Cotidiano

O vírus que provoca câncer

Diário da Manhã

Publicado em 20 de setembro de 2016 às 02:11 | Atualizado há 2 semanas

  • Homem é o principal transmissor do HPV para as mulheres; por isso, ambos os sexos devem ser imunizados
  • Metade da população sexualmente ativa já teve contato com o vírus em algum momento da vida. O Human Papíloma Vírus (HPV) que atinge a pele e as mucosas pode causar verrugas ou lesões causadoras de câncer, como o câncer de colo de útero, garganta ou ânus. Estimativas sugerem que 99% das mulheres que possuem câncer de colo do útero foram infectadas pelo vírus.

    A especialista clínica Marilene Lucinda afirma que existem mais de 200 tipos de HPV e explica que alguns casos podem ser causadores de câncer. “É um vírus transmissível que possui vários tipos, sendo alguns oncogênicos – que são causadores de câncer”. De acordo com a médica, o HPV pode ser sintomático clínico e subclínico. “Alguns tipos podem causar verrugas e, apesar de não serem tão maléficos, causam incômodos entre os parceiros. O principal sintoma do vírus benéfico está no aparecimento de verrugas, enquanto o maléfico (subclínico) não apresenta sintomas e, numa forma muito avançada da doença, pode aparecer em forma de câncer”, explica.

    Ela explica que o HPV pode ser sexualmente transmissível ou não, e que o diagnóstico ocorre através de análise clínica. “O diagnóstico é feito por exame clínico ou específico de laboratório onde é feito coleta de material para análise médica”.

    A forma de tratamento e medicação deverá ser estabelecida levando-se em conta a idade da pessoa infectada, o tipo de HPV, a extensão e a localização das lesões. “Existe medicamento e tratamento específico para cada caso. E quando o HPV avançado, na forma de câncer, é feito a retirada da lesão por meio de processo cirúrgico”, explica a especialista clínica Marilene Lucinda. Ainda, segundo ela, o tratamento varia de acordo com o caso, da fase, se é benigno ou maligno.

    A médica salienta que, geralmente, as verrugas aparecem nos jovens no início da atividade sexual e que o uso de preservativo em todas as relações sexuais é importante para prevenir a transmissão do vírus e outras doenças.

    O contágio também pode ocorrer por meio de roupas e objetos, o que torna a vacina um elemento relevante da prevenção, bem como a prevenção e tratamento em conjunto do casal. Quaisquer pessoas que tenham uma vida sexual ativa estão em risco de entrar em contato com algum dos tipos de HPV. Contudo, alguns fatores de risco aumentam a chance de esse contato ocorrer: sexo sem proteção, vida sexual precoce, múltiplos parceiros, não fazer exames de rotina, queda do sistema imunológico e a presença de outras doenças sexualmente transmissíveis.


    Vacinação deve ocorrer em homens e mulheres

    A vacina do HPV é uma forma interessante de prevenir a doença. Existe vacina para prevenção HPV aprovada e registrada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que está disponível: a vacina quadrivalente, que confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18.

    A imunização previne aproximadamente 70% dos casos de câncer de colo do útero, aqueles causados pelos HPV 16 e 18, e é uma estratégia possível para o enfrentamento do problema.

    Segunda a especialista Marilene Lucinda, o combate à doença na população passa pelo controle do vírus entre o público masculino. “É preciso lembrar que o homem é o principal transmissor do HPV para as mulheres. Por isso, a importância de ambos os sexos serem imunizados. A imunização, tanto na mulher quanto no homem deve ser feita antes do início da atividade sexual”, afirma.

    A imunização contra o vírus é feita em rede pública de saúde e particular. Segundo a especialista Marilene Lucinda “Como a rede pública oferece a vacina apenas para mulheres e só de algumas faixas etárias, quem interessar deve levar em conta o custo-benefício e tomar a vacina na rede particular”, orienta. Como a atividade sexual tem sido iniciada cada vez mais cedo, o aconselhável é que a imunização ocorra entre os 9 e 11 anos de idade.

    Atualmente, a vacina aprovada para aplicação em homens é a quadrivalente, que protege contra os sorotipos 6, 11, 16 e 18, que são responsáveis por cerca de 40% dos casos de câncer de pênis e de câncer anal em homens. Oito em cada dez indivíduos sexualmente ativos entrarão em contato com o vírus no decorrer de suas vidas. Contudo, a especialista salienta que a vacina não dispensa o exame preventivo e o uso de preservativo. Ela alerta ainda para a importância da vacinação mesmo que a pessoa já tenha contraído o vírus. Afinal, ela permanece suscetível à infecção por outros sorotipos.

     

     

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