Cotidiano

Internet das Coisas traz riscos e oportunidades de expansão

Diário da Manhã

Publicado em 8 de maio de 2018 às 00:33 | Atualizado há 7 anos

Pesquisadores preveem que nos próximos dois anos haverá um crescimento exponencial da chamada Internet das Coisas (IoT na sigla em inglês): cerca de 50 bi­lhões de equipamentos e apare­lhos vão conectar boa parte das empresas e das pessoas a seus carros, lares, comunidades etc. A internet das coisas deverá tornar disponível uma enorme quanti­dade de dados. Quais os riscos e as oportunidades potenciais que surgirão desse avanço tecnológi­co? De acordo com IEEE, a maior organização mundial técnico-pro­fissional dedicada a avanços tec­nológicos para benefício da huma­nidade, embora haja ameaças de segurança que devem ser enfren­tadas, a Iot também abre grandes possibilidades de inovação e de negócios para todo mundo.

Por meio das suas publicações altamente citadas, conferências, padrões de tecnologia e atividades profissionais e educacionais, IEEE é a voz confiável de em várias áreas da engenharia, desde de sistemas aeroespaciais, computadores e te­lecomunicações até engenharia biomédica, energia elétrica e ele­troeletrônica de consumo.

Artur Ziviani, diretor da IEEE e pesquisador do Laboratório Na­cional de Computação Científica, aponta três grandes desafios ime­diatos relacionados à segurança e a potenciais vulnerabilidades de equipamentos da IoT : “Nesse contexto, encontrar o equilíbrio entre nível adequado de seguran­ça e custo desses dispositivos, a fim de manter sua implementa­ção acessível e viável em larga es­cala, é um desafio-chave” afirma ainda Ziviani: “Considerando a potencial implantação em gran­de escala de muitos dispositivos de IoT, torná-los suficientemen­te seguros é um desafio para evi­tar seu uso malicioso, bem como proteger informações geradas por esses dispositivos”. Nesse sentido, acrescenta, a preservação da pri­vacidade também é um desafio para os dispositivos de IoT.

Raul Colcher–também diretor da IEEE e da consultoria Queste­ra–considera que o mais crítico de­safio para a IoT se relaciona a as­pectos de segurança e privacidade. “Com a crescente conscientização e maturidade de grandes redes de dispositivos para processos de au­tomação cada vez mais críticos e so­fisticados, torna­-se crucial proje­tar uma proteção robusta contra possíveis ataques de hackers, terro­ristas e até mesmo da guerra ciber­nética por forças militares estran­geiras”, alerta .

Um segundo desafio deriva­ria do grande vo­lume de normas necessárias, algumas delas relati­vamente complexas, refletidas nos programas de trabalho das organi­zações normativas nacionais e in­ternacionais, consórcios e grupos de interesse. “Nem todos esses pa­drões estarão prontos no próximo ano, causando incerteza e dimi­nuição da escala de mercado para fornecedores de dispositivos e soft­ware, além de perdas inevitáveis de investimentos por parte dos usuá­rios finais”, observa Colcher.

Uma terceira área desafiadora tem a ver com a necessidade de in­tegração e de colaboração. Com o surgimento de grandes aplicativos interorganizacionais de IoT, siste­mas e redes terão de cooperar e ser integrados a outros processos in­ternos e externos de organizações de usuários, o que exige modelos de referência, arquiteturas madu­ras, plataformas padrão, APIs etc.

INOVAÇÕES NA IOT

Mas nem só alertas e cenários incertos envolvem o futuro da IoT. Há também possíveis inovações que terão impacto na vida de todo. Para Ziviani, “inovações na análi­se de big data,incluindo pesquisa de dados e aprendizado de máqui­na, devem aprimorar os recursos para processamento e integração de dados de fontes heterogêneas da IoT. Estes também devem in­cluir pessoas que atuam como sensores participativos por meio de seu papel em redes sociais on­-line, por exemplo”. Nesse senti­do, Ziviani destaca a tendência de atrair as pessoas à IoT, consideran­do o comportamento humano no desenvolvimento de serviços mais centrados no usuário, adaptados a usuários individualizados. “Natu­ralmente, o desafio aqui é forne­cer serviços individualizados que os usuários considerem úteis e be­néficos, preservando a privacida­de de cada um. Essa integração de dados de muitas fontes heterogê­neas e análises em tempo real em escala são fundamentais para ce­nários previstos de IoT, como ci­dades inteligentes”.

Já na opinião de Colcher, em­bora um grande número de inova­ções vá impactar o desenvolvimen­to e o uso da IoT, “se estreitarmos nosso foco nos avanços realmente necessários para fazê-la funcionar de maneira adequada e permitir a difusão da tecnologia, o destaque principal são as plataformas de te­lecomunicações e, em especial, as funcionalidades 5G adequadas para apropriações na rede da IoT”, afirma o engenheiro.

Uma segunda área de inovação importante é a de energia: “Deve­mos esperar coisas como dispo­sitivos de ponta de IoT mais efi­cientes, melhores maneiras de fornecer energia para dispositi­vos relacionados à IoT e novas tec­nologias relacionadas à computa­ção para aumentar a eficiência de energia de wearables e outros dis­positivos de IoT com computação intensa”, prevê Colcher.

Uma terceira área de impacto será a de ciência de dados (data science) e Inteligência Artificial, acrescenta o engenheiro, “para as quais os sistemas de IoT certa­mente serão uma fonte importante de dados, exigindo sistemas mais complexos de ferramentas e algo­ritmos, sobretudo em contextos de segurança e análise preditiva”.

BENEFÍCIOS PARA ECONOMIA

E quais seriam os setores da economia que mais se beneficia­rão com a avanço da IoT? Para Ar­tur Ziviani, a área de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC, na sigla em inglês) será be­neficiada tanto como fornecedo­ra de equipamentos de IoT quanto como desenvolvedora de soluções integradas para análise de dados em larga escala. Embora a IoT vá exercer grande impacto em mui­tas áreas, como saúde, automação, mobilidade e segurança, entre ou­tras, seu avanço em diferentes se­tores depende de muitos aspectos econômicos, políticos e sociais de cada país, ressalva o engenheiro do IEEE. “No Brasil, considerando o potencial de investimentos em so­luções inovadoras, o agronegócio será impactado com diretamente pelos equipamentos de IoT e aná­lise de dados para otimizar cada área de produção”, prevê Ziviani.

Raul Colcher também aponta a TIC como área a ser beneficia­da. “Em particular, é provável que a evolução de redes de Internet e telecomunicações se relacione di­retamente à evolução da tecno­logia da IoT”, acrescenta Colcher. No caso de usuários dessa tecno­logia, previsões destacam saúde, automação industrial, mobilida­de urbana e cidades inteligentes como os setores que mais se uti­lizarão da IoT para avançar suas atividades. Também ratificando as previsões de Ziviani, Raul Col­cher ressalva que esses avanços dependem de condições econô­micas, tecnológicas, regulatórias e até culturais de cada país, o que implicará em diferentes cenários e ritmos. E igualmente prevê que, no Brasil, o setor de agronegócio desempenhará um importante papel nos rumos do mercado.

 

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