Descoberta contra o autismo
Diário da Manhã
Publicado em 20 de junho de 2017 às 01:44 | Atualizado há 1 semana
Cientistas norte-americanos conseguiram identificar relação entre a absorção de elementos tóxicos na gravidez precoce com o autismo. Os pesquisadores do Laboratório de Ciências da Saúde Ambiental Senador Frank R. Lautenberg e do Centro de Pesquisa e Tratamento de Autismo Seaver do Hospital Monte Sinai conseguiram os resultados a partir de dentes de bebês. A falta de nutrientes essenciais durante a gestação também está associada ao risco do desenvolvimento do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).
Além de identificar quais fatores externos influenciam no desenvolvimento do TEA, a pesquisa dos cientistas estadunidenses também conseguiu precisar os períodos de tempo em que a desregulação elementar representa o maior risco no feto. “Nossos dados mostram um caminho potencial para a interação entre genes e o meio ambiente”, diz Abraham Reichenberg, professor de psiquiatria e medicina ambiental e saúde pública na Icahn School of Medicine do Hospital Monte Sinai, em entrevista à revista científica Science.
Nos EUA, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, uma a cada 68 crianças é autista. Aqui no Brasil, a estimativa é de que 2 milhões de pessoas sofram do TEA. Embora pesquisas antigas já tenham comprovado a influência de fatores genéticos e ambientais sobre o desenvolvimento do transtorno, ainda não se sabe especificamente o que causa o TEA.
Outros distúrbios e transtornos psicológicos também estão associados a fatores genéticos e a fatores externos. De acordo com pesquisas mais antigas, a exposição do feto e de bebês recém-nascidos a metais tóxicos podem provocar problemas de linguagem, distúrbios relacionados à concentração e ao comportamento (TDAH, por exemplo). Além da exposição a metais tóxicos, a falta de nutrientes importantes para o desenvolvimento da criança também é outro agente influenciador.
Chumbo, zinco e manganês
“Encontramos divergências significativas na captação de metais entre crianças afetadas por TEA e seus irmãos saudáveis, mas somente durante períodos discretos de desenvolvimento”, indica Manish Arora, diretor de Biologia de Exposição no Laboratório de Ciências da Saúde Ambiental Senador Frank Lautenberg no Monte Sinai, vice-presidente e professor associado do Departamento de Medicina Ambiental e Saúde Pública da Icahn School of Medicine do Monte Sinai.
“Especificamente, os irmãos com TEA tiveram uma maior absorção de neurotoxinas do chumbo, e reduzidas absorções de elementos essenciais de manganês e zinco durante fase avançada da gravidez e os primeiros meses após o nascimento, como evidenciado através da análise de seus dentes de bebê. Além disso, os níveis de metal aos três meses após o nascimento mostraram-se preditivos da gravidade do autismo oito a dez anos depois na vida”, explica Arora.
Para determinar os efeitos que o momento, a quantidade e a subsequente absorção de toxinas e nutrientes têm no TEA, os pesquisadores do Monte Sinai utilizaram biomarcadores de matriz dentária validados para analisar dentes de bebê coletados de pares de gêmeos idênticos e não idênticos, dos quais pelo menos um teve um diagnóstico de TEA. Eles também analisaram dentes de pares de gêmeos normalmente desenvolvidos que serviram como grupo de controle do estudo.
Durante o desenvolvimento fetal e infantil, uma nova camada de dente é formada a cada semana, deixando uma “impressão” da composição microquímica única em cada camada, fornecendo um registro cronológico da exposição. A equipe do laboratório Lautenberg usou lasers para reconstruir essas exposições passadas ao longo de marcas incrementais, semelhante ao uso de anéis de crescimento em uma árvore para determinar seu histórico de crescimento.
“Nossas descobertas enfatizam a importância de um esforço colaborativo entre geneticistas e pesquisadores ambientais para futuras pesquisas sobre a relação entre exposição a metais e TEA para nos ajudar a descobrir as causas profundas do autismo e apoiar o desenvolvimento de intervenções e terapias eficazes”, afirma Abraham Reichenberg.
Ainda que sejam necessários incontáveis estudos adicionais sobre o assunto, e aprofundar ainda mais sobre as descobertas reveladas pelo estudo, o avanço e o impacto à medicina são incalculáveis. Não só para o autismo, como também para outros distúrbios psicológicos já ditos na matéria. Ou seja, já se pode afirmar que gestantes (bem como recém-nascidos) que ingerem alimentos ricos em zinco e em manganês, e são menos expostas à poluição (principal fonte de liberação de partículas de chumbo), apresentam uma reduzida chance de o feto desenvolver o autismo e vários outros transtornos psíquicos.
Relação de alimentos ricos em zinco e manganês
Suprir a necessidade do organismo em zinco e manganês não é nada difícil, e uma dieta balanceada pode oferecer tudo o que o corpo precisa. A seguir, uma relação de alimentos ricos em zinco e manganês, principais nutrientes que podem ser uma arma para evitar o desenvolvimento do autismo em fetos e recém-nascidos, além de outros transtornos psíquicos.
ALIMENTOS RICOS EM ZINCO
Crianças recém-nascidas até os três anos de idade devem ingerir uma quantidade que varia de 1,5 mg até 3 mg de zinco. Mulheres gestantes ou que estão amamentando devem ingerir entre 10 e 12 mg do nutriente. Mas é preciso ter cuidado e respeitar esse limite, pois o excesso de zinco no organismo provoca deficiência de cobre (outro importante nutriente), diarreia, enjoo, sonolência e vômitos.
Os alimentos ricos em zinco são: carnes vermelhas (100 gramas oferece de 4,3 a 6,8 mg do nutriente), feijão (½ xícara de chá oferece até 2 mg), iogurte (200 ml oferecem 1,5 mg de zinco), gema de ovo (cada 100 gramas oferece até 5 mg) e amendoim (1 mg de zinco para cada 100 gramas). Queijos e peixes também são ótimas fontes do mineral.
ALIMENTOS RICOS EM MANGANÊS
Para suprir as necessidades de manganês, basta apenas ingerir o mínimo de 2 mg. Os alimentos mais ricos com esse mineral são o feijão (uma xícara de chá já contém a metade do recomendado), chá verde (uma xícara contém 0,8 mg do mineral) e o abacaxi (0,77 mg para cada 100 gramas da fruta). Os frutos do mar, as castanhas e amêndoas, aveia, espinafre e o fígado de vaca também são outras ótimas fontes de manganês.
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