Cotidiano

Caos no cais

Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2016 às 21:00 | Atualizado há 2 semanas

Procurada por pacientes do Cais Deputado João Natal, na Vila Nova, próximo à Praça da Bíblia, a reportagem do Diário da Manhã esteve na unidade e constatou um cenário que causava revolta por parte das pessoas que, em busca de atendimento, estavam esperando há muitas horas. Algumas com até mais de nove horas de espera.

No momento em que a equipe chegou no local, os pacientes levantaram a voz para se queixar da demora no atendimento, do cansaço, do descaso com a saúde pública, além das dores e mal estares que os fizeram procurar a unidade e se sujeitar à longa espera.

Carlúcia Silva dos Santos, funcionária pública, que está com suspeita de dengue, por exemplo, chegou no Cais da Vila nova às 11 horas da manhã e até as 15h30 não havia sido atendida. “É um absurdo, eu perdi o dia, tive que faltar no trabalho, e até agora não fui atendida”, afirma.

Outro exemplo é Enedi Fátima de Oliveira, doméstica, que está com dengue e estava esperando atendimento há mais de nove horas, pois chegou no cais as 6 horas da manhã. “Eu estou indo embora, não consigo mais ficar esperando. Não tem médico atendendo. Dinheiro pra investir na saúde tem, mas pra onde vai o dinheiro público? Isso é um descaso, uma falta de respeito com os cidadãos que pagam os impostos e não têm retorno quando precisam”, desabafa.

Márcio Alves de Brito, que trabalha na Comurg, estava no cais companhando sua filha, que precisava de um pediatra, além de estar passando mal e precisando ele mesmo de atendimento. “Cheguei aqui às 11 horas da manhã, estou com o corpo todo doendo e com criança. O cais não tem estrutura, não tem copo pra gente beber água, não tem papel no banheiro, temos que esperar por horas sem nem poder tomar água ou usar o banheiro”, explica.

Outro caso preocupante era o de Elenilda de Alcântara, merendeira, que estava desde a meia noite do dia anterior acompanhando o pai, de 75 anos, que está com suspeita de Acidente Vacular Cerebral (AVC). Ela afirma que não é culpa dos profissionais que estão trabalhando lá, já que em nenhum momento eles foram mal atendidos ou deixaram de ser atendidos, mas o Cais não tem estrutura e aparelhos necessários para um caso grave como o de seu pai.

“Isso é um descaso com a população. Meu pai perdeu parte dos movimentos, o que não teria acontecido se ele tivesse recebido o atendimento devido mais rápido. Meu pai fez um exame no Hugo, mas mandaram a gente de volta, disseram que o exame não deu nada, mas ele precisa de atendimento e um caso grave como esse não pode ser tratado em um cais. Assistência nós estamos tendo, é o governo que não dá suporte”, conclui ela.

Elenilda acompanhava o pai, de 75 anos de idade, desde o dia anterior

Resposta

A assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que a demora nos atendimentos se deve ao movimento, que é maior no primeiro dia da semana em decorrência da proximidade do fim de semana, sem contar a demanda do interior, que também aumenta.

A SMS afirmou que os atendimentos acontecem em ordem de classificação de risco, os pacientes precisam passar por triagem para avaliar o risco, sendo que os casos menos graves estão sujeitos a esperar mais, visto que os emergenciais são prioridade.

A assessoria informou também que os pacientes que procuram o Cais do Jardim Novo Mundo estão sendo encaminhados para o Cais do Jardim Guanabara e o da Vila Nova, o que aumenta a quantidade de pessoas e faz com que o atendimento demore mais. O cais do Jardim Novo Mundo está com problemas no teto, em decorrência das fortes chuvas e está em manutenção. Segundo a assessoria, o atendimento nesse Cais deve ser normalizado até o fim da semana, o que normalizará também o Cais da Vila Nova.

Sobre o paciente de 75 anos de idade com suspeita de acidente vascular cerebral (AVC) que estava esperando desde o dia anterior por transferência, a assessoria disse que a espera é parte do procedimento médico, tendo em vista que o paciente está em avaliação e observação, por profissionais, que, terminada a fase de observação, decidirão se o caso dele é de internação ou não e efetivarão os procedimentos necessários.

Pacientes aguardam por atendimento do lado de fora da unidade

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