Brasil

MPF denuncia quatro pessoas em caso de maus-tratos contra girafas no Rio

O Ministério Público Federal denunciou um gerente técnico e um diretor de operações do BioParque, no Rio de Janeiro, além de um servidor do Ibama e um funcionário do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) por crimes ligados ao caso das 18 girafas importadas ilegalmente da África do Sul, no final de 2021.

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de março de 2023 às 10:07 | Atualizado há 2 anos

O Ministério Público Federal denunciou um gerente técnico e um diretor de operações do BioParque, no Rio de Janeiro, além de um servidor do Ibama e um funcionário do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) por crimes ligados ao caso das 18 girafas importadas ilegalmente da África do Sul, no final de 2021. Cinco delas chegaram a fugir enquanto aguardavam, no Resort Portobello, em Mangaratiba, transferência para o BioParque. Logo após a recaptura, três morreram.

Os dois investigados ligados ao RioZoo são acusados de: maus-tratos contra as girafas; ‘adquirir, manter em depósito e utilizar em atividade comercial animais de procedência estrangeira, importados de forma irregular, com uso de documentos falsos’; e ‘dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público’, uma vez que a morte das três girafas foi comunicada mais de 50 dias após os óbitos.

Já os outros dois acusados, segundo o Ministério Público Federal, “elaboraram documentos contendo afirmações sabidamente falsas ou enganosas no procedimento de licenciamento para a importação das 18 girafas e de outros animais destinados ao BioParque”. Segundo a denúncia, os documentos ‘atestaram falsamente que o cativeiro possuía condições apropriadas’ para acolher os animais.

A peça foi apresentada à 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

De acordo com a Procuradoria, a importação das girafas foi “ilegal porque baseada em informações ideologicamente falsas”. “Os empreendedores usaram um fictício projeto conservacionista para justificar a vinda das girafas, disfarçando assim o intuito comercial da atividade. Além disso, o processo de importação contou com documentos que atestavam a adequação do recinto no qual os animais ficaram confinados durante o período de ambientação”, ressaltou o órgão.

O MPF narrou ainda maus-tratos que teriam ocorrido desde a chegada das girafas ao Brasil, em novembro de 2021, até pelo menos o dia 17 de maio de 2022. Segundo os procuradores, os animais permaneceram em condições inadequadas durante tal período, uma vez que o BioParque “não tinha estrutura minimamente adequada para receber os animais’.

A ação também argumenta que o atraso na comunicação sobre a morte de três girafas às autoridades foi determinante para que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não conseguisse localizar os chips de identificação de tais animais. “Isso dificultou o esclarecimento quanto às circunstâncias das mortes e a correta identificação das vítimas”, explicou o Ministério Público.

Laudo elaborado por veterinários do próprio BioParque apontou que a morte das girafas teria sido causada por uma doença muscular. O MPF argumenta que a doença decorreu de ‘intenso sofrimento e extremo estresse’. Segundo instrução normativa do Ibama, o espaço adequado para cada duas girafas, provenientes de vida livre, é de 600 m². As baias do resort onde os animais permaneceram tinham pouco mais de 30 m².

“As girafas, após serem retiradas da natureza, estavam em cubículos, chegando cada uma a ficar em um espaço de 10 m², situação de confinamento claustrofóbico ao qual foram submetidas durante a fase de ambientação”, sustentou a Procuradoria.

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