Campanha da Fraternidade discute a violência

A Campanha de Fraterni­dade 2018, que tem como tema “Fraternidade e a Su­peração da Violência”, foi lançada na quarta-feira pela Arquidiocese de Goiânia, no auditório da Cú­ria Metropolitana de Goiânia. Em entrevista ao Diário da Manhã, o padre da Sagrada Família Rodrigo Ferreira explicou que as atividades da Igreja Católica vão se concentrar em projetos de ação social e evan­gelização, onde a violência já está instalada, e em reuniões com famí­lias e vizinhos para conscientização e prevenção da violência.

Desde 1962, a Igreja Católica promove todos os anos, no perío­do da Quaresma, a Campanha da Fraternidade, sempre iniciada na Quarta-feira de Cinzas. O tema des­te ano, que foi escolhido pela Con­ferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no fim do ano pas­sado, trata da violência em todos os sentidos. A fraternidade, o amor e a justiça social foram apontadas por Rodrigo Ferreira como o caminho para a superação dessas violências.

“A superação da violência é o perdão, porque ele [o outro] é meu irmão”, afirmou o padre, fazendo referência a todos os ambientes: no trânsito, em casa, no trabalho e nas ruas.O padre também ex­plicou o lema da campanha, “Em Cristo, vós sois todos irmãos”, ti­rado do texto bíblico Mateus 23:8, dizendo que a Igreja vai trabalhar contra a vingança e o ódio.

POLÍTICA

O tema da Campanha da Fra­ternidade 2018 vai ao encontro do tema da Segurança Pública, a qual promete ser um dos pi­lares do debate eleitoral deste ano. O presidente da CNBB, car­deal Sérgio da Rocha, declarou que a Igreja vai orientar os seus eleitores a votarem em candida­tos que promovam a justiça so­cial e a paz. “É lamentável que se apresente soluções para su­perar a violência recorrendo a mais violência”, criticou ele sem mencionar especificamente ne­nhum pré-candidato, de acordo com o portal UOL.

O cardeal também fez men­ção à corrupção no lançamento da Campanha da Fraternidade em Brasília. “A corrupção é uma forma de violência, e ela mata. Ao desviar recursos que deveriam ser usados em favor da população, os políticos acabam promoven­do uma outra forma de violência contra o ser humano, a miséria”, afirmou Sérgio da Rocha, segun­do a Agência Brasil Central.

“A corrupção dos políticos e dos eleitores, para a Igreja como instituição, é tão violenta que a Igreja está dando a cara para que sejam punidas todas as pessoas que a praticaram”, enfatiza o pa­dre Rodrigo Freitas. O líder da Sagrada Família ressalta que a Igreja Católica defende a Lei da Ficha Limpa, cuja origem se deu na Campanha da Fraternidade de 1996. A lei de iniciativa popu­lar teve 85% de suas assinaturas coletadas em paróquias e dioce­ses, segundo o secretário execu­tivo da Comissão Brasileira Jus­tiça e Paz, Carlos Moura.

Papa Francisco enviou mensagem a fiéis do Brasil

O papa Francisco enviou uma mensagem aos fiéis brasi­leiros por ocasião da Campanha da Fraternidade, que começou quarta-feira, quando a Igreja Ca­tólica celebrou a solenidade de Quarta-feira de Cinzas. O tema da campanha, este ano, é “Fra­ternidade e superação da vio­lência”. O texto, escrito no dia 27 de janeiro, foi divulgado pelo Va­ticano.

No documento, o santo padre exorta os brasileiros a promove­rem uma cultura de paz, recon­ciliação e justiça. “ Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violên­cia e a vingança são condições necessárias para se viver como irmãos e irmãs e superar a vio­lência”, escreve o pontífice.

CAMPANHA

A Campanha da Fraternida­de foi criada em 1962, pela Con­ferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e é apresentada todo ano no início da Quaresma, período de 40 dias no qual a Igre­ja Católica convida os fiéis a pra­ticar oração e jejum. O objetivo da campanha é despertar a soli­dariedade dos fiéis em relação a problemas concretos que envol­vem a sociedade brasileira, bus­cando caminhos de solução.

Em Brasília, a cerimônia de lan­çamento da campanha aconteceu na quarta-feira, na sede da CNBB. No Rio de Janeiro, a campanha será lançada no próximo sábado, a partir das 8h, em uma cerimô­nia realizada na Catedral de São Sebastião, no Centro da cidade.