Cotidiano

A irrigação como arma de produtividade agrícola

Diário da Manhã

Publicado em 1 de fevereiro de 2018 às 01:24 | Atualizado há 2 semanas

Começa a haver um consen­so no agronegócio brasilei­ro de que a agricultura ir­rigada é hoje uma arma poderosa para o aumento da produtividade, condição indispensável para o Bra­sil se consolidar como maior pro­dutor mundial de alimentos, con­forme preconiza a FAO, organismo das Nações Unidas para Alimen­tação e Agricultura. Essa foi uma das conclusões da palestra profe­rida por Marcus Henrique Tess­ler, presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Irrigação (CSEI), da Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Maqui­nas e Equipamentos. Intitulada “Uso Racional da Água na Agri­cultura”. A palestra reuniu cerca de 60 pessoas na sede da Secretaria da Agricultura de São Paulo ontem (30), em São Paulo.

Na avaliação de Tessler, o mer­cado brasileiro de equipamentos para irrigação está cada vez mais profissional e o Brasil, com os seus cerca de seis milhões de hectares ir­rigados e uma expansão anual es­timada em 200 mil hectares, ofere­ce uma grande oportunidade para que a irrigação ganhe cada vez mais relevância. “Além disso, notamos que novos cultivos começam a ser irrigados em escala produtiva, que os métodos modernos de irrigação, sobretudo os que envolvem controle e monitoramento, vieram para ficar, e as empresas do segmento têm manti­do um constante ritmo de investimento nessas no­vas tecnologias”, destaca o dirigente.

GERÊNCIA DAS BACIAS

O presidente da CSEI afirmou ainda que o po­der público, por seu lado, precisa gerenciar as ba­cias hidrográficas de ma­neira a estimular e facilitar os processos que envol­vem a irrigação. “Além disso, entendemos a ne­cessidade de se intensifi­car a divulgação de uma agenda positiva que apre­sente a irrigação com uma aliada do crescimento, do progresso, da sustentabi­lidade ambiental e volta­da para auxiliar no desafio de produzir cada vez mais alimentos para o mundo”, completou Tessler, desta­cando que o grande empenho da indústria de equipamentos para ir­rigação é “fazer mais com cada vez menos recursos”, uma vez que em diversas regiões, sobretudo no Nor­deste, deve se acentuar a carência de água, com a conseqüente dispu­ta pelo insumo, sobretudo em rela­ção a geração de energia.

O palestrante iniciou sua apre­sentação lembrando que o Brasil possui hoje um padrão tecnológi­co que em nada fica devendo aos demais países, incluindo Israel e os Estados Unidos, países que são re­ferências na área. Salientou que o tema da água deve ganhar cada vez mais atenção, pois segundo estima­tivas da FAO, até 2050, a demanda mundial pelo insumo deve crescer 40%. “Nesse sentido, a irrigação é uma decisiva aliada na preservação desse recurso, uma vez que cerca de 90% da água utilizada no processo de irrigação retorna para a nature­za, seguindo o conhecido Ciclo Hi­drológico”, observa Tessler.

EFICIÊNCIA DA IRRIGAÇÃO

Em função dessa si­tuação de constante de­ficiência de água, o diri­gente da Abimaq relata que as indústrias do seg­mento trabalham e inves­tem cada vez mais para aumentar a eficiência dos sistemas de irrigação. “Desde os anos de 1990, quando surgiram as pri­meiras empresas do se­tor no Brasil, tem havido um intenso processo de profissionalização, com um nível de consolidação e de estruturação que tem possibilitado excelentes resultados, tanto na efi­ciência do uso da água, quanto no aumento da produção agrícola”, relata. Entre alguns exemplos de tal incremento na produ­ção, Tessler recorda que o incremento de produ­ção de café chega a 55%, quando se compara uma área não irrigada com uma irrigada. Na primei­ra, a produção média por hectares chega a 40 sacas, contra 62 na irrigada. Ganhos semelhan­tes foram constatados também na cultura de outros produtos.

Para o dirigente da Abimaq, com as modernas e sofisticadas tecnologias desenvolvidas no agro­negócio brasileiro, a tendência é o segmento de irrigação contribuir cada vez mais para o uso racional da água na agricultura e também para melhoria da produtividade.

SENSORES SOFISTICADOS

“O desenvolvimento de sensores sofisticados, que indicam o tempo ideal de fazer a irrigação, a conexão das informações no ambiente da nuvem, o desenvolvimento de no­vos materiais e compostos aplica­dos nos equipamentos, a otimiza­ção do uso de satélites e de drones, a aplicação conjunta de água e ferti­lizantes, assim como uma maior in­teração entre fabricantes, academia e consultores, devem incrementar o que se começa a classificar como Ir­rigação Inteligente. Com tudo isso, a irrigação, cada vez mais, se firma como uma solução para o aumen­to da produção de alimentos, ga­rantindo assim segurança alimentar para um mundo carente de alimen­tos”, complementa o palestrante.

