Cotidiano

Munik tem o Brasil aos seus pés

Welliton Carlos da Silva

Publicado em 5 de abril de 2016 às 23:58 | Atualizado há 1 semana

Antes de entrar no Big Brother 16, a estudante goiana Munik, 19, disse que para ganhar o jogo midiático era preciso ser humilde, carismática, não fazer intrigas e ser amiga de todos. “É preciso ter sinceridade e não duas caras”, disse.

Na final, ela tornou-se a vencedora do prêmio de R$ 1,5 mi por tudo que prescreveu.  E mais: resgatou da UTI o “Big Brother”, um programa que iniciou sem prestígio e graça. Mas que se tornou em algo rentável para a rede Globo.

Em todas pesquisas, seu nome apareceu como favorito, principalmente pelo perfil que traçou durante todo o jogo: uma jovem honesta.

Vencedora das seis modalidades de votação do novo sistema do BBB, ela disse que não sabe o que fará daqui para frente. Mas fez um pedido: “Me sigam nas redes sociais”.

Munik é a mais jovem a ganhar o prêmio do reality show da rede Globo.  Após a vitória, a imprensa nacional elogiou sua inteligência emocional e caráter. E disse que a goiana tem um “futuro brilhante”, como repetido pela revista “Veja”.

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Moradora do bairro Vila Santa Helena, próximo da Vila Isaura e setor Campinas, Munik nasceu na periferia de Goiânia e de lá retira a inspiração da vida: gosta de balada, música sertaneja, cria cachorro, fala com a vizinhança como se jamais predestinasse a fama.

A partir do final da adolescência, passou a perseguir os sonhos mais comuns, como ser a apresentadora do “Jornal Nacional”.  Agora, com o sucesso de seu perfil, é cotada para participar de novelas e, quem sabe, ser a nova Grazi Massafera – só que morena e mais rechonchuda.

Antes da premiação do Big Brother, já sabia o que faria com o dinheiro que ganhasse: “Vou perguntar para meus pais o que eles querem fazer. Eles são prioridade”.

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A goianinha tornou-se a mais nova sensação midiática do país por fatores que ajudam a ligar fortemente os valores da opinião pública – uma sensação não física de pertencimento comum a determinados valores, cuja maior característica é formar consensos.

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Por alguns dias, a menina da Vila Santa Helena superou o juiz Sérgio Moro, que comanda os julgamentos da Operação Lava Jato, e trouxe um pouco mais de humanidade para um país enfiado até o pescoço na corrupção. No final das contas, a vitória da periferia era talvez mais repleta de virtude do que a tomada do poder pelo grupo do ex-metalúrgico  que adora água italiana e se embrenhou em dólares.

Ao contrário dos estigmas, Munik  encarnou a personagem carismática que não se molda ao perfil esperado pela opinião pública – por isso a surpreendeu. Quis que seu desempenho de vida comum a tornasse popular.

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Jovem, ela demostrou valores que faltam em uma juventude corrompida. Em tal sociedade, que ora se mantem na linha crítica ora se vangloria do malfeito, não existe espaço para humanos.

Mas a Munik foi, de fato, a simbologia do humano: chorou, deu ratas, ficou nervosa e se emocionou. Jogou nos limites das regras, mas na maioria das vezes, para quem a acompanha, ela foi simplesmente uma garota provinciana que gosta é de se divertir.

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Esperava-se dela um comportamento supersexualizado. Mas ela agiu com absoluta normalidade. Tentou-se imputar à menina da periferia atributos negativos, mas ela despistou, com gestos e performances de quem vivenciava a vida e não interpretava papeis.

Por isso a goianinha, chamada de “pequi” por Pedro Bial, surpreendeu.

Em determinado momento do jogo, o brother Tamiel, também goiano, se assustou com a sinceridade de Munik: ela disse que os irmãos usam maconha e a mãe acha que é cigarro de cravo. “Coitado dos seus irmãos: vão perder o emprego”, disse Tamiel, em um julgamento conservador, mas precavido.

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Munik foi mesmo julgada nas redes sociais. Esperavam dela cenas de nudez excessivas. Ela apenas revelou o corpo bonito, sem forçar.  Falaram que ela foi racista. Mas uma bola fora dos críticos.

Ganhou os elogios dos amigos e de gente que participava do programa com outros propósitos, como um ator da Globo que entrou para beber de sua beleza e encantá-la  exatamente uma das revelações que ficaram para o último dia do reality show. E ele elogiou a jovem de Goiânia com sinceridade:  “Linda, charmosa, simpática e de coração incrível”.

As emoções até aqui foram reais, como quando observou a família e soltou seu palavrão mais grosseiro: “Gente, minha mãe, que vontade de chorar. Puta que pariu!”

 

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A família observou de longe a vitória da goianinha:  irmãos Leandro, Júnior, a mãe Doracy e tantos outros torceram apenas para que a garota não decepcionasse o clã, não fizesse nada de errado, não se equivocasse. “Sentia falta e vontade de dar uns tapas nela”, disse a mãe da BBB.

Durante os entreatos do reality show, a mãe Doracy deu seus pitacos: “Não quero ela com o Renan, mas não adianta: ela pula em cima. Estranho a minha filha, pois ela não é de insistir. Ela é que sempre disse: ‘a fila anda, mãe! É assim a Munik”.

A menina de Goiânia gosta de homens mais velhos, prefere o sorriso deles ao corpo sarado, curte Wesley Safadão e acompanha ‘Vídeo show’ e ‘Malhação’. O gosto cultural pouco sofisticado mostra exatamente de onde saiu a garota que é campeã de simpatia: dos núcleos familiares mais humildes do país, cuja diversão, na maioria dos casos, é lembrar de como era boa a infância – “Gostaria de voltar aos 12 e 14 anos, quando estudava perto de casa e tomava refrigerante”.

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A menina absolutamente normal que perdeu a virgindade aos 15 anos e que garante ter feito alguns nudes e enviado para um dos dois ex-namorados é agora uma diva da telinha. Tem inúmeras possibilidades pela frente. Até se afastar dos selfies com puxa-sacos (de políticos a amigos interesseiros), ela deve pensar numa saída para a vida.

Tem mais talento do que a maioria dos brothers and sisters.

Quem viver verá!

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