Cotidiano

Médicos compram remédios para conseguir atender pacientes em Goiânia

Uma nova paralisação dos profissionais da saúde a partir da próxima segunda-feira, 9, chama atenção para a crise em Goiânia. Segundo Maria Eduarda Oliveira, credenciada pela Secretaria Municipal de Saúde

Wagner Lima - Estágio DM

Publicado em 5 de dezembro de 2024 às 14:17 | Atualizado há 4 semanas

Uma nova paralisação dos profissionais da saúde a partir da próxima segunda-feira, 9, chama atenção para a crise em Goiânia. Segundo Maria Eduarda Oliveira, credenciada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), as unidades se tornaram “ambientes de caos”, com falta de medicamentos básicos, carência de equipamentos, insegurança física e incertezas sobre direitos trabalhistas.

“Há 15 dias estamos vivendo falta de medicamentos simples como dipirona, hidrocortisona, salbutamol, bromoprida. Quando há reposição, ela dura, em média, 24 horas”, conta Maria Eduarda.

No fim da tarde desta quarta-feira, 4, a Prefeitura anunciou a compra imediata para abastecer a rede municipal de saúde, numa tentativa de fazer com que o sindicato suspenda a paralisação.

“Normalmente a gente sempre entra em contato com esses revendedores hospitalares e a gente compra, do próprio bolso e anda com uns 4, 5 na bolsa”, destaca.

Contudo, a escassez de insumos é apenas uma parte do problema. Os contratos de biomédicos expiraram e não foram renovados, afetando os serviços laboratoriais na maioria das unidades.

Além da precariedade estrutural, os médicos enfrentam a insegurança nas unidades de saúde. Pacientes frustrados com a ausência de soluções para suas demandas acabam dirigindo sua raiva contra os profissionais.


“Os carros dos médicos foram arranhados na porta do CAIS. Esta semana, um paciente chegou a mostrar os órgãos genitais para uma colega durante uma discussão, tentando intimidá-la”, relata Maria Eduarda.

Outro ponto crítico denunciado pelos médicos é a irregularidade no repasse do INSS. Apesar do desconto mensal nos contracheques, os extratos previdenciários mostram que os valores não estão sendo transferidos pela prefeitura.

A situação salarial é outro fator que agrava o cenário. Com atrasos recorrentes, os profissionais afirmam não ter garantia de quando receberão seus pagamentos, o que impacta diretamente a qualidade de vida e o desempenho no trabalho.


“Essa é a situação dos médicos em Goiânia: trabalhamos sem segurança, sem medicamentos, sem estrutura e sem a certeza de que nossos direitos estão sendo respeitados. É desumano para nós e para os pacientes que atendemos”, conclui Maria Eduarda.

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