Cotidiano

Prefeitura tenta conter a febre amarela

Diário da Manhã

Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 02:23 | Atualizado há 2 semanas

O surto de febre amarela que acontece em vários Estados brasileiros assus­ta os goianienses, e o medo da pro­liferação da doença na Capital é constante. De acordo com infor­mações da assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Goiâ­nia (SMS), a Prefeitura de Goiâ­nia, por meio da SMS, anunciou, ontem, as medidas que serão to­madas para conter a proliferação do mosquito Aedes aegypti nos bairros com maiores índices de infestação verificados no Levanta­mento Rápido do Índice de Infes­tação por Aedes aegypti (LIRAa).

Entre as ações, estão o refor­ço na fiscalização de imóveis, tra­balho de conscientização, aten­dimento de denúncias realizadas pela população, visita em pontos estratégicos e mapeamento de ca­sas e carros abandonados nas ruas e avenidas da cidade.

Ao todo, 14 bairros recebem a partir de hoje atenção especial por parte da SMS, como os setores Cen­tral e Aeroporto, que apresentaram, de acordo com o LIRAa, índice de infestação de 7,51% cada. Segun­do o Ministério da Saúde, números superiores a 3,9% revelam risco de epidemia de dengue, por exemplo.

O mapeamento realizado pela SMS apontou ainda alto índice de proliferação do Aedes aegypti no Jardim Vitória (6,09%), Recanto das Minas Gerais (5,86%), Jardim Guanabara (5,76%), Jardim Europa (5,73%), Bairro São Carlos (5,71%), Jardim Goiás (5,24%), setor Sudoes­te (5,02%), Ipiranga (4,74%), Bueno (4,69%), Finsocial (4,55%), Parque Oeste Industrial João Braz (4,03%) e setor Santa Genoveva (3,86%).

O índice geral de Goiânia no LI­RAa foi de 3,3%, sendo considera­do situação de alerta para o Minis­tério da Saúde. As informações do estudo, de acordo com a superin­tendente de Vigilância em Saúde da SMS, Flúvia Amorim, são im­portantes porque direcionam as ações realizadas pelo poder pú­blico para conter a proliferação do mosquito transmissor de doenças como dengue e chikungunya nes­ta época do ano. “O

LIRAa permite descobrir como está a situação do município e também identificar quais os bair­ros mais críticos. Com isso, é pos­sível ampliar as ações de comba­te ao vetor”, afirma.

A superintendente explica que agora, após os resultados do ma­peamento, a SMS mobilizou uma força-tarefa para atuar nas ações de prevenção. Mais de 500 agentes de endemias estão visitando todos os domicílios das regiões mais críti­cas, recolhendo materiais que pos­sam servir de criadouros e orien­tando os moradores. “O trabalho de prevenção depende de todos, incluindo a presença dos agentes de combate às endemias nas re­sidências. Durante as visitas, nos­sos agentes vistoriam os espaços da casa para identificar a existên­cia de larvas e orienta o morador na remoção e vedação de objetos que possam se transformar em criadouros”, explica Flúvia Amorim.

Outra frente de serviço que está sendo realizada pela SMS é a Operação Cata Pneus. Nesta semana o serviço está recolhen­do pneus inutilizáveis na região Oeste da capital. Até o fim de ja­neiro as ações serão realizadas nas regiões Sudoeste e Noroes­te. A SMS também disponibiliza o “Disque Aedes”, serviço de co­municação para denunciar lo­cais com criadouros do mosqui­to. Para informar a Vigilância em Zoonoses sobre possíveis focos, o cidadão deve entrar em conta­to pelo 3524-3125 ou 3524-3131.

A organização Panamericana de Saúde (Opas), através da Organiza­ção Mundial de Saúde (OMS) aler­tou sobre o crescimento da febre amarela no Brasil e destaca o risco de surto no País se expandir. A Opas afirma que a América Latina registra desde 2016, o maior número de ca­sos da doença em décadas. Desde dezembro do ano passado, apenas o Brasil teve novos casos da doença.

Segundo a OPAS, só o Brasil re­gistrou 777 casos confirmados, 261 mortes e 1659 casos em animais entre o segundo semestre de 2016 e junho de 2017. A alta observada, destacou a OPAS, se deve tanto à uma população que não foi imuni­zada quanto às condições climáti­cas favoráveis à disseminação.

Além do Brasil, o boletim cita outros seis países que também re­gistraram casos na América Latina, como Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru e Suriname.

Ao acompanhar os boletins di­vulgados pela entidade, os dados atuais destoam pelo alto número. No primeiro boletim disponível on-line (2003), a OPAS registrava nove casos na Colômbia. Um ou­tro, de 2009, registrava 26 casos brasileiros confirmados, com 13 mortes. A alta observada, desta­cou a OPAS, se deve tanto à uma população que não foi imunizada quanto às condições climáticas fa­voráveis à disseminação.

