Magistrado marca júri para caso Martha Cosac
Welliton Carlos da Silva
Publicado em 19 de fevereiro de 2016 às 22:14 | Atualizado há 9 anosUm dos mais rumorosos crimes que ocorreu em Goiás poderá ter desfecho em breve. O juiz Jesseir Coelho Alcântara, do 1º Tribunal do Júri de Goiânia, definiu que o tenente-coronel Alessandri da Rocha Almeida e Frederico da Rocha Talone, suspeitos de matarem Martha Cozac e o sobrinho Henrique Talone, serão julgados em 15 de março deste ano.
O assassinato de Martha e Talone ocorreu em 1996 e tornou-se um fato rumoroso da história criminal de Goiás. Frederico chegou a se mudar para os Estados Unidos no curso do processo.
O júri foi adiado por três vezes, quase sempre motivado pelos recursos apresentados pelos réus.
O delito entrou para a lista dos crimes insolúveis do país devido à demora em se fazer Justiça. Pesquisadores de Direito Penal e Processual Penal apontam o caso emblemático de Goiás de como a legislação pode ser utilizada para atrasar os atos da justiça criminal.
Um verbete do Wikipedia, a enciclopédia colaborativa, trata do caso na rede mundial de computadores: “O caso Martha Cosac foi um dos crimes que mais ganhou destaque na mídia e chocou o estado de Goiás. Martha era empresária e parente dos políticos Lamis Cosac e Rubens Cosac, que foi deputado federal e presidente da Assembléia Legislativa do estado”.
Nas aulas de direito das faculdades goianas, o duplo homicídio é citado como caso em que nem sempre o processo atua à favor da sociedade.
MORTE
Conforme a Polícia Civil, os assassinos da mulher e do menino de 11 anos deixaram poucas pistas materiais, como a faca cravada nas costas do garoto.
De acordo com o inquérito policial, Martha foi morta com violentos golpes de faca. Dentre as circunstâncias do crime, um fato chamou atenção: o carro da empresária foi roubado e abandonado próximo do Lago das Rosas.
As duas vítimas foram encontradas no interior da confecção Última Página, no Setor Sul, em Goiânia, empresa de propriedade de Martha.
A mulher foi “encontrada nua, com vendas nos olhos e amordaçada”, diz o inquérito policial, repetido na denúncia realizada pelo Ministério Público.
O motivo do crime seria financeiro: no dia 7 de outubro de 1996, a empresária teria chegado de uma viagem e chamou Frederico da Rocha Talone na confecção, onde também era sua casa. Lutador de jiu-jitsu, ele foi também o contador da empresa.
Martha o convocou para se apresentar no outro dia, mas os suspeitos teriam ido às 23h.
Ao chegar na residência, eles foram convidados para que entrassem no local. Em seguida, diz a denúncia, aplicaram golpes e imobilizações na mulher. Por fim, a mataram para roubar um cheque já assinado de R$ 1,5 mil, cartões de crédito e de banco, carro, som, joias e dinheiro.
A criança só foi assassinada devido ao fato dela ter presenciado o crime.
A cena em que é encontrada com a arma cravada no corpo chocou os peritos goianos pela crueldade.
Ao pronunciar os réus, em 23 de março de 2010, Jesseir Coelho de Alcântara disse que a materialidade do delito estava comprovada.
Os acusados negam a prática do crime e relatam que as provas são insuficientes e frágeis diante da gravidade da denúncia. A reportagem do DM não conseguiu ouvir os defensores dos dois suspeitos.
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