Cotidiano

70% dos brasileiros são contra privatizações

Diário da Manhã

Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 00:34 | Atualizado há 7 anos

Sete entre cada dez brasileiros são contra as privatizações propostas pelo governo do presidente Michel Temer (MDB­-SP), que no início deste segundo semestre anunciou a possibilida­de de privatização da Eletrobras, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e até da Casa da Moeda. As privatizações não encontram simpatia nem mesmo entre eleitores do MDB e do PSDB – partidos que dão sustentação ao governo. Nada menos que 75% dos eleitores que se dizem emedebistas são contra as privatizações, apeas 17% concordam; 55% dos tucanos também são contra e 37% apoiam. Entre os eleitores que se identifi­cam com o PT, 83% rejeitam as pri­vatizações e 11% são a favor.

A pesquisa Datafolha ouviu 2.765 pessoas. A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais. O instituto também quiz saber a opinião dos eleitores dos presidenciáveis e a resposta foi que todos os eleitores de todos os principais candidatos conde­mam as privatizações. Os eleitores dos candidatos de oposição são os que mais rejeitam as privatizações: 80% dos eleitores que votam no ex­-presidente Lula (PT) são contra as privatizações; este número cai para 76% nos eleitores do ex-mi­nistro Ciro Gomes (PDT) e 70% nos que votam na ex-senadora Ma­rina Silva (Rede).

Os eleitores do governador Ge­raldo Alckmin (PSDB-SP) são 56% contra a venda das estatais brasilei­ras e 36% a favor, nos que votam no deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), 58% não concordam com as priva­tizações e 17% concordam.

PETROBRAS

A Petrobras é defendida como empresa nacional pela imensa maioria dos brasileiros. A pri­vatização da Petrobras é forte­mente rechaçada: 70% se disse­ram contrários, e 21%, a favor. Os demais não souberam respon­der ou se disseram indiferentes. Em 2015, 24% se declararam fa­voráveis à privatização da Petro­bras e 61%, contrários. Quando o Datafolha pergunta sobre “uma possível participação de capital estrangeiro na Petrobras”, esta proposta recebe oposição ainda maior: 78% se disseram contra, e 15%, a favor.

A rejeição à privatização preva­lece em todos os os níveis de es­colaridade (de 73% entre aqueles com ensino fundamental a 62% entre aqueles com formação su­perior), e em quase todos os extra­tos de renda. Apenas os mais ricos (que ganham acima de 10 salários mínimos) são majoritariamente a favor da venda das empresas pú­blicas (55%).

EMBRAER

De acordo com os números le­vantados pelo Datafolha, os bra­sileiros também rejeitam majori­tariamente a venda de empresas como a Embraer para investido­res ou multinacionais estrangei­ras: 67% dos entrevistados consi­deram que a venda de empresas brasileiras causam “mais prejuízos do que benefícios”, 24% avaliam que causam “mais benefícios do que prejuízos” e 8% não respon­deu. O Sindicato dos Metalúrgi­cos de São José dos Campos e Re­gião repudiou por meio de nota, a possível venda da Embraer para a empresa norte-americana Boeing, conforme notícias divulgadas na imprensa. A entidade argumenta em defesa da soberania nacional para rechaçar a venda.

“Única fabricante brasileira de aviões e terceira maior do setor no mundo, a Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendi­da para o capital estrangeiro. Exi­gimos que o governo federal vete a venda e, enfim, reestatize a Em­braer como forma de preservar e retomar este patrimônio nacio­nal”, afirma o texto.

O sindicato afirma que a Em­braer já vinha adotando “uma profunda política de desnacio­nalização da produção”. Para a entidade, a venda compromete­ria os atuais 17 mil postos de tra­balho “e a própria permanência da fábrica no país”. O presidente Michel Temer (MDB-SP), disse à imprensa que é contra a venda ou fusão da Embraer com a Boeing. Analistas econômicos e políticos salientam que a desnacionaliza­ção da empresa representa perigo à segurança nacional e também pode levar a um desemprego re­corde na região.

 

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