Entre junho de 2017 até janeiro de 2018, 2296 casos em animais fo­ram registrados, dos quais 358 fo­ram confirmados, 790 não tiveram coleta e, por isso, foram registrados como indeterminados, e 461 foram descartados. O estado com maior número de casos em animais foi São Paulo, com 322, diz a entidade. Casos em animais também foram reportados em Minas Gerais (32), Rio de Janeiro (3) e Mato Grosso (1).

A entidade reforçou ser a va­cina a melhor forma de preven­ção: ela garante imunidade de 80 a 100% após 10 dias e de 100% após 30 dias. Também uma única dose protege a vida inteira contra a doença sem necessidade de refor­ço, afirma a OPAS. Devido às limi­tações na disponibilidade da va­cina, a OPAS chama atenção para prioridade em áreas de risco, onde um mínimo de 95% de cobertu­ra vacinal é necessário. A vacina­ção de rotina em crianças deve ser adiada para garantir a imunização em áreas de risco.

PREVENÇÃO

A vacinação é o meio mais im­portante para evitar a febre ama­rela. Nas zonas de alto risco, onde a cobertura vacinal é baixa, o re­conhecimento e o controlo rápi­do dos surtos, usando a vacina­ção em massa, é fundamental para evitar as epidemias. É importante vacinar a maioria (80 % ou mais) da população de risco, para evitar a transmissão numa região com um surto de febre amarela.

A vacina da febre amarela é se­gura e comportável e uma dose úni­ca confere protecção para toda a vida contra a doença, não sendo necessária uma dose de reforço.

São raros os relatos de efeitos secundários graves da vacina da febre amarela. As taxas de even­tos adversos graves depois da va­cinação (AEFI), quando a vaci­na ataca o fígado, rins ou sistema nervoso, obrigando a hospitaliza­ção, estão entre 0,4 e 0,8 por 100. 000 pessoas vacinadas.

O risco é maior para as pessoas com mais de 60 anos de idade e para quem tiver imunodeficiência grave devida a HIV/AIDS sintomá­tica ou outras causas, ou com pro­blemas do timo. As pessoas com mais de 60 anos de idade devem re­ceber a vacina após cuidadosa ava­liação da relação risco-benefício.

TRATAMENTO

Não existe medicamento para combater o vírus da febre amarela. O tratamento é apenas sintomáti­co e requer cuidados na assistência ao paciente que, sob hospitaliza­ção, deve permanecer em repou­so com reposição de líquidos e das perdas sangüíneas, quando indi­cado. Nas formas graves, o pacien­te deve ser atendido numa Unida­de de Terapia Intensiva.

Não existem tratamentos mé­dicos específicos contra o vírus da febre amarela. Normalmente o tratamento visa a melhora dos sintomas e em casos mais graves é realizado o atendimento em uma Unidade de Terapia Intensi­va (UTI), para reposição do san­gue perdido nas hemorragias, diá­lise para os rins afetados e controle geral das complicações. Devido ao risco da doença se desenvolver de forma hemorrágica, é importante evitar o uso de aspirina.

 

A TRANSMISSÃO

O vírus da febre amarela é um arbovírus do gênero flavivírus e é transmitido pelos mosquitos pertencentes às espécies Aedes e Haemogogus. As diferentes espécies de mosquitos vivem em habitats diferentes – alguns vivem em torno as casas (domésticos), outros na selva (selvagens) e alguns em ambos os habitats (semi-domésticos). Há 3 tipos de ciclos de transmissão:

  • Febre amarela selvática (ou da selva): nas florestas tropicais, os macacos, que são o principal reservatório da febre amarela, são mordidos por mosquitos selvagens que passam o vírus para outros macacos. Ocasionalmente, os humanos que trabalham ou viajam pela floresta são mordidos por mosquitos e contraem a febre amarela.
  • Febre amarela intermédia: neste tipo de transmissão, os mosquitos semi-domésticos (os que proliferam tanto na selva como junto das casas) infectam tanto os macacos como as pessoas. O maior contacto entre as pessoas e os mosquitos infectados gera uma maior transmissão e muitas aldeias separadas numa determinada zona podem desenvolver surtos em simultâneo. Este é o tipo mais comum de surtos em África.
  • Febre amarela urbana: as grandes epidemias ocorrem quando pessoas infectadas introduzem o vírus em zonas densamente povoadas, com elevada densidade de mosquitos, e onde a maioria das pessoas tem pouca ou nenhuma imunidade, por não estarem vacinadas. Nestas condições, os mosquitos infectados transmitem o vírus de pessoa para pessoa.

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