Candidaturas, entre a incerteza e a insegurança
Diário da Manhã
Publicado em 11 de outubro de 2018 às 02:53 | Atualizado há 6 anosO cenário político econômico após as eleições de 2018 foi tema básico do seminário realizado, ontem, em Goiânia. O encontro que reuniu mais de cem empresários foi realizado pelo Lide, grupo de lideranças empresariais, e teve a parceria do Sebrae, onde foi realizado o encontro, e da Adial. Os conferencistas Cristiana Lôbo, comentarista do Globo News, e Marcos Troyo, diretor do BRICLab da Universidade Columbia, demonstraram preocupação com as perspectivas político-econômicas dos candidatos à Presidência da República Jair Bolsonaro e Fernando Haddad. Segundo eles, o candidato do PSL provoca uma interrogação, e do PT, a insegurança.
Cristiana Lôbo é jornalista goiana, natural de Morrinhos, formada pela Faculdade de Jornalismo da UFG, começou na imprensa de Goiânia e posteriormente fez carreira nos principais veículos do eixo Rio–São Paulo- Brasília. Ela abriu sua palestra dizendo de sua “impaciência” na marcha das apurações, domingo à noite, quando os resultados eram divulgados pelo Globo News. Mas, a demora foi tanta, que Cristiana não se conteve e indagou porque a emissora não divulgava a finalização da apuração em Goiás. Finalmente, foi atendida.
MUDANÇA BRUSCA
Os resultados das urnas foram surpreendentes para a experiente profissional, que carrega na bagagem coberturas de sucessivos presidentes brasileiros e viveu o período de redemocratização nacional. A queda de lideranças tradicionais chamou a sua atenção, entre eles Marconi Perillo e Dilma Rousseff, que apareciam nas primeiras posições nas pesquisas eleitorais. Em sua opinião, o “eleitor quis mudar” e agiu bruscamente. Um certo cansaço com as velhas lideranças, enfatizando o combate à corrupção, o desemprego, a insegurança pública, a questão da saúde e da educação.
Avaliando as duas candidaturas em seus extremos, teme pela desarmonia, quando o País necessita da pacificação. Em sua opinião, a “política existe para pacificar os conflitos”. Para ela, “não se pode esperar do Bolsonaro uma pacificação”. Haddad, por sua vez, segue a máquina petista, “magoada com o mercado”. Se o PT leva o povo às ruas, o Bolsonaro também. O que representa uma novidade. O eleitor do Nordeste deu 49% dos votos a Haddad. Cristiana acha pouco, entendendo que há espaço para o candidato do PSL. “Esperava mais de 60%”, sustenta.
Ao tecer críticas ao comportamento de Fernando Haddad na campanha eleitoral, as contínuas idas a Curitiba para ver o Lula, sua opinião é de esse comportamento “pega mal”. Afinal, trata-se de um prisioneiro por corrupção. E o eleitorado no tsunami do voto quis banir os políticos que adotam a prática da desonestidade. Quanto a Jair Bolsonaro, entende que ele precisa remover a imagem deixada por Fernando Collor quando foi candidato. “O prendo e arrebento deu no que deu”, observa. Essa imagem precisa ser removida o quanto antes pelo candidato pesselista.
As reformas básicas, como da Previdência, devem estar na pauta para que o Brasil supere a crise política e econômica. Em sua visão, “o Brasil não tem clima para golpe”. Segundo Cristiana, a comparação de Bolsonaro com Hugo Chávez não faz sentido. “Este implantou uma ditadura da esquerda, numa verdadeira guinada”, lembrou da alteração política na Venezuela, onde as liberdades sumiram assim como a comida das prateleiras. Para ele, “o general Mourão fala o que vem na cabeça, mais é um democrata”. Encerrando, sua mensagem foi positiva, apesar das dificuldades: “Vamos atravessar a crise”.
INCERTEZA E INSEGURANÇA
Marcos Troyo tem um currículo para ninguém botar defeito. É graduado em ciência política e economia pela Universidade de São Paulo (USP), doutor em sociologia das relações internacionais pela USP e diplomata. É integrante do Conselho Consultivo do Fórum Econômico Mundial, diretor do BRICLab da Universidade Columbia, pesquisador do Centre d´Études sur l´Actuel et le Quotidien (CEAQ) da Universidade Paris-Descartes (Sorbonne).
Ele discorreu um pouco sobre o processo de globalização, enfatizando as mudanças com Trump nos Estados Unidos, na China e nos demais países da Ásia. O Brasil precisa estar atento a essas alterações econômicas. Por isso, considera importante o que vem do pleito de 28 de outubro próximo. “É necessário aproveitar as chances a partir de 1º de janeiro de 2019”, recomendou. E observou: Bolsonaro é a grande interrogação. E Haddad o certificado de garantia por quatro estelionatos.
E enumerou: 1º, da Política Econômica inflacionária, suposta taxação de ricos achando que beneficiará os pobres; uso indevido do Banco de Desenvolvimento; fuga de capitais do Brasil para Portugal, Flórida ou Assunção. 2. Política de Desenvolvimento com a retórica de buscar recursos do BNDES e do Banco Mundial. 3. Da difusão do monopólio estatal. Uma aliança com o que há de mais atrasado na política. 4. Da falta de justiça e do estado de Direito. No primeiro momento, atuará para retirar Lula da cadeia.
A Jair Bolsonaro, candidato de linha liberal, Marcos Troyo vê a incerteza que “pode dar certo ou errado”. Ele atribui ao candidato, um discurso nacionalista. E concorda que empresas como a Petrobras e o Banco do Brasil “deixaram de ser estratégicos”. Observou que a energia eólica está rapidamente ocupando o petróleo por ser mais barato e não afetar o meio ambiente. A revolução tecnológica faz-se cada vez mais presente.
Encerrou dizendo que “o Brasil para sair da caverna precisa ficar livre do PT”, numa comparação com os garotos presos na caverna inundada na Tailândia. Tinham que ser removidos para disporem de nova vida.
Por último, Paulo Goulart, executivo da K2K Investimentos, proferiu a última palestra do painel. Segundo “as mudanças são necessárias no Brasil, sobretudo nas áreas de gestão, governança, finanças, compliance”. O País sempre viveu período de ciclos econômicos. Deu um recado para o comportamento familiar, demonstrando que o mundo está em crescente e rápida mudança:–Estar com a família estará cada vez mais difícil.
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