Fenômeno natural provoca incêndio subterrâneo
Diário da Manhã
Publicado em 28 de novembro de 2017 às 02:11 | Atualizado há 7 anosEm Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, um fenômeno raro chamou a atenção da população local. Conhecido como “incêndio de turfas”, ele consiste na combustão lenta e degradante de uma densa e compacta camada no subsolo, muito rica em matéria orgânica. Os bombeiros isolaram o local, marcado pelo cheiro e calor fortes, além da grande quantidade de fumaça que brota do chão.
A turfa é um tipo de material orgânico parcialmente decomposto, e é encontrado em camadas, geralmente em regiões pantanosas ou simplesmente em grandes valas do solo preenchidas com esse tipo de composto. No caso de Águas Lindas, o local já foi um pântano anteriormente e as folhas e animais mortos formaram uma espessa camada de matéria orgânica. “Com o passar do tempo, essa camada foi soterrada e a vegetação cresceu por cima. Como o solo é bem fofo, o oxigênio não encontrou dificuldade em penetrar e encontrar a tal camada de turfa”, explica o biólogo Cássio Martins.
O oxigênio é o principal gás combustível para o fogo em condições naturais, e por sua natureza altamente inflamável, unido às altas temperaturas provocadas pela decomposição da matéria orgânica na camada orgânica do subsolo, o fogo se iniciou ali mesmo, embaixo do chão. “Eu nunca tive a oportunidade de presenciar um acontecimento como esse, justamente por ser muito raro. Estamos aproveitando a oportunidade para estudar e entender melhor o que está passando no subsolo nesse momento”, explica a geóloga Maria Lucrécia Ramos.
Outras ocorrências semelhantes já aconteceram no Brasil, como em Serra, no Espírito Santo. Em abril deste ano, a cidade foi tomada pela fumaça e pelo mau cheiro provocado, que se assemelha à queima de lixo num aterro sanitário. Em 2014, no Rio de Janeiro, na zona rural de Rio das Ostras, ocorrência semelhante aconteceu, também causando transtornos em relação à fumaça e odor desagradável em outras quatro cidades próximas.
“Duas vacas que passavam pelo lugar atolaram e não conseguiram sair do lugar. O calor forte acabou por matá-las, mas já isolamos o local para que nenhum morador desatento venha a passar por aqui e não tenha um destino semelhante ao dos pobres animais”, informa o Tenente Elton Voltera, do Corpo de Bombeiros de Águas Lindas.
Há mais de dois meses que o fogo não dá trégua, e a densa fumaça, tão característica desse fenômeno é justificada pela queima incompleta da matéria orgânica. Ainda não se sabe por quanto tempo o incêndio continuará, porque depende da espessura da camada da turfa e sua extensão em área.
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