Prefeitura ignora lei de videomonitoramento
Diário da Manhã
Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 01:10 | Atualizado há 1 semanaEm 2013 foi sancionada uma lei (Lei nº 9239, 07 de fevereiro de 2013) de autoria da vereadora Tatiana Lemos, que dispõe sobre o uso obrigatório de sistema de segurança baseado em monitoramento por meio de câmeras de vídeo nas escolas, Cmeis, Unidades de Saúde, Secretarias e demais órgãos de Goiânia. Contudo, a determinação não vem sendo cumprida pela Prefeitura de Goiânia. De acordo com a assessoria de imprensa da vereadora, uma reunião será agendada até o próximo mês para discutir o não cumprimento da lei e fazer com que toda rede municipal receba a instalação de câmeras de segurança ainda esse ano.
Dentre os artigos da lei estão a obrigatoriedade de placas informando a existência do videomonitoramento, a proibição de câmeras em banheiro, vestuários e outros locais de reserva de privacidade individual, assim como ambientes de acesso ou uso restrito.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (SME) alega que abriu um processo em outubro de 2017 para instalação do monitoramento eletrônico em todas as unidades educacionais da rede municipal. Diz ainda, que o processo está na Secretaria Municipal de Administração (Semad) aguardando a licitação.
SEGURANÇA
Para os pais, as câmeras podem ser uma solução para tranquilizar ao deixar os filhos na escola. Saber que tudo está sendo filmado gera um alívio tanto no resguardo de justiça que as imagens trazem, caso algo de ruim aconteça, quanto para gerar temor àqueles que desejam agir de forma irresponsável. A insegurança dos genitores em relação a escolha da instituição é sempre de preocupação, devido aos casos de agressão e violência no ambiente escolar que vem sendo divulgados na mídia.
A desconfiança dos pais ao ver hematomas também pode gerar segurança aos próprios funcionários, quando diante a algum questionamento. Crianças de até cinco anos podem cair sozinhas, fazerem brincadeiras mais perigosas ou até brigarem com os colegas, e o videomonitoramento pode acompanhar todos essas circunstâncias para reportar, caso necessário, aos responsáveis.
A bancária Carolina Biancard, tem uma filha de 1 ano e 8 meses e desde os seus seis meses precisou deixá-la em uma creche. A instituição escolhida pela bancária é privada, e possui câmeras de segurança, tanto na parte interna, como externa, além de um porteiro. As imagens não são disponibilizadas online, mas quando solicitadas a escola disponibiliza para os pais. Isso deixa Carolina mais tranquila, e segura, quando ela deixa sua filha ao ir trabalhar.
“A câmera nos dá a segurança de saber que será possível comprovar o mal que, eventualmente, alguém cometer contra nossos filhos. Filmando fica mais fácil” conta.
ESCOLHA
Deixar uma criança na creche ou escola não é fácil para os pais, especialmente as mães que estiveram nos últimos meses dedicadas a maternidade. Algumas sentem culpa por estarem se separando do filho, e a dificuldade em escolher o local mais seguro para deixá-los piora tudo.
Milena Silva deixou o emprego para se dedicar a maternidade. Mas diante à dificuldades, decidiu buscar uma vaga no Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) para o filho Luis Gustavo de 1 ano e 3 meses para poder voltar a trabalhar. Mesmo com familiares que já frequentam o Cmei, no qual deram referências da creche, se separar do filho não foi fácil. A insegurança só passou quando pôde conhecer um pouco da estrutura. “Senti medo por não conhecer o local, mas ao entrar e ver como é, fiquei aliviada.”
Assim como outros pais, Milena acredita que a presença de câmeras poderiam, sim, garantir mais a segurança de seu filho.
Mesmo que a segurança deva ser um dos pontos principais ao escolher uma escola para confiar seu filho, existem outros fatores que devem ser levados em consideração: o projeto educativo, os profissionais, a alimentação, as condições físicas e de higiene, tudo isso contribui para a criança tenha uma boa, e segura, educação.
CASOS DE AGRESSÃO EM CRECHES E ESCOLAS EM GOIÁS
2010 – Entre os meses de outubro de 2006 e novembro de 2010, no Berçário Bebê Feliz, a proprietária, Maria do Carmo Serrano, submeteu crianças que estavam sob sua guarda a intenso sofrimento físico e mental, como forma de aplicar-lhes castigo pessoal. Uma das funcionárias do estabelecimento, não suportando a situação, levou os fatos ao conhecimento da autoridade policial e filmou as agressões praticadas pela proprietária.
Consta dos autos que as crianças eram agredidas verbalmente e fisicamente, frequentemente, com xingamentos, socos, chutes, beliscões e empurrões. Em algumas situações, Maria do Carmo as deixava sem alimentação e água potável, as obrigava a tomar banho em água fria e ingerir o próprio vômito, forçava-as a permanecerem com as roupas sujas de fezes e urina, esfregava em seus rostos panos. Em 2015, a proprietária foi condenada a 8 anos, 6 meses e 20 dias de detenção, no regime inicial semiaberto,
2012 – A mãe de um menino de 5 anos de idade diz que o filho foi agredido por uma monitora no Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Deputado Solon Batista Amaral, no Jardim Vitória, em Goiânia. De acordo com a mãe, a criança teria sido agredida na chamada hora do sono. A criança relatou o fato para a mãe, assim que ficou sabendo, denunciou o caso à polícia. A suspeita apresentou uma outra versão dizendo que usou a força para conter os alunos que estavam brigando.
2015 – Uma professora foi denunciada por agredir um aluno, de 4 anos, em uma creche em São Francisco de Goiás. A professora foi suspensa após decisão da Secretaria Municipal de Educação. O caso também foi encaminhado ao Ministério Público de Goiás (MP-GO).
A professora já havia praticado algo parecido, mas negou que tenha agredido a criança.
2017 – Uma cuidadora foi suspeita de maus tratos em uma creche de São Simão (GO). Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que ela coloca várias crianças para dormir de forma agressiva. As imagens revelam a mulher supostamente jogando as crianças no colchão e chegando a dar chutes para posicioná-las nos colchões. Depois do flagrante, várias mães procuraram a delegacia da cidade, que instaurou um inquérito para apurar o caso.
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