Produção de carne em alta
Diário da Manhã
Publicado em 1 de março de 2018 às 00:52 | Atualizado há 7 anosImpulsionada pela maior oferta de vacas que serão destinadas ao abate, a produção brasileira de carne bovina deverá crescer 5% em 2018, de acordo com estimativa do Rabobank, sediado em São Paulo/SP, que consome praticamente 80% do que os demais Estados produzem em grãos, carnes, frutas e hortaliças. E Goiás não fica de fora como Estado essencialmente agropecuário. Em relatório divulgado pelo banco holandês, a projeção é que os frigoríficos brasileiros produzam mais de 9,8 milhões de toneladas de carne bovina neste ano.
O aumento do abate de vacas faz parte do processo de inversão do ciclo da pecuária que está em curso. Com os preços dos bezerros em queda, os criadores são estimulados a vender mais vacas, o que impulsiona os abates de bovinos do País.
Na avaliação do banco, 2018 será um ano positivo tanto para os frigoríficos quanto para os pecuaristas. Com a maior oferta de gado para o abate, os frigoríficos devem reduzir a ociosidade, reduzindo custos fixos, aponta o relatório do Rabobank. De acordo com o banco holandês, o ritmo da recuperação do consumo de carne bovina no Brasil será fundamental para definir a cotação do boi gordo.
No relatório, o Rabobank cita a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil entre 2% e 3% em 2018. O crescimento da economia brasileira deve contribuir para o consumo de carne, o que a instituição considera ser “bem vindo” tendo em vista a maior oferta disponível.
A ANÁLISE DO RABOBANK
Segundo a análise do Rabobank, que goza de acentuado conceito, no primeiro semestre de 2017, impactadas pelo recuo das importações do Egito e pelos desdobramentos da operação Carne Fraca, as exportações brasileiras de carne bovina recuaram 8% no comparativo com o mesmo período do ano anterior.
Conforme a análise, apesar de um início repleto de dificuldades, o Brasil demonstrou forte poder de recuperação no mercado internacional de carnes. O volume acumulado de exportações de janeiro a outubro já sinaliza aumento de 5% em relação ao observado em 2016. Ressalta que, entre julho e outubro, o Egito voltou a comprar uma média de cerca de 20 mil toneladas mensais – volume similar ao de 2016, quando o país foi o segundo principal comprador de carne bovina brasileira.
Além disso, destaca que a China aumentou as suas importações de carne bovina do Brasil em mais de 25% em 2017 (também de janeiro a outubro). O ponto de atenção, porém, está na Rússia que, em novembro de 2017, anunciou restrições às importações de carnes do Brasil. Apesar das incertezas quanto à duração desse embargo, fica claro que a alta exposição ao mercado russo ainda é um risco ao desempenho das exportações de carnes em 2018, já que a Rússia é o terceiro maior comprador de carne bovina do Brasil e é o destino número um da carne suína brasileira.
“Vale destacar que em 2018 se consolida um cenário de aumento de oferta de carne bovina, como resultado do aumento esperado no número de animais terminados – tanto pelo aumento do abate de fêmeas, quanto pela postergação de abates observada parcialmente em 2017”, observa. E acentua: – Assim, a perspectiva é de aumento na disponibilidade de volumes para exportação. De toda forma, parte da produção adicional deve ser absorvida pelo próprio mercado interno, que já mostrou sinais de recuperação em 2017. Vale lembrar que, como resultado da crise econômica e aumento do desemprego, houve dois anos consecutivos de redução de consumo per capita de carne bovina no Brasil.
É importante destacar, portanto, segundo o banco, a elevada relação entre a renda disponível e o consumo de carne bovina do brasileiro. Se, por um lado, o resultado de tal relação foi negativo nos anos de recessão econômica, por outro, deve proporcionar uma retomada do consumo interno em um cenário de crescimento do PIB.
RECUPERAÇÃO ESPERADA
O Rabobank estima que o potencial de recuperação é de até 4 kg per capita ao longo dos próximos dois anos. É importante destacar que 2018 é um ano eleitoral e, consequentemente, de instabilidade no ambiente político, o que pode gerar reflexos pontuais no mercado de carne bovina. Com isso, a recomendação para os produtores é de uma gestão de riscos com foco nas margens e não em preços.
Assim, o produtor de gado de corte no Brasil deve, em 2018, aumentar esforços no entendimento de seus custos para a potencial utilização de ferramentas financeiras com foco no mercado futuro, com o objetivo de garantir margens satisfatórias e de acordo com suas estratégias. Quanto aos custos de produção para a produção intensiva e semi-intensiva, a relação de troca entre o boi gordo e o bezerro ou boi magro deve permanecer acima dos patamares históricos – beneficiando o produtor que realiza a recria e engorda.
Por outro lado, as cotações do milho em 2018 ainda estão indefinidas de produção da segunda safra. Já em relação aos frigoríficos, considerando o aumento esperado de disponibilidade de boi gordo, há perspectiva de expansão. A expectativa é que a indústria deva converter a oportunidade de maior oferta em resultados mais positivos, também considerando a esperada retomada da demanda interna, mesmo que ainda parcial em 2018.
O ano de 2018 parece ser mais promissor para todos os atores da cadeia de carne bovina no Brasil. Porém, isso não significa um cenário estável de preços. Na realidade, maior volatilidade parece ser o cenário mais possível para 2018, principalmente em um cenário de restrições no mercado internacional. Assim, resultados consistentes serão definidos principalmente pelos níveis de conhecimento e gestão de cada propriedade, conclui o Rabobank.
Segundo a Scot Consultoria, a última semana foi marcada pelo marasmo no mercado do boi gordo. Os frigoríficos e os pecuaristas aguardavam melhor definição do mercado. Os frigoríficos estão com escalas de abate curtas e com dificuldade para adquirir boiadas em preços abaixo da referência.
Por outro lado, ofertas de compra acima dessas referências estão limitadas, o que explica esse impasse. Em São Paulo, a referência para o boi gordo ficou em R$146,00/ arroba, à vista, livre de Funrural, alta de 0,7% desde o início do mês. Em Goiânia, a arroba do boi gordo está cotada a R$134,00 à vista e a R$136,00 com 30 dias. Na região sul de Goiás, as cotações estão também nesses limites. No mercado atacadista, o boi casado de animais castrados ficou cotado em R$9,79/kg.
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