Cotidiano

Com medo, goianos trocam casas por condomínio

Diário da Manhã

Publicado em 30 de julho de 2016 às 02:39 | Atualizado há 6 dias

E vem  gerando um clima de insegurança que tem sido um dos principais motivos para que os goianos preferiram cada vez mais morar em condomínios

Hoje, um antigo simbolo de segurança, um cofre de metal maciço, é apenas uma peça de decoração em futuro empreendimento imobiliário na Vila Jaraguá, em Goiânia. Isso porque o combate à insegurança nos dias atuais não se restringe ao mero cuidado com valores monetários e joias. Atualmente, a violência urbana não se limita a horários e nem locais específicos, invadindo as residências a qualquer hora.

Números divulgados pela imprensa no início deste ano, com base em estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP), apontam que o roubo a residências foi o tipo de crime que mais cresceu em Goiás nos últimos cinco anos, alcançando uma variação de 162,2%. Em Goiânia, nesse mesmo período, o aumento foi de 150,4%; e de 357%, em Aparecida de Goiânia.

Esse com certeza é o principal motivo para que as pessoas, cada vez mais, optem por apartamentos ou condomínios horizontais fechados, ao invés de casas. É o que explica a corretora e gerente de novos produtos da URBS RT Lançamentos Imobiliários, Nara Cardoso. “Entre os nossos clientes, ouvimos muito esse tipo de depoimento de que as pessoas querem mais segurança, mais tranquilidade. Acho que 40% dos compradores têm a questão da segurança como principal motivo para mudar de uma casa para apartamento”. A gerente explica que para se ter uma casa segura de forma individual demanda um gasto muito grande, nos condomínios esse custo é dividido entre vários moradores e a segurança, muitas vezes, é ainda maior do que numa residência de rua.

A corretora destaca ainda que o item segurança tem tido um apelo cada vez maior na hora da pessoas escolherem um apartamento. “Em Goiânia, todos os novos empreendimentos residenciais já são com portaria 24 horas e possuem câmaras de monitoramento. Alguns usam alta tecnologia para levar mais tranquilidade aos seus moradores”, explica.

Quesito segurança

O administrador de empresas Marcos Dias dos Santos, 31 anos,  conta que sempre morou a vida toda em casa, mas há três anos, logo quando se casou, resolveu se mudar para um apartamento. Ele diz que o quesito segurança pesou muito na hora de optar por uma residência em um condomínio. “Ha cinco anos minhas duas irmãs foram assaltadas bem na frente da nossa casa. Lá no Independência Mansões, em Aparecida de Goiânia. Mas além disso, todos os meus vizinhos, dos lados e em frente à casa dos meus pais haviam tido suas residências arrombadas”. Por causa dessa experiências de violência, Marcos conta que a mãe e as irmãos preferiram se mudar para a zona rural da cidade de Trindade, e ele e a esposa decidiram que iriam viver um apartamento.

O empreendimento escolhido propicia segurança reforçada, Marcos e a esposa contam com uma área de lazer completa, o que faz com eles não sintam tanta saudade de morar em uma casa convencional. “A segurança aqui é muito boa. Temos portaria 24 horas, câmeras de segurança por todo o condomínio, temos ainda um serviço de ronda, feito com moto, ao redor do prédio e nas garagens. Como eu e minha mulher ficamos fora praticamente o dia inteiro, e também nos finais de semana, pois sempre vamos para a casa dos pais ela, se fosse uma casa normal, íamos ficar o tempo todo com aquela preocupação com de deixar a casa sozinha. Lá onde moramos não tem isso felizmente”, diz.

Lazer

Mas essas pessoas que estão deixando as chamadas residências de rua, e se mudando para apartamentos, não querem abrir mão daquele imóvel com jeitinho de casa. Por isso, é cada vez maior a tendência das construtoras desenvolverem projetos com áreas de lazer mais amplas e completas. “Para atender justamente esse público que está migrando de casas para apartamentos é que estão surgindo os empreendimentos com conceito de ‘condomínio clube’, que em geral têm uma área de lazer bem maior, com quadra de futebol, piscina, uma sala integrada com a cozinha. Temos também varandas com área gourmet, onde morador pode por exemplo fazer um churrasco, como ele fazia numa casa normal”, destaca Raimundo Nonato Rodrigues Brito, coordenador de produtos da FR Incorporadora.

