General do Exército ameaça intervenção militar
Redação
Publicado em 17 de setembro de 2017 às 22:33 | Atualizado há 2 semanasAntonio Hamilton Mourão, general da ativa no Exército, afirmou que seus “companheiros do Alto Comando do Exército” entendem que uma “intervenção militar” pode ser adotada no Brasil. O atual secretário de economia e finanças da Força palestrou na última sexta-feira (15), em Brasília, na Sessão da Soberana Assembléia Legislativa Federal (SALF) do Grande Oriente do Brasil. As informações são do Jornal Folha de São Paulo.
De acordo com ele, se o Judiciário “não solucionar o problema político” referente à corrupção será necessário impor a intervenção.
“Até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso.”, disse.
Durante seu discurso, de quase uma hora, Mourão ainda criticou a Constituição de 1988 que garantiria apenas direitos e poucos deveres e também a sociedade: “Sociedade carente de coesão cívica. A sociedade brasileira está anímica. Ela mal e porcamente se robustece para torcer pela Seleção brasileira ou então sai brigando entre si em qualquer jogo de time de futebol.”
Mourão é nasceu em Porto Alegre (RS) e está no Exército desde 1972. Em outubro de 2015, ele foi exonerado do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, e transferido para Brasília, após críticas ao governo de Dilma Rousseff.
Em nota à Folha de São Paulo, o Comando do Exército informou “que o Exército Brasileiro, por intermédio do seu comandante, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas tem constantemente reafirmado seu compromisso de pautar suas ações com base na legalidade, estabilidade e legitimidade”.
Íntegra do trecho em que o general fala sobre a intervenção:
“Excelente pergunta. Primeira coisa, o nosso comandante, desde o começo da crise, ele definiu um tripé pra atuação do Exército. Então eu estou falando aqui da forma como o Exército pensa. Ele se baseou, número um, na legalidade, número dois, na legitimidade que é dada pela característica da instituição e pelo reconhecimento que a instituição tem perante a sociedade. E número três, não ser o Exército um fator de instabilidade, ele manter a estabilidade do país. É óbvio, né, que quando nós olhamos com temor e com tristeza os fatos que estão nos cercando, a gente diz: ‘Pô, por que que não vamo derrubar esse troço todo?’ Na minha visão, aí a minha visão que coincide com os meus companheiros do Alto Comando do Exército, nós estamos numa situação daquilo que poderíamos lembrar lá da tábua de logaritmos, ‘aproximações sucessivas’. Até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema político, pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos que impor isso. Agora, qual é o momento para isso? Não existe fórmula de bolo. Nós temos uma terminologia militar que se chama ‘o Cabral’. Uma vez que Cabral descobriu o Brasil, quem segue o Cabral descobrirá alguma coisa. Então não tem Cabral, não existe Cabral de revolução, não existe Cabral de intervenção. Nós temos planejamentos, muito bem feitos. Então no presente momento, o que que nós vislumbramos, os Poderes terão que buscar a solução. Se não conseguirem, né, chegará a hora que nós teremos que impor uma solução. E essa imposição ela não será fácil, ele trará problemas, podem ter certeza disso aí. E a minha geração, e isso é uma coisa que os senhores e as senhoras têm que ter consciência, ela é marcada pelos sucessivos ataques que a nossa instituição recebeu, de forma covarde, de forma não coerente com os fatos que ocorreram no período de 64 a 85. E isso marcou a geração. A geração é marcada por isso. E existem companheiros que até hoje dizem assim, ‘poxa, nós buscamos a fazer o melhor e levamos pedradas de todas as formas’. Mas por outro lado, quando a gente olha o juramento que nós fizemos, o nosso compromisso é com a nação, é com a pátria, independente de sermos aplaudidos ou não. O que interessa é termos a consciência tranquila de que fizemos o melhor e que buscamos de qualquer maneira atingir esse objetivo. Então, se tiver que haver, haverá. Mas hoje nós consideramos que as aproximações sucessivas terão que ser feitas. Essa é a realidade.”
No Youtube é possível assistir ao vídeo do evento em que Morão fala sobre o assunto em vários canais. Neste postado no canal do Defesanet, o general começa falar por volta dos 40 minutos de gravação.
(Foto: Divulgação/Exército Brasileiro)
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