Conjebras termina com alerta sobre suicídio e dignidade humana
Welliton Carlos da Silva
Publicado em 10 de setembro de 2017 às 19:07 | Atualizado há 2 semanasA medida da dignidade humana é necessariamente o respeito aos direitos sociais e individuais. E mais do que isso: ao direito de se desenvolver espiritualmente e poder exercitar livremente sua religião.
Após o debate e exposição destes e de outros temas, encerrou-se no sábado o 2° Congresso Jurídico-Espírita Brasileiro (Conjebras). Palco de diversas questões referentes ao universo jurídico e aos grandes temas do espiritismo, o Conjebras tornou-se esfera pública para repensar a sociedade. Pelo evento passaram inúmeros pesquisadores de direito, com mestrados e doutorados relacionados a direitos que tocam imediatamente aos temas da dignidade, humanismo e religiosidade.
Com grande mobilização e participação da comunidade espírita, o encontro serviu para o debate de questões conectadas com a realidade, como o caso do suicídio, direitos do nascituro, leis morais, exercício profissional e a população carcerária.
Organizado pela Associação Jurídico-Espírita do Brasil (AJE-BRASIL) e Federação Espírita do Estado de Goiás (FEEGO), o evento teve o fechamento com a participação de André Trigueiro, jornalista da Globo News e espírita, que abordou em palestra a importância da discussão sobre o suicídio. Para ele, que já publicou várias obras relacionadas ao tema, aos poucos o tabu ligado ao autocídio começa a diminuir.
“Quando vejo um jornalista influente como Ricardo Boechat gastar um longo tempo na rádio que trabalha para falar sobre depressão e suicídio, acredito que já estamos dando um passo importante”, explica Trigueiro.
Segundo o jornalista, há um alto índice de pesquisas relacionadas com o suicídio que colaboram para o entendimento do fenômeno, que atinge não somente jovens, mas também idosos.
Trigueiro destacou o perigo de se tratar a dor, que pode levar ao suicídio, com medicamentos. “Nós estamos medicalizando a dor. Acreditamos que gotas de Rivotril resolverão o problema, mas não é bem assim”, disse no fechamento do Conjebras.
A prevenção ao suicídio se faz com informação, disse Trigueiro. Durante a palestra, destacou a série “13 Reasons Why”, transmitida pela Netflix, que, segundo pesquisas recentes, fez aumentar pedidos de ajuda no Centro de Valorização da Vida (CVV). “Apesar de considerar importante a comunicação destacada pela série, as formas detalhadas de se praticar um suicídio prejudicam o seriado, pois dá ideia para aqueles que sofrem do mesmo problema da personagem principal. Aliás, depois de atuação da Organização das Nações Unidas (ONU), a série teve que colocar notificações de cenas fortes em alguns capítulos. Mas cá entre nós, tudo que um adolescente quer nessa fase é exatamente extrapolar os limites”, disse Trigueiro no evento.
Ao final, o jornalista disse que prevenir o suicídio é uma questão de comunicação que envolve família, pedagogos, psicólogos, psiquiatras e toda uma gama de anônimos e profissionais. A sociedade do culto ao corpo, da ansiedade ao extremo e da celeridade precisa de apoio para viver. “Congressos como estes parecem normais, mas podem estar salvando uma vida a partir do esclarecimento muitas vezes negado pela família e meios de comunicação”, pontuou.
JURISTAS
O evento teve a participação em peso da comunidade jurídica. Advogados, professores de direito, procuradores, juízes e promotores se encontraram para pensar a conexão do direito com a conduta espírita.
Destaque para a participação de Anauara Maia (advogada atuante no terceiro setor, com experiência na área da infância e juventude), Edmar Jorge de Almeida (subprocurador-geral de Justiça Militar e vice-presidente da AJE-Brasil), Gilmar Bortolotto (procurador de Justiça do RS), Gustavo Machado (presidente da AJE-PE e procurador do município de recife), Marcos Papa (graduado em Direito e vereador pelo segundo mandato em Ribeirão Preto/SP), Patrícia Marques Freitas (doutoranda em Filosofia do Direito pela PUC/SP e mestre em Direito Constitucional pela PUC/SP), Pedro Camilo (advogado e professor de Direito Penal) e Tiago Cintra Essado (promotor de justiça/SP e doutor em Direito Processual Penal pela USP e presidente da AJE-Brasil).
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