Sabendo dessa tendência do mercado, a incorporadora tem adotado em seus último lançamentos projetos com áreas de lazer mais amplas e completas com piscinas, quadras poliesportivas, academia, salão de jogos, área goumert. “Em um dos empreendimentos, o Reserva Jaraguá, temos até um forno de pizza na área goumert. Ou seja, tudo para deixar o condomínio com um jeito de casa e total segurança”.

É por causa dessa tendência no mercado imobiliário na Grande Goiânia é que Marcos Dias, que sempre morou em casa, não tem sentido tanto a diferença de viver um apartamento. “Além da segurança, temos uma área de lazer bem completa com salão de festa, quadra, piscina, churrasqueira, salão de jogos e até academia. É um ligar que dá para você receber amigos e familiares numa boa com tranquilidade e segurança”, diz Marcos.

Menos é mais

O gerente de vendas da Consciente Construtora e Incorporadora, Leandro Baptista, confirma essa tendência das pessoas buscaram cada vez mais apartamentos ou mesmo condomínios horizontais. Ele diz que a sensação de segurança que se tem em um condomínio é um fator que pesa na hora da escolha do imóvel e cita outra vantagem. Para ele, um forte argumento usado pelos corretores de imóveis na hora de vender um apartamento é a possibilidade de dividir os custos de manutenção com outras pessoas. “Numa casa, por exemplo, alguém pode até ter uma bela piscina só para si, mas esse custo da manutenção também é individual. A mesma coisa acontece com a questão de segurança. Fica muito mais em conta o rateio entre os moradores de um condomínio, do que uma pessoa gastar sozinha com isso”, frisa.

A corretora Sandra Camargo, de 55 anos, não sente saudades da casa de 220m² que tinha no Setor Sudoeste em Goiânia, onde morou por quase dez anos com o ex-marido e as três filhas. “Depois que eu me separei e duas das minhas filhas se mudaram, ficou apenas eu e minha caçula de 17 anos. Em uma casa enorme que só dava trabalho e despesa”, conta a corretora, que hoje vive com a filha mais nova em um apartamento de dois quartos (sendo uma suíte), de 55m², com total segurança, mas sem abrir mão do conforto que tinha na residência anterior. O empreendimento é o Mirante Bueno, da Consciente Construtora e Incorporadora.

“Hoje, além de me sentir mais segura, com a portaria 24 horas que temos em nosso condomínio, mais de cem câmeras de monitoramento, entrada na portaria e na garagem com senha eletrônica e tag, lá nós temos também uma área de lazer completa, com churrasqueira, área gourmet, salão de festas, piscina, sauna e academia”, afirma Sandra.

Antes, quando morava numa casa de rua, a corretora conta que o sentimento de insegurança era grande, principalmente depois que sua residência foi alvo de um arrombamento, durante uma viagem de férias da família. “Depois disso, investimos na época o equivalente a R$ 2.500 para deixar a casa mais segura. Sem falar no serviço de monitoramento com o qual eu gastava cerca de meio salário mínimo todo mês”, lembra Sandra. Mas mesmo com um grande aparato de segurança que montou, o sentimento de insegurança persistia com a corretora. A gota d’água para que Sandra e a filha se mudassem para um apartamento foi em julho de 2012, quando, de novo, o imóvel foi arrombado. “Eu já estava pensando em vender a casa, que na época valia em torno de R$ 320 mil. Pedi R$ 300 mil, mas depois de ser assaltada de novo, liguei para o meu corretor na época, naquela ocasião eu não era corretora, e mandei ele baixar para R$ 280 mil. Eu queria sair daquela casa”, relembra Sandra.

Feliz com o apartamento bem menor do que a casa que tinha, a corretora diz que depois que se mudou, não ganhou apenas mais segurança, mas também tempo, qualidade de vida e até dinheiro. “Eu tinha uma casa enorme com um quintal gigante e que me dava muito trabalho. Gastava muito dinheiro com produtos de limpeza, perdia um tempo enorme também. Hoje pude voltar a trabalhar, pois o custo que tenho com a manutenção do meu apartamento é bem menor e tenho uma enorme área de lazer, que inclui uma academia, um serviço pelo qual eu teria que pagar, além de ter que sair da minha casa para fazer. Com o dinheiro que eu gastaria com uma academia, eu posso pagar um personal trainer”, revela.

 

 

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