas justificam a reabertura do caso para apurar a responsabilidade pelo disparo que matou Emily e Rebecca.

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