Ao fazer a saudação inicial antes da palestra, o secretário da Agricul­tura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim, destacou o traba­lho de parceria da Secretaria com a CSEI da Abimaq promovido, so­bretudo, a partir da crise hídrica vivida pelo Estado. “Acredito que o próximo grande salto na produ­ção com aumento da produtivida­de da agricultura brasileira deverá vir por meio do uso intenso de tec­nologia na irrigação”, afirmou o se­cretário, enfatizando é que nesse contexto que se encaixa o evento promovido pela Câmara.

 

 

Maggi é contra taxar o agronegócio em Goiás

O ministro Blairo Maggi, da Agricultura, durante ida a Rio Verde, região do Sudoeste Goia­no, aproveitou para alertar Mi­chel Temer sobre iniciativa no Congresso Nacional de retirada da Lei Kandir. A lei isenta de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) produ­tos destinados à exportação.

“Estão querendo taxar o agro­negócio em Goiás, no Mato Gros­so, no Pará, no Rio Grande do Sul. Não façam isso, não mexam com o agricultor, porque é ele que dá sustentação ao país. Portanto, fica presidente um alerta a vossa exce­lência, também ao ministro da Fa­zenda (Henrique Meirelles). Mi­nha posição é contrária a qualquer taxação ou criação de qualquer novo imposto sobre o setor que mais dá certo no Brasil”.

A repercussão foi favorável no Estado. O presidente do Sindicarne (Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados no Estado de Goiás), José Magno Pato, considera que “o ministro Blairo Maggi entende do ramo porque é um produtor nato”. Em sua opinião, o “agro é a saída para o Brasil, como tem demons­trado em sucessivos PIBs”. O as­sunto deve ser tratado em reunião na Faeg, dia 7”, segundo adiantou o presidente da Comissão de Pe­cuária, Maurício Negreiros Velloso.

O presidente da Associação Goiana dos Produtores de Algo­dão (Agopa), Carlos Alberto Mo­resco, vai na mesma direção do dirigente do Sindicarne. Para ele, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, precisa de apoio. “Sua ini­ciativa merece o apoio de todo o Centro-Oeste e do Pará”.

RENDA DO PRODUTOR

Maggi se mostrou preocupa­do com a renda do produtor rural. “Infelizmente, nos últimos anos, ao mesmo tempo em que o pro­dutor vem crescendo em produ­tividade e eficiência, em uso de tecnologia, as suas margens têm ficado cada vez menores. É um si­nal de alerta que está acendendo e deve chamar a atenção dos gover­nos estaduais, municipais, do Mi­nistério da Agricultura”.

Maggi lembrou do encontro que teve com o presidente, na última semana em Davos, onde aconteceu o Fórum Econômico Mundial, “quando o presiden­te teve a oportunidade de mos­trar um Brasil que está voltando à cena econômica. Nós vamos, presidente, continuar a dar o apoio necessário ao Bra­sil para se tornar uma gran­de potência”, afirmou.

Dirigindo-se aos produ­tores, Maggi observou que “não temos porque ter medo de debater com qualquer um, dentro ou fora do Bra­sil. E de dizer: somos agri­cultores, pecuaristas, temos orgulho do que fizemos e contribuímos para o meio ambiente, para manter e me­lhorar o clima na terra”.

EVENTO

Em evento que reuniu o pre­sidente da República, Michel Te­mer, e ministros do governo para lançamento do pré-custeio agrí­cola do Banco do Brasil, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abaste­cimento, Blairo Maggi, disse, tam­bém, que os R$ 12,5 bilhões anun­ciados “ajudam produtores rurais a comprar insumos em melhores condições de negociação. E isso já estrutura nossa Safra 2018/2019”.

O anúncio foi feito terça-feira pelo presidente do BB, Paulo Caf­farelli, em Rio Verde, região onde, segundo o presidente Temer, “se vê prosperidade, como em outras re­giões agrícolas do País”.

O custeio antecipado permite a produtores rurais condições dife­renciadas de negociação com for­necedores de insumos (sementes, herbicidas, inseticidas). As opera­ções se destinam a financiar lavou­ras de soja, milho, arroz, algodão e café, com taxas de juros de 7,5% ao ano a 8,5% ao ano, pelo prazo de até 14 meses. O financiamen­to pode ser acessado via mobile.

 

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