Cotidiano

Falta pouco para pegar o criminoso

Diário da Manhã

Publicado em 30 de maio de 2018 às 03:44 | Atualizado há 7 anos

O delegado Manoel Borges, titular da Delegacia do 7º Distrito Policial de Goiâ­nia, no Jardim América, está fazen­do o máximo empenho em apurar a falsificação de um artigo publica­do no Diário da Manhã, que pode ter influenciado no resultado das eleições municipais de 2016 em Jussara, no noroeste goiano.

Em 28 de setembro de 2016, o escritor Liberato Póvoa, cola­borador do Diário da Manhã e que há anos escreve várias ve­zes por semana nesta folha, pu­blicou o artigo “As eleições mu­nicipais estão aí – Cuidado com os picaretas”, texto ilustrado pela imagem de uma urna eletrôni­ca e parte da bandeira nacional.

Faltando três dias para as elei­ções municipais daquele ano, co­meçou a circular nas redes sociais, em Jussara, um falso “fac-símile” do artigo, com a substituição da ilustração por outra em que apa­reciam as fotos do então candida­to a prefeito Clézio Ascêncio Dias, e de seu vice, Arthur Junqueira, e da cópia de dois cheques suposta­mente sem fundos, emitidos por esses dois candidatos. Era eviden­te a intenção de difamar os dois candidatos, sugerindo, o contexto, de que os dois seriam caloteiros.

Embora o texto de Liberato fos­se genérico, não se dirigindo a ne­nhum candidato em particular, o nome do articulista bem como o do Diário da Manhã acabaram sendo envolvidos numa trama política pa­roquiana sórdida. Os dois candida­tos, que às vésperas do pleito esta­vam com quase 40% das intenções de voto, acabaram derrotados.

DESCOBERTA A FRAUDE

Em abril deste ano, estava Clézio conversando com sua amiga, a ad­vogada Daniella Costa Cupertino, também funcionária da Assembleia Legislativa, que desejou saber por qual mistério ele perdeu a eleição. No mês que precedeu a votação, Clézio subira de 3% para 39%, ten­do atribuído a derrota à veiculação de mentiras contra ele nos veículos de comunicação, notadamente nas redes sociais, quando um artigo do colunista Liberato Póvoa, que sem­pre foi tido como um jornalista sé­rio e sobretudo respeitado, circulou nas redes sociais e foi até objeto de matéria veiculada na emissora local.

Imediatamente, Daniella pediu para ver a publicação Ela achou es­tranho o artigo só ter vindo a pú­blico, em Jussara, na véspera das eleições. Movida pela suspeita, a ad­vogada fez minuciosa pesquisa nos arquivos do Diário da Manhã, des­cobrindo que o artigo de Liberato Póvoa fora publicado em 28 de se­tembro de 2016 e só replicado dias depois, de forma criminosa. A pos­tagem viralizou nas redes sociais.

Daniella sugeriu que o assun­to fosse levado ao conhecimento do autor do artigo, através da Edi­toria do jornal e, também, à auto­ridade policial. Como Leandro Sa­les Mesquita, colega de trabalho de Daniella e amigo de Clézio, conhece alguns jornalistas do Diário da Ma­nhã, prontificou-se a comunicar o ocorrido à direção do jornal, o que foi imediatamente feito.

Cientificado o autor do artigo, em 19 de abril deste ano, registrou­-se um Boletim de Ocorrência, a partir do qual o delegado Manoel Borges iniciou as investigações. Com os fatos narrados e juntadas as provas da fraude (ficando pro­vada a materialidade do delito), o delegado passou a ouvir várias pessoas, além das vítimas e do no­ticiante. Foram ouvidos, além do noticiante, as vítimas e as teste­munhas Daniella Costa Cuperti­no, Leandro Sales Mesquita e Val­demar José da Cruz.

De posse dos documentos e de­poimentos, o delegado Manoel Bor­ges informou que já possui os ele­mentos necessários a determinar a quebra do IP do computador usado na ação criminosa, crime capitula­do no artigo 154-A do Código Penal. Como todo computador, ao ser co­nectado a uma rede interna ou ex­terna, passa a ser identificado por um IP (Internet Protocol, ou Proto­colo de Internet), que é uma espé­cie de CPF de cada máquina, seria perfeitamente possível identificar o local de origem da fraude.

Com isto, acredita o delega­do que “muito em breve surgirá o nome de quem articulou a fraude que pode ter causado uma derro­ta eleitoral, e isto sem prejuízo de ações penais movidas pelo Minis­tério Público e de indenização por danos morais por parte das vítimas (Clézio, Arthur e Liberato).

Com a conclusão do inquérito e a propositura de tais ações, es­pera o delegado que haja, além da punição, também um efeito pe­dagógico “para inibir novas ações criminosas dessa natureza, prin­cipalmente no período eleitoral, quando as fake news prolifera”

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