Cotidiano

Contra o aumento da tarifa: protesto no Centro de Goiânia reúne cerca de 200 manifestantes

Diário da Manhã

Publicado em 20 de janeiro de 2018 às 00:39 | Atualizado há 1 semana

Cerca de 200 pessoas pro­testaram, na manhã de on­tem, pelas principais vias do Centro, contra o aumento da pas­sagem proposto para o transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia. A Companhia Metro­politana de Transporte Coletivo (CMTC) realizou, em dezembro, um cálculo que propõe um novo valor para a tarifa: R$ 4,05. A propos­ta seria votada em uma reunião da Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo (CDTC) também na ma­nhã de ontem, mas foi cancelada em razão da morte do ex-diretor da CMTC Spiro Katopodis. A reunião deve acontecer na segunda-feira, 22. O reajuste proposto para Goiâ­nia é o maior entre as capitais e, se aprovada, a nova tarifa será, pela primeira vez, superior ao valor co­brado em São Paulo.

Além da revogação do reajuste, os manifestantes também reivin­dicam a volta do Ganha Tempo e a regularização do Programa Passe Livre (PLE). O Ganha Tempo é um benefício instituído em 2013 que permitia a utilização de uma úni­ca passagem por três vezes dentro de um intervalo de 2h30. O progra­ma foi suspenso em 2014 por “falta de soluções para custeio das despe­sas por parte da prefeitura”, segundo nota publicada pela CMTC na épo­ca. Em 2016, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) suspendeu a liminar que interrompia o serviço e mandou o governo retornar com o Ganha Tempo. A medida, no en­tanto, não foi cumprida.

No caso do PLE, de acordo com os estudantes, as duas cotas de pas­sagens diárias disponibilizadas são insuficientes para muitos usuários. Em muitos casos, o estudante preci­sa utilizar quatro cotas por dia para se deslocar entre a casa e a escola. Nesse caso, eles precisam pagar o restante com dinheiro do próprio bolso. Outro problema relatado é quanto ao atraso no repasse das co­tas, que, em muitos casos, são depo­sitadas com valor defasado. “Além da manifestação ser uma reivindi­cação contra o aumento da pas­sagem, é também para reivindicar nosso Passe que realmente não tem caído e não é um Passe Livre igual o governo sempre faz essas propa­gandas pela televisão”, afirmou a es­tudante universitária Evelyn.

De acordo com o Movimento Contra Catraca (MCC), que or­ganizou a manifestação, o PLE foi feito para contemplar os es­tudantes que, na maioria dos ca­sos, não trabalham nem fazem parte da população economica­mente ativa. Com a restrição na quantidade de cotas, os estudan­tes estariam limitados a se loco­moverem pela cidade.

O protesto teve início por volta das 9h, na Praça do Bandeirante, se­guiu pela Praça Cívica, onde os ma­nifestantes queimaram pneus, na altura da Rua 10. Após a notícia do cancelamento da reunião da CDTC, o protesto seguiu para a Praça Uni­versitária, onde foi encerrado. A mo­vimentação mobilizou um alto quantitativo da Polícia Militar, através do Batalhão de Choque, Cavalaria e do Grupo de Radiopatrulha Aé­rea (Graer). Dois caminhões do Corpo de Bombeiros, que seguiram o protesto até sua dispersão, foram acionados após a queima de pneus.

AUMENTO

O cálculo do aumento no valor da tarifa, previs­to no contrato de con­cessão da CMTC, conside­ra quatro fatores: salário dos motoristas; preço do com­bustível; índice de manu­tenção da frota de veículos; e a inflação anual. Todos es­ses parâmetros são dividi­dos pela quantidade média de passageiros por quilô­metro. O recente cálculo apresentado pela CMTC considerou dados dos úl­timos 22 meses, de feverei­ro de 2016 até outubro de 2017. Isso porque, em 2017, a tarifa não aumentou, após ser cogitada correção de até R$ 0,50, o que aumentaria a taxa para R$ 4,20.

Neste ano, o argumen­to das empresas do trans­porte coletivo para o rea­juste é a alta no preço dos combustíveis. As conces­sionárias possuem isen­ção de ICMS (Imposto So­bre Circulação de Mercadorias e Serviços) no va­lor do combustí­vel. Em dezem­bro, a média de valor pago pelo litro de diesel pe­las empresas foi de R$ 2,45, en­quanto o valor nos postos teve média de R$ 3,40.

[A manifestação] é também para reivindicar nosso Passe [Livre] que realmente não tem caído e não é um Passe Livre igual o governo sempre faz essas propagandas pela televisão”   Evelyn, estudante universitária

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