PM quer fechar bares nas madrugadas

O tenente-coronel Ricardo Rocha, comandante do Policiamento da Capital, encaminhou para a Câmara Municipal de Goiânia uma proposta para ser elaborada lei que determine o fechamento de bares, distribuidoras de bebidas e similares durante as madrugadas em Goiânia. “Essa é uma alternativa para reduzir os índices de violência em Goiânia, haja vista que estudos científicos comprovam que o consumo de álcool potencializa a prática de atos violentos”, comentou.

O projeto, intitulado “Pacto pela Vida em Goiânia”, prevê que a Câmara de Vereadores promova debates e audiências públicas junto à população para discutir o assunto da violência, suas causas e propostas para reduzir a incidência de crimes violentos. A principal preocupação do comando da PM na Capital é o alto índice de homicídios que foram cometidos em Goiânia em 2016 e a relação que esses crimes guarda com o consumo de álcool, principalmente nas madrugadas.

“Conforme os dados apresentados pelo Observatório da Segurança Pública (SSPAP), dos 442 homicídios registrados na capital no ano de 2016, cerca de 20% ocorreram em ambientes de bares e de distribuidoras de bebidas ou nas suas proximidades, no período compreendido entre as 23:00 e 06:00 horas”, explicou o tenente-coronel Rocha.

Para o comandante essa relação é potencializada pelos efeitos do álcool no organismo de quem se dispõe a consumi-lo de madrugada e que essa é uma estratégia de baixo custo para reduzir essa criminalidade. “O álcool é um importante facilitador de situações de violência e aumenta o risco do indivíduo que o consome ser um perpetrador ou vítima de agressões ou atos violentos. O álcool afeta diretamente as funções cognitivas e físicas, além de reduzir o autocontrole e a habilidade de processar informações e avaliar situações de risco, ou seja, diminui a capacidade de julgamento e torna o indivíduo mais vulnerável a de conflito e vitimização por homicídios”.

A proposta foi levada pelo tenente-coronel Ricardo Rocha para o presidente da Câmara Municipal, vereador Andrey Azeredo. Ele estava acompanhado do sub-comandante do CPC, tenente-coronel Henrikson e pelos Vereadores Cb Sena (PRP) e Delegado Eduardo (PV).

“A título de sugestão e fundamentado no cenário estatístico apresentado, a posição da PM na capital é a de que os dias e horários de funcionamento dos bares, das distribuidoras de bebidas e de estabelecimento similares seja às segundas, terças, quartas, quintas e domingos até as 00:00 horas e às sextas e sábados até às 02:00 horas”, explicou o comandante do CPC.

Endosso

O sub-comandante do 9º Batalhão da Polícia Militar, capitão Euler, a medida é positiva e poderá gerar uma gradual diminuição dos índices de violência. A área do policiamento sob responsabilidade dele compreende um grande perímetro na Região Norte de Goiânia e era uma das mais violentas. Ações efetivas foram capazes de reduzir a criminalidade e violência nos setores e essa experiência poderá ser fundamental para outros locais da capital. “Sob a liderança de nosso comandante-geral, coronel Alves e o comandante deste batalhão, tenente-coronel Marreiros, empreendemos ações que reduziram a violência e isso pode ser levado para toda a cidade”, frisou.

Para capitão Euler medidas como o fechamento de bares pode ser uma solução. “Nas cidades onde foram implantadas a lei, comprovadamente, reduziu em média 16% o índice de violência nas capitais. O indivíduo que quer praticar um homicídio, ou qualquer outro ilícito penal, as vezes, ele vai para uma distribuidora ou barzinho para criar coragem. É comum observar ocorrências de homicídios, tráfico de drogas, dentre outros, acontecerem nesses locais ou próximo a eles. Podemos observar ainda, que a violência aumenta nos finais de semana, que coincide com o aumento de consumo de álcool e outras drogas, principalmente pela população jovem. O enfrentamento da violência com políticas públicas, com o engajamento da população, adotadas pelo município pode contribuir para a redução da violência”, explica.

O vereador Wellington Peixoto (PMDB) é contra a medida de fechamento de bares e similares, como distribuidoras de bebidas, porque acentuaria os efeitos da crise financeira que assola o País. “O que é preciso fazer é aumentar o efetivo do policiamento para combater a criminalidade e não fechar comércio que está gerando emprego e renda” ressalta.

Para o advogado Vandelino Cardoso, especialista em Direito Penal, a medida poderá ser importante acelerador do combate à criminalidade. “O projeto do ilustre oficial é absolutamente necessário como forma de combater a violência, que chegou a um nível insuportável. Entretanto, subsistem outros mecanismos de combate para aplacar a criminalidade. Contudo, é necessário aquiescência de outros organismos do poder público, para legitimar o ato”, finaliza.