Cotidiano

Polo industrial de resíduos pode ter trabalho humanizado

Diário da Manhã

Publicado em 22 de agosto de 2018 às 04:10 | Atualizado há 6 anos

O aterro sanitário de Goiâ­nia deve em breve se tor­nar polo industrial de re­síduos sólidos. A medida pode trazer benefícios para a popula­ção que mora na saída para Trin­dade e é atingida pelo mau cheiro provocado por detritos. Além dis­so, a relação de trabalho estabele­cida com os catadores de lixo será regido pelo viés da humanização. Ao todo, a Capital goianiense con­ta com pelo menos 15 cooperati­vas de coleta e a meta da Secre­taria Municipal de Planejamento Urbano (Seplan) é que esse tipo de atividade conte com fomento por parte do Poder Público.

Em entrevista ao Diário da Ma­nhã na tarde de ontem, o profes­sor de saneamento da faculdade Araguaia Danilo Cunha explicou que a iniciativa do aterro sanitá­rio tem tudo para trazer benefí­cios aos moradores. Ele ressaltou, entretanto, que algumas orienta­ções precisam ser cumpridas à risca para que nada dê errado no momento em que o projeto estiver sendo implementado. “Para isso, é necessário que haja conformi­dade com as exigências pregadas pelos órgãos reguladores, como a distância que se deve ter das mo­radias ao aterro. Esse tipo de ini­ciativa poderia diminuir o mau cheiro”, diz o professor.

Ontem, a Câmara Municipal de Goiânia começou a discutir a viabilidade do projeto e os possí­veis impactos do polo industrial. De acordo com o vereador Gusta­vo Cruvinel, que preside a Comis­são do Meio Ambiente da Casa, a ideia do aterro sanitário é boa. “Temos que encontrar saídas para evitar que os resíduos cheguem ao aterro e, assim, a gente consi­ga aumentar a sua vida útil”, diz. Ele destacou ainda que as coo­perativas vêm sustentando a co­leta seletiva na capital e, por isso, precisam ser levadas a sério. “Es­sas cooperativas sustentam a co­leta seletiva em Goiânia e preci­sam ser valorizadas”.

Desta forma, os moradores das proximidades vão dispor de dis­tância de 450 metros entre suas residências, distância tida como ideal para evitar incômodos aos moradores. Polo terá ainda faixa verde no chão onde será finaliza­do que ali funciona o aterro sa­nitário. Haverá também proteção contra odores provocados pela ati­vidade. Sugerida pela Prefeitura de Goiânia por meio de Comissão Es­pecial do Plano Municipal de Resí­duos Sólidos, o projeto foi encami­nhado pelo prefeito Iris Rezende (MDB) à Câmara de Vereadores.

Contudo, há um problema no texto apresentado, porque o Plano Diretor permite que seja feito um loteamento. Em março, o vereador Vinícius Cirqueira disse que é ne­cessário tornar o aterro sanitário rentável e, ao mesmo tempo, pen­sar nos problemas que o espaço possui. O trabalho para elaboração do projeto vem sendo discutido há meses. Texto chegou a ser entregue à Comissão de Constituição e Justi­ça (CCJ) para ser avaliado. Empre­sas detêm autorização para ser ins­taladas ao longo da GO-070.

COOPERATIVAS

Em agosto do ano passado, a Prefeitura de Goiânia cedeu qua­tro áreas que ao todo somam oito mil metros quadrados para quatro cooperativas de catadores de mate­riais recicláveis. Nas localidades ce­didas pelo Paço Municipal, as em­presas vão construir galpões com recursos de um Termo de Ajusta­mento de Conduta (TAC) entre as cooperativas e o Ministério Público de Goiás (MP-GO).

Além das áreas de dois mil me­tros quadrados, localizadas nos setores Barra da Tijuca, Chácara Recreio São Joaquim, Residen­cial Senador Albino Boaventura e Santos Drumont, o Paço disponi­bilizou projeto arquitetônico para a construção de galpões que terão a finalidade de produzir triagem de resíduos sólidos recicláveis. Ao todo, o projeto custou aos cofres públicos R$ 4 milhões. Na oca­sião, um membro do Grupo de Trabalho da Coleta Seletiva em Goiânia salientou que o projeto estava passando por todos os re­quisitos necessários.

Fundado em 1993, a capaci­dade do aterro sanitário está 70% acima do que é considerado ideal. Espaço possui 450 metros qua­drados e processa 45 mil tonela­das de resíduos sólidos por mês. Estudiosos afirmam que os resí­duos produzidos pela sociedade moderna contribuem para que a vida útil dos aterros diminua. As­sim, os processos agrícola e in­dustrial aumentam significativa­mente a quantidade de resíduos sólidos produzidos pelo homem.

Em estudo realizado pela Facul­dade de Medicina de São José do Rio Preto, a médica Mônica Maria Siqueira argumentou que o docu­mento Agenda 21 – elaborado du­rante a conferência Eco 92 – expres­sa com tom de preocupação que as principais causas de degradação do meio ambiente estão ligados ao au­mento do consumo. “Os resíduos sólidos urbanos gerados pela so­ciedade em suas diversas atividades resultam em riscos à saúde pública, provocam degradação ambiental, além dos aspectos sociais, econô­micos e administrativos envolvi­dos na questão”, afirma.

]]>


Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

últimas
notícias