Goiás registra 34 suspeitas de sarampo
Diário da Manhã
Publicado em 25 de agosto de 2018 às 04:39 | Atualizado há 6 anosNo coração do Brasil, são 19 anos sem registrar nenhum caso de sarampo. Neste mês, porém, a história mudou. Já foram contabilizadas 34 suspeitas da doença. Quatro seguem sendo acompanhada de perto. A quantidade de possíveis notificações só em 2018 é maior em relação ao ano passado, quando 32 suspeitas chamaram a atenção. Entretanto, a Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES) informou nesta semana que 57,2% da população não correm mais risco de contrair o vírus em função da campanha promovida pelo Dia D.
Por outro lado, o objetivo da pasta era de que pelo menos 62% das crianças fossem vacinadas, mas somente 30% dos pequenos foi imunizado. A gerente de Imunização da SES Clécia Vecci afirmou que um dos fatores para que não fosse atingida a meta estabelecida para o Dia D se deu por conta da “comodidade da população”, que não vê perigo na doença e imagina que a enfermidade esteja erradicada. Apenas 15 municípios de Goiás conseguiram imunizar 95% do público alvo, quantidade necessária para evitar a propagação da doença, segundo o Ministério da Saúde.
A situação que inspira mais cuidado está o noroeste do Estado, cuja maioria das cidades conta com índice abaixo dos 62% de vacinação, ou seja, o risco de contágio por sarampo não ficou no passado. Na terra do pequi, as crianças fazem parte do público que menos foi imunizado até o momento, porém medidas para atenuar o problema vêm sendo tomadas pelo Poder Público. A SES orienta os municípios goianos para que seja feita uma campanha ativa, indo às escolas, creches e igrejas.
No Brasil, para se ter uma ideia, a última vez que houve notícia de um surto de sarampo há mais de quatro anos. Em 2014, mais de 200 pessoas foram infectadas no Ceará. A partir de então, só se ouviu falar da doença em 2016, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que o País tinha conseguido eliminar totalmente o vírus. No ano passado, contudo, os surtos voltaram a esquentar a cabeça das autoridades da saúde. E o conselho de antigamente retornou à tona: é preciso se vacinar.
A primeira suspeita da doença aconteceu em janeiro por meio de venezuelanos que chegaram ao Brasil fugindo do regime de Nicolás Maduro. Em pouco tempo, o Ministério da Saúde afirmou que havia surtos em Roraima e no Amazonas, na região norte do País, onde a imunização estava muito aquém dos 95% recomendados pelo ministério. Tanto no primeiro Estado quanto no segundo quem mais sofreu foram as crianças de seis meses a quatro anos, inclusive com casos de mortes.
Desta forma, a médica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), explicou que o vírus pode ter retornado ao Brasil por meio de contato de uma pessoa não imunizada com infectado de outro país. Em nota, ela lembrou que o sarampo se mantém como problema de saúde pública na Ásia e Europa. “Este cenário epidemiológico impõe a necessidade de manutenção de altas e homogêneas coberturas vacinais e constante vigilância epidemiológica, mesmo em Países onde não há mais circulação do vírus”, ressalta.
“A presença do vírus em nosso território reforça a necessidade de esforços no sentido da vigilância epidemiológica ativa (notificação de casos suspeitos idealmente em 24 horas, investigação ágil, adequada coleta e envio das amostras), do bloqueio através da imunização e de ações para a homogeneização das coberturas entre crianças, adolescentes e adultos”, esclarece a médica.
RISCO DE MORTE
Segundo estudo publicado na revista “Science” em 2015, além do risco de morte, o sarampo pode afetar o sistema imunológico por até três anos, o que iria expor os sobreviventes a um risco maior de contrair outras doenças infecciosas e mortais. “Febre por mais de três dias após o aparecimento do exantema é um sinal de alerta e podem indicar o aparecimento de complicações, como infecções respiratórias, otites, doenças diarréicas e neurológicas, como encefalite, que pode ocorrer mesmo após o 20° dia de doença”, diz a presidente da Sbim.
Os sintomas ocorrem de uma pessoa para outra, seja por meio de secreções do nariz ou da boca expelidas ao tossir, respirar ou falar. Para interromper a transmissão do sarampo, é preciso que 95% da população seja vacinada. Assim, todas as crianças, adolescentes e adultos têm de se certificar que estão com a caderneta de vacinação em dia. Vírus pode ser identificado na urina, nas secreções nasais, no sangue ou em tecidos da pele. Amostras devem ser coletadas até o quinto dia a partir do início das manchas.
Ainda que não exista tratamento específico contra a doença, é importante procurar assistência médica para entender quais estratégias de suporte vão ter de ser tomadas. Também é recomendado que a suplementação de vitamina A e antitérmicos sejam adotadas para combater o vírus. Na rede pública, são usadas vacinas tríplices virais, tais como nos casos de sarampo, caxumba e rubéola. Crianças com menos de cinco anos também podem tomar o mesmo tipo de imunizadores.
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