Goiás tem maior crescimento em transplantes renais do País
Diário da Manhã
Publicado em 28 de setembro de 2018 às 03:41 | Atualizado há 6 anosDoação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Muitas vezes, o transplante de órgãos pode ser única esperança ou a oportunidade de um recomeço para pessoas que precisam de doação. O Serviço de Transplantes Renais do Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) registrou, no primeiro trimestre de 2018, um crescimento de 100% no número de transplantes renais realizados na unidade. O comparativo é em relação ao mesmo período do ano passado. Dos 37 transplantes realizados em todo o Estado de Goiás no primeiro trimestre, 31 foram no HGG.
No último levantamento, até agosto de 2018, a unidade registrou um total de 92 transplantes renais. E neste ano, no dia 19 de julho, realizou o primeiro transplante de fígado do Estado, lançando o Serviço de Transplantes Hepáticos do HGG.
Contudo, Goiás está na contramão dos índices gerais do país. Segundo o Registro Brasileiro de Transplantes, o Brasil registrou uma queda de 10% no número de transplantes renais no primeiro trimestre de 2018, quando comparado ao mesmo período de 2017. Goiás e outros quatro estados (Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará) apresentaram o aumento.
Para coordenador do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do HGG, Marcelo Rabahi, além dos bons resultados em relação ao número de transplantes realizados, é importante que os processos sejam satisfatórios. A avaliação dos casos transplantados no ano de 2018 mostra que 92,3% dos pacientes obtiveram sucesso com o procedimento. “Esses dados trazem a certeza que a decisão de implementação do serviço de transplante renal foi acertada e o trabalho multidisciplinar desenvolvido na instituição deve continuar”, explica.
GASTOS
A prevalência de doenças renais crônicas vem crescendo na maioria dos países, consequentemente também existe um aumento de internações e consumo de recursos financeiros. O SUS é o responsável pelo financiamento de 90% dos tratamentos de pacientes que se encontram em terapia renal substitutiva, como a diálise, que inclui a hemodiálise e diálise peritoneal.
“O transplante renal representa uma alternativa custo-efetiva para o tratamento das doenças renais crônicas, por isso, devemos investir cada vez mais tanto no incentivo da doação de órgãos quanto no investimento dos serviços de transplante no setor público”, sugere. O serviço de transplante renal do HGG, implantado no ano passado, já realizou 149 transplantes.
O PROFISSIONAL POR TRÁS DO TRANSPLANTE
Entre a retirada e o transplante de um órgão existem uma série de etapas. Para que isso seja possível, é necessário que o órgão corresponda a uma série de exigências até chegar ao novo corpo. Essas etapas vão desde as mais simples, como a verificação do tipo sanguíneo, até uma série de análises realizadas pelo Médico Patologista. Este profissional é o responsável por verificar se o órgão está em pleno funcionamento para desenvolver sua função em um novo organismo.
“Para que um órgão seja aceito em um corpo diferente, precisamos levar em conta não só a classificação sanguínea, mas o tamanho e a capacidade de desenvolver suas funções, pois em casos de mortes por infecção, por exemplo, o transplante pode ser descartado”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Clóvis Klock. A equipe médica, além desses especialistas, também é responsável por encontrar um destino com critérios de proximidade, considerando o tempo útil do órgão fora do corpo, gravidade do paciente e o tempo na lista de espera.
“Quando há um alerta de possibilidade de doação, tudo tem que acontecer com muita rapidez, partindo da conversa com os familiares, passando pela busca por um paciente compatível. Todo o processo deve acontecer respeitando o tempo limite de sobrevida de um órgão, que pode variar. Um coração pode ficar parado por até 4 horas, já um fígado resiste até 12 horas fora de um corpo e um rim aguenta 36 horas sem circulação sanguínea”, afirma Klock.
DOIS TIPOS DE DOADOR
1–O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concordo com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial.
2–O segundo tipo é o doador falecido. São paciente com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
QUERO SER DOADOR DE ÓRGÃOS. O QUE FAZER?
- Se você quer ser doador de órgãos, avise a sua família.
- Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares, devem autorizar a doação de órgãos.
- No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar.