Cotidiano

“O Hugo não vai parar”, diz médico

Diário da Manhã

Publicado em 24 de setembro de 2018 às 23:27 | Atualizado há 2 semanas

O médico e diretor-geral do Hospital de Urgência de Goiânia (Hugo), Ciro Ri­cardo Pires de Castro, disse ontem que “a demanda por atendimento na unidade hospitalar ainda é mui­to grande”. Em entrevista ao Diário da Manhã no início da noite, ele reforçou que o Hugo não pode pa­rar e que se trata de uma referên­cia em Goiânia para vários tipos de atendimentos. Castro pontuou que o hospital “está limpo, do mesmo jeito” e destacou que “os governos estadual e federal precisam repas­sar recursos” para o Hugo.

“Por enquanto estamos notifi­cados para construção de um pla­no de contingência que deverá ser protocolado no Ministério Público Federal (MPF) na quarta feira. Até lá, vamos atender normal o que sem­pre atendemos”, ressaltou. Segundo ele, o plano que será apresentado ao MPF é conhecido por todos. “Devi­do a falta de vagas, iremos atender ao perfil exclusivo do hospital. Até na quarta feira definiremos ques­tões mais abrangentes que poderá incluir redução de leitos ou coisas do tipo, caso não haja repasse finan­ceiro por parte da SES”, diz.

No começo da tarde, o Ministé­rio do Trabalho (MT) determinou a interdição das atividades de enfer­magem e médicas do Hugo. Emi­tido após uma auditoria, o docu­mento estabeleceu que a unidade hospitalar conta com falta de me­dicamentos e insumos, o que co­locaria “em risco grave, iminente e recorrente” a vida dos profissio­nais e pacientes. Peritos e integran­tes do Conselho Regional de Farmá­cia (CRF) teriam comprovado que a situação no tradicional hospital bei­ra o caos e poderia entrar em colap­so em qualquer momento.

O Ministério Público Federal (MPF) deliberou que a Secretaria de Saúde (SES) deve encaminhar em um prazo de 48 horas relató­rio consolidado com as pendên­cias financeiras de todos os hos­pitais que são administrados por Organizações sociais, em Goiás. A reportagem do DM apurou junto a fontes ligados ao MPF que o Insti­tuto Gerir, responsável pela gestão do Hugo, tem o mesmo prazo para encaminhar o plano de contingên­cia para atender os acordos reais de disponibilidade financeira.

A reportagem do DM entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), mas até o fecha­mento desta edição não obteve res­posta. O DM também tentou con­tato com o Instituto Gerir por meio de ligação telefônica e via e-mail, porém não teve retorno até a pu­blicação desta reportagem.

INTERDIÇÃO

Com a interdição pelo Ministério do Trabalho (MT), a unidade hospi­talar tem até amanhã para apresen­tar um plano de emergência com objetivo de atenuar a admissão de novos pacientes. A administração também possui a possibilidade de criar protocolo com caráter emer­gencial para que quem esteja in­ternado possa de fato ser atendido dentro do prazo fixado pelas dire­trizes de segurança do trabalho. O motivo que teria gerado essa crise é a falta de repasses do Governo de Goiás para o Instituto Gerir, Organi­zação Social (OS) responsável pela gestão do Hugo desde 2012.

Durante conversa com direto­res, os fiscais foram informados de que a falta de repasse das verbas teriam papel crucial para a aquisi­ção de medicamentos e insumos. Assim, a direção precisaria esco­lher quem iria pagar, já que a uni­dade está em crise. Há um mês o Hugo dá sinais de que não vai con­seguir chegar funcionando até o fi­nal de semana. O hospital foi usa­do nas campanhas do PSDB como carro-chefe e excelência no aten­dimento na área da saúde, mas atualmente vem funcionando com recursos mínimos que são repas­sados para tocar a unidade.

Criado em 1987, o então gover­nador de Goiás Henrique Santil­lo (PMDB) afirmava que os gesto­res futuros teriam de ter cuidado para que a unidade de saúde não sucumbisse aos desmandos do Poder Público. Agora, mais de 30 anos depois, o hospital convive com o mesmo problema o qual Santillo já chamava atenção, a falta de estruturas mínimas para conti­nuar com as portas abertas.

]]>

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

últimas
notícias