Cotidiano

Fisioterapia respiratória salva crianças especiais

Diário da Manhã

Publicado em 31 de agosto de 2018 às 01:40 | Atualizado há 1 semana

O clima quente e seco em Goiás está em alta, e o alarme com os cuida­dos com a saúde se despertaram. Com temperaturas que chegaram a 34º C e umidade do ar chegan­do a 12% nessa última semana em Goiânia, o Instituto Nacional de Meteorologia emitiu alerta de pe­rigo à saúde da população. Nes­sa época, são comuns as doen­ças respiratórias e é comum sofrer com algum desconforto em virtu­de do clima. Entretanto, para as crianças especiais com limitações motoras, esses problemas são ain­da mais graves e, por isso, a fisio­terapia diária com manobras res­piratórias são muito importantes.

Existem crianças especiais cujo caso demanda terapia respirató­ria diária e, por isso, a terapia con­vencional de duas a três vezes na semana é ineficaz. Segundo a fi­sioterapeuta e diretora do Centro Goiano de Reabilitação Neurofun­cional (CGRN), Silvana Vasconce­los, algumas tem muita predispo­sição à pneumonia, que está entre os maiores vilões da mortalidade entre crianças com necessidades especiais. “Crianças com paralisia cerebral, por exemplo, têm mais dificuldade de ativação dos mús­culos respiratórios e, em conse­quência disso, a expansão da caixa torácica e a ventilação dos pulmões ficam comprometidas.”

A especialista afirma que “existe, por exemplo, um caso na clínica de um paciente com Atrofia Muscular Espinhal (AME). Uma característi­ca nessa patologia é que os múscu­los se fatigam com facilidade por fra­queza muscular generalizada. Em ambos os casos a expulsão de muco e de secreção brônquica são difi­cultadas porque eles não têm força para uma tosse eficaz. Então nós te­mos que auxiliar na ventilação com manobras de reexpansão pulmo­nar, e temos que auxiliar também na higiene brônquica, que é a expul­são desse muco e dessa secreção.”

Nesta época do ano, apesar de alguns pacientes sofrerem com o tempo seco, ainda assim os índi­ces de faltas ou internação dos pa­cientes são muito pequenos em vir­tude do Protocolo PediaSuit, um tratamento intensivo diário que combina atuação de fisioterapeu­ta, terapeuta ocupacional e fonoau­dióloga. “Temos o caso de uma pa­ciente de 5 anos que está conosco há mais de um ano e nunca mais foi internada com doenças respi­ratórias. Antes ela tomava antibió­tico com frequência”, conta Silvana.

O grande problema para essas crianças é que, por causa da difi­culdade em utilizar sua muscula­tura da respiração, que seriam os músculos intercostais e o diafrag­ma, eles acabam utilizando a mus­culatura acessória que são os mús­culos do pescoço, ombro, trapézio e por isso eles ficam tensos e fadi­gam. “Utilizamos técnicas especí­ficas para a reexpansão pulmonar, para o fortalecimento da muscula­tura respiratória e acessória, alon­gamentos e também monitoramos diariamente a oxigenação dos pa­cientes com risco de dessaturação do oxigênio. Aqui fazemos a lava­gem do nariz com soro e seringa, e ensinamos as mães a fazerem em casa. Muitas vezes o pulmão não está ventilando porque o nariz está bloqueado e não há entrada de ar suficiente”, afirma Silvana.

As doenças respiratórias em crianças são caso sério e, segun­do estimativa do Fundo das Na­ções Unidas para a Infância (Uni­cef), mais de 3 milhões de crianças morrem de pneumonia a cada ano, predominantemente nos países emergentes. Na última dé­cada, cerca de um terço da mor­talidade mundial em crianças (4 a 5 milhões de óbitos anuais) foi por infecções respiratórias agudas. “Nas crianças especiais, as compli­cações respiratórias são a maior causa de óbito, por isso buscamos sempre prevenir. O ideal é colo­car umidificador nos ambientes, inclusive para dormir, lavar o na­riz com soro, tomar muito líquido e sempre checar se a criança está conseguindo ingerir água suficien­te para se hidratar porque muitas delas têm dificuldades de degluti­ção”, finaliza a fisioterapeuta.

PROTOCOLO PEDIASUIT

O Protocolo PediaSuit consis­te em uma modalidade terapêuti­ca diferenciada na qual o pacien­te é atendido por Terapia Intensiva associada à órtese corporal Pedia­Suit, que favorece o alinhamento biomecânico, a propriocepção e a reorganização músculo-articular que otimizam o controle postural e a função global. O programa de Terapia Intensiva PediaSuit é reali­zado pelo período de quatro horas diárias por quatro semanas, seguido de duas semanas de manutenção com seis horas semanais. A exten­são e duração do tratamento serão determinadas de acordo com a ne­cessidade de cada paciente.

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