Polícia prende dois pela morte de estudante; Eliton promete elucidar novos crimes
Welliton Carlos da Silva
Publicado em 26 de fevereiro de 2016 às 13:26 | Atualizado há 2 semanasA Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás apresentou na manhã desta sexta-feira, 26, os suspeitos pelo assassinato da estudante Nathália Araújo Zucatelli, de 18 anos. Ela foi morta na última segunda-feira, nas proximidades do colégio Protágoras, no setor Marista.
Durante a coletiva de imprensa, dois suspeitos confessaram participação direta e indireta no crime: a autora do disparo e o proprietário do revólver.
Uma ironia: a suspeita por tirar a vida da estudante que veio de Rondônia para Goiânia se chama Natália Gonçalves de Sousa.
Na entrevista coletiva, Natalia disse que se assustou quando a moto pilotada pelo comparsa saiu em disparada, o que ocasionou de forma acidental o homicídio. Conforme esta versão, a mulher atirou sem querer na estudante.
Mas na delegacia a suspeita contou que atirou porque quis. A mudança de discurso pode ajudá-la a reduzir a pena, que é diferente para homicídio culposo e doloso.
Já a vítima, após a abordagem, teria virado as costas para ir embora, quando foi alvejada pela assassina.
Matheus Queiroz Aguiar, o piloto da motocicleta preta, utilizada durante a prática do homicidio, está foragido.
PUNIÇÃO
O novo secretário de Segurança Pública, José Eliton, participou da coletiva e disse que a punição efetiva a este crime não significa que delitos de menor repercussão serão esquecidos. “Haverá punição para qualquer outro crime”, disse Eliton.
Logo após ser chamado para ocupar a pasta, Eliton foi incisivo em dizer aos policiais da equipe da Secretaria de Segurança Pública que a sua polícia teria que ser corajosa, ir para as ruas e encontrar os suspeitos para que Ministério Público e Poder Judiciário realizem o devido processo legal.
Uma das estratégias para encontrar os criminosos incluiu cruzar dados de outros crimes. Na noite de quinta-feira, com o nome dos suspeitos em mãos, e um pedido de prisão aceito pelo Tribunal de Justiça (TJ-GO), a polícia foi em busca dos supostos autores.
Veja vídeo!
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A Polícia Militar analisou as ocorrências dos dias anteriores e no dia do assassinato da estudante. Ao juntar as pistas de um e de outro, a polícia encontrou primeiro Natália Gonçalves de Sousa, que já esteve presa até setembro de 2015.
Natália teria passagens policiais por receptação. No dia do homicídio, diz a Polícia Militar, praticou dois roubos. Foi determinante o depoimento de uma vítima de roubo da dupla de criminosos, que anotou a placa da moto.
Em seguida, a Polícia Militar encontrou Fernando Rodrigues Júnior, que seria, conforme a versão da polícia, o responsável por emprestar a arma utilizada no crime (revólver calibre 32).
A partir da indicação de Fernando, a Polícia Militar encontrou o revólver em um depósito de reciclagem de lixo.
A Secretaria de Segurança Pública realiza agora investigação de balística para comprovar se a arma foi efetivamente utilizada no crime realizado na noite de segunda-feira.
Conforme informações da própria Natália, ela e Matheus fugiram para Anápolis logo após o homicídio. Na quarta-feira, a suspeita resolveu voltar para Goiânia, onde acabou presa, na casa da mãe, na rua C143, Jardim América. Já Fernando foi detido na rua C 131, no mesmo bairro.
Na coletiva realizada na Secretaria de Segurança Pública, Natalia disse que quer pagar o que deve, “os pecados” que praticou.
No Brasil, por um “pecado” como este – e por decisão dos legisladores – a pena não ultrapassa 30 anos.
POLÍCIA
A tática utilizada pela Secretaria de Segurança Pública na prisão da mulher que confessou o homicídio da estudante incluiu trabalho coordenado pela Polícia Militar de Goiás e Ministério Público.
A investigação em sua totalidade ocorreu no trabalho unificado da PM2, 2° Seção do Comando de Policiamento da Capital, 9° Companhia Independente da Polícia Militar e o Centro de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) do Ministério Público de Goiás, que nutriu os policiais de informações sobre os suspeitos.
O vice-governador José Eliton elogiou a equipe de policiais que realizou a investigação e colocou os suspeitos nas mãos da Polícia Civil.
Conforme Eliton, a atuação da polícia será mais intensa daqui para frente, fato que, segundo ele, será mais percebida pela população.
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“É pagar o que eu devo. E arrepender dos meus pecados”
Equipe da Polícia Militar de Goiás realizou entrevista com a suspeita Nathália Araújo Zucatelli, que confessou o homicídio diante das câmeras.
No diálogo, ela explica como praticou o crime, a reação da jovem e para quem entregou a arma.
Que tipo de crime você já foi presa:
Natalia – 180. (no Código Penal, o crime de receptação)
Ficou quanto tempo presa por esse crime?
Natalia – Uma semana.
Qual o grau de envolvimento neste homicídio
Natalia – Foi eu que atirei.
Tinha mais alguém com você?
Natalia – Um motoboy.
Nome dele?
Natalia – Matheus.
Onde você conseguiu a arma?
Natalia – Com o Fernandinho.
Quem é esse Fernandinho?
Natalia – dono do depósito de reciclagem
Você já participou de outros roubos?
Natália – Não. Mas no mesmo dia foram três
E qual critério para escolher a vítima?
Natalia – Foi ele quem escolheu. Não foi eu não.
Como foi o crime?
Natalia – Ele chegou no Ferro Velho e me chamou para fazer um assalto. Eu estava precisando de dinheiro. Meus filhos estavam sem água e sem energia…Peguei e falei que eu iria. Aí chegou lá e já tinha pegado duas vítimas já. E na hora de ir embora ele encontrou ela. E falou: é essa. Aí foi na hora que a moto disparou…E eu atirei nela.
Você viu que tinha atingido ela?
Natalia – Sim senhor
E o que fizeram com a arma e os bens?
Natalia – Não, a gente não pegou nada dela não. A arma do crime eu entreguei pro Fernandinho assim que eu cheguei.
Qual a reação dela?
Natalia – Foi normal a reação dela. Ela só virou as costas e saiu. Mas o motoqueiro saiu pinado. Foi a hora que eu assustei e disparou.
E o que pensa da situação?
Natalia – É pagar o que eu devo. E arrepender dos meus pecados, e sair e ter uma vida normal.
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