Cotidiano

260 mil brasileiros ignoram que têm HIV

Diário da Manhã

Publicado em 1 de dezembro de 2016 às 01:12 | Atualizado há 8 anos

Mais de 260 mil pessoas estão infectadas com o HIV no Brasil, e não se tratam contra o vírus. Os dados vêm do Ministério da Saúde, que também afirma que outros 112 mil brasileiros também são soropositivos ao causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Sida ou Aids, em inglês), e não sabem, justamente por não apresentarem sintomas relativos à doença. O Dia Mundial de Combate à Aids é celebrado em todo o dia 1º de dezembro, com ações em todo o País.

O Ministério da Saúde realizou ontem, quarta-feira, dia 30, uma coletiva de imprensa onde chamou a atenção para o Dia Mundial de Combate à Aids, onde a diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken, afirma que a maior parte desses indivíduos infectados se nega em relação ao vírus. “O jovem muitas vezes nega sua condição sorológica, então ele não acredita que irá desenvolver a doença. Para ele é mais complicado aceitar do que para uma pessoa acima de 50 anos de idade”, explica ela.

Dessa forma, somando as duas estimativas, sabe-se que no País mais de 372 mil pessoas estão sem o tratamento contra o HIV. O governo federal estimou que cerca de 830 mil brasileiros estejam com a aids, e que 715 mil já foram diagnosticadas e 456 mil ainda estão se tratando. Deste grupo que recebe medicação, 410 mil pacientes estão com carga viral indetectável, e vivem com boa qualidade e pouquíssima chance de transmissão do vírus.

No ano passado, cerca de 8,5 milhões de testes de HIV foram realizados no Brasil, apontando o estado de Roraima como o maior número de casos a cada 100 mil habitantes, com taxa de 8,1. O segundo colocado nesse ranking é o Rio Grande do Sul, com 5,4 habitantes, seguidos do Rio Grande do Norte e do Rio de Janeiro, ambos com índice de 5 habitantes infectados a cada 100 mil. Números bem superiores à média nacional, que é de 2,5 habitantes.

 

HDT realiza ação contra aids hoje

Com o objetivo de conscientizar a população sobre a aids e dos cuidados necessários para evitar a proliferação do vírus HIV, o Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT/HAA), referência no tratamento de doenças infectocontagiosas e dermatológicas, realiza uma série de atividades de 1º a 3 de dezembro (quinta-feira a sábado), pelo Dia Mundial de Luta contra a Aids, lembrado no dia primeiro do último mês do ano.

A solenidade de abertura das atividades ocorre hoje, às 8 horas, no auditório do hospital. A primeira atração do evento será a palestra da infectologista Luciana Oliveira com o tema “HIV – Sua evolução no HDT e no Estado de Goiás”. Logo após, haverá também uma apresentação cultural da cantora Alba Franco, exibição de vídeo com personalidades portadoras do HIV, apresentação do livro “Libido e seus ensaios sobre um vírus – HIV”, do autor Luigi Moreno, recital de poesias e homenagem à equipe médica do HDT/HAA.

As atividades também serão realizadas em locais públicos. Durante os três primeiros dias de dezembro haverá exposição de banner com distribuição de preservativos e folhetos educativos nos shoppings Araguaia, em Goiânia, e Buriti, em Aparecida de Goiânia. No Centro de Educação de Jovens e Adultos, o hospital promove uma mesa-redonda nos dias 1º e 2 (quinta e sexta-feira) para discussão com os alunos do ensino médio sobre o tema “Desmistificando mitos e esclarecendo dúvidas sobre HIV/Aids”.

Atendimento

HIV/Aids é o carro-chefe de atendimentos no HDT/HAA.  Entre os pacientes internados na unidade, 50% são soropositivos, e cerca de 80% dos atendimentos ambulatoriais são aos portadores do vírus. A unidade ainda fornece medicamentos a mais de 8.700 pacientes. Em 2015, o Núcleo Hospitalar de Vigilância Epidemiológica (NHVE) da unidade contabilizou 423 casos notificados de pessoas com HIV/Aids, e, em 2016, até novembro, foram notificados 266 casos.

Prevenção

De acordo com um estudo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), o número de pessoas vivendo com Aids no Brasil aumentou. Entre 2010 e 2015, essa população saltou de 700 mil para 830 mil e mata cerca de 15 mil pessoas por ano. Para a Unaids, o Brasil viu a epidemia avançar porque a população não está se prevenindo como deveria. A infectologista do HDT/HAA, Luciana Oliveira, concorda com essa avaliação e explica que está havendo uma banalização da doença. A médica lembra que, pelo fato de ter reduzido o caso de números de morte pela doença e pelos jovens não terem vivenciado a realidade da aids nos anos 90, fez com que muitos não temessem mais a aids. “A população está menos temerosa e está se expondo mais, não usando preservativo. É importante que o indivíduo tome consciência de que a camisinha é o método mais eficaz para se prevenir contra a aids e muitas outras doenças sexualmente transmissíveis”, alerta a infectologista.

No HDT/HAA, também há o acompanhamento da gestação de mulheres soropositivas por meio do Programa Prevenir Para a Vida, desenvolvido pelo setor de Psicologia. Graças a este trabalho, Goiás tem sido referência no controle do HIV/Aids no País com a diminuição de casos de transmissão vertical (situação em que a criança é infectada durante a gestação, no parto ou por meio da amamentação). Por meio do programa, os filhos recebem leite especial até atingirem um ano e meio de vida, ampliando o tempo previsto pelo Ministério da Saúde (MS), que é de 12 meses. A doação é importante, pois as mães não amamentam seus filhos para não transmitirem o vírus. Desde que foi implantado, em 2003, mais de 1.250 mulheres já passaram pelo programa e, atualmente, a taxa de transmissão vertical é próxima de zero.

 

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