Cai número de matrículas no ensino superior
Diário da Manhã
Publicado em 21 de setembro de 2018 às 02:53 | Atualizado há 6 anosEm levantamento divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) na manhã de ontem, o Censo da Educação Superior 2017 registrou queda na quantidade de matrículas em graduações presenciais no Brasil. A redução seria puxada pela rede privada, que perdeu 0,8% de seus alunos nessa modalidade – aproximadamente 160 mil estudantes ao ano. O resultado da pesquisa é considerado reflexo da redução de programas de incentivo à educação como o Programa Universidade Para Todos (ProUni) e o Financiamento Estudantil (Fies), implantados durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na década passada.
Outro fator que teria contribuído para a diminuição no número de alunos no ensino superior é a crise econômica que assola o País desde o segundo mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), reeleita e impeachmada, em 2014 e 2016, respectivamente. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais (Inep) mostram que, no ano passado, foi tímido as matrículas (0,6% ou 12,3 mil) nas universidades públicas, o que segurou diminuição na modalidade presencial. Assim, o saldo para faculdades e universidade presencial foi de 24,6 mil estudantes a menos do que em 2016, que foi alvo da pesquisa divulgada em 2017.
“É essa a missão do Inep. Permitir que as evidências que produz por meio dos levantamentos estatísticos, exames e avaliações revelem problemas, mas também oportunidades de enfrentamento”, afirma a presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Maria Inês Fini, em entrevista coletiva. Para ela, “políticas públicas sérias” podem provocar maior expansão do ensino superior. “Só políticas públicas sérias, construídas à luz de informações de confiança como as produzidas pelo Censo da Educação Superior serão capazes de acelerar o ritmo e a direção da expansão da educação superior”, finaliza.
Já na modalidade a distância houve crescimento nas matrículas, mas ainda está aquém do que era registrado antes da recessão. Entre 2007 e 2014, para se ter uma ideia, o total de matrículas em faculdades e universidades nas duas modalidades aumentava, em média, 6% ao ano. Mas professores não enxergam essa tendência com bons olhos. Segundo Andréia Cristina Tavares, 46, que lecionou no curso de Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), o aluno precisa ser autodisciplinado para conseguir entregar as atividades propostas no ambiente virtual – espaço que serve como ponto de discussão entre professor e estudante.
“Há alunos que não conseguem seguir em frente na graduação a distância, porque começam sentir a rotina ficar pesada em função do trabalho”, explica a professora. Ela, contudo, defende a presença do professor em sala de aula como parte do processo educativo. De acordo com a educadora, os debates em sala de aula servem para esclarecer dúvidas que surgem no momento em que o aluno for fazer algum trabalho, por exemplo. “Embora eu já tenha trabalhado com educação a distância, defendo a presença do professor em sala de aula para auxiliar no processo de aprendizagem”, diz.
SINTEGO
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás (Sintego), a professora Bia de Lima disse que, na aula preferencial, o aluno já enfrenta dificuldades no aprendizado. Segundo ela, em entrevista recentemente ao Diário da Manhã, o cursos a distância vem virando fábrica de ganhar dinheiro cujo objetivo é vender diplomas, certificados e, com isso, atender somente a ganância do mercado e iniciativa privada.
“É uma situação complicada esta que estamos vivendo, impulsionada inclusive pelo governo na reforma educacional com a criação da Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio (BNCC) onde 40% por cento das aulas pode ser oferecida por outros modelos sem ser o presencial”, diz. Para a presidente, sem o professor sem sala de aula o potencial de aprendizagem fica comprometido. “Nada substitui o professor em sala de aula. Se com o presencial o aprendizado está fraco, imagine à distância”, afirma.
Só políticas públicas sérias, construídas à luz de informações de confiança como as produzidas pelo Censo da Educação Superior serão capazes de acelerar o ritmo e a direção da expansão da educação superior”
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