Cotidiano

Famílias goianas recusam doação de órgãos

Diário da Manhã

Publicado em 28 de setembro de 2016 às 01:59 | Atualizado há 2 semanas

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, cerca de 1.180 pessoas estavam aguardando por um transplante no Estado de Goiás em 2015. Além do transplante de tecidos (córneas e medula óssea), o rim é o órgão mais necessitado pelos pacientes na fila de espera por uma doação. Durante o ano passado, 254 pessoas foram notificadas como potenciais doadoras no Estado, mas somente 44 tiveram algum órgão ou tecido doado neste período. A alta taxa de recusa familiar (63%) tornou-se motivo de preocupação.

Motivos para a recusa

O médico Leonardo Borges de Barros e Silva e o enfermeiro Edvaldo Leal de Moraes, coordenadores da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), informam que os motivos para a recusa da doação pela família são diversos: desde fatores culturais até o desconhecimento e não aceitação da morte encefálica, o que faz muitos familiares acreditarem que a condição do ente querido com o corpo quente e o coração batendo seja um indicativo de que ele está vivo.

Diagnóstico de morte

“Entretanto, o diagnóstico de morte encefálica (conhecida também como morte cerebral) é irreversível, ou seja, o paciente perde todas as funções que mantêm a sua vida, como a consciência e capacidade de respirar. O coração permanece batendo e os demais órgãos funcionando. Com exceção das córneas, pele, ossos, vasos e válvulas do coração, é através dessa situação que os órgãos podem ser utilizados para transplante”, observam.

Autorização

O consentimento informado é a forma oficial de manifestação à doação. A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica depende da autorização do cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha sucessória, firmado em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.

A vontade da família

“Evidentemente, a manifestação em vida da pessoa a favor da doação de seus órgãos e tecidos para transplante pode favorecer o consentimento após a morte, mas, de acordo com a legislação, é a vontade da família que deve prevalecer”, esclarece o médico Leonardo Borges.

A estudante Criz Souza, 24 anos, preparou no mês passado um documento na qual ela deixa claro que é uma doadora de órgãos e pede para seus parentes autorizarem a doação. “Eu vou ser bem sincera, só resolvi fazer esse documento depois que perdi meu avô. Ele precisava de um rim, ficou muito tempo na fila de espera, mas não conseguiu a doação. Eu sou testemunha do quanto meu avô queria viver, mas não pôde”, lamenta.

Transplantes

Segundo números da Central de Transplantes de Goiás, 980 transplantes foram realizados no Estado em 2015. Desses, 85 casos foram de rins transplantados, 862 de córneas, 31 de medula óssea e 2 de pâncreas-rim.

Em Goiás, existem hoje, entre os receptores inscritos, 729 pessoas esperando o transplante de córnea, 357 para rim, 4 para coração e 6 pâncreas-rim. Vale lembrar que esta fila é dinâmica, pois a cada dia tanto transplantes quanto novas inscrições são realizadas.

Múltiplos órgãos

De janeiro deste ano até julho já foram realizadas, em Goiás, 31 doações de múltiplos órgãos. E já foram feitos 55 transplantes renais, 3 cardíacos e 461 de córnea.

 

Gesto de Herói

Com objetivo de conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos e tecidos e, principalmente, colocar esse tema em pauta nas discussões familiares para reduzir a taxa de recusa, o Ministério da Saúde, em parceria com a Fundação Faculdade de Medicina da USP, realiza o Projeto “Gesto de Herói – o poder de doar vida”.

Estande do projeto

A exposição itinerante, que já passou por várias capitais do País durante esse ano, começou na última sexta-feira (23) no Buriti Shopping, em Goiânia (GO). O estande do Projeto ficará disponível gratuitamente por dez dias, das 12h às 20h, para que a população goiana possa esclarecer as principais dúvidas relacionadas à doação e transplante de órgãos.

Doadores falecidos e transplantados

Além da exibição de depoimentos reais de familiares de doadores falecidos e transplantados, os visitantes contarão com painéis explicativos sobre o processo e, ainda, a presença de especialistas nessa temática para responder perguntas. A exposição permanecerá até o dia 2 de outubro. (Com informações da assessoria do Ministério da Saúde)

 

 

 

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