Cotidiano

Produtores do sudoeste goiano fazem sua aposta

Júlio Nasser

Publicado em 9 de abril de 2017 às 23:41 | Atualizado há 3 semanas

Para melhorar a produtividade das lavouras e facilitar a administração das informações, muitos produtores têm investido em novas tecnologias e o uso da ciência de dados chega ao campo. É neste contexto que 18 produtores do sudoeste goiano estão testando em suas lavouras uma tecnologia que ainda não foi lançada no Brasil. Trata-se da plataforma de agricultura digital ClimateFieldView®, trazida ao país para fase de pré-lançamento pela Climate Corporation, braço de agricultura digital da Monsanto.

Disponível online e em aplicativos mobile, a ferramenta processa as informações das máquinas agrícolas e gera automaticamente mapas e relatórios, em tempo real.“Com o uso da tecnologia da informação, o produtor tem acesso às análises de cada talhão, para entender quais são os fatores que impactam o rendimento em cada etapa. O que ajuda a direcionar os investimentos e maximizar rentabilidade”, observa Lucas Marcolin, representante da Climate no sudoeste goiano.

Resultados

Um dos 18 produtores que está testando o ClimateFieldView® em Goiás, Felipe Schwening, que possui propriedade em Rio Verde (GO) com o pai Claudemir Schwening, afirma que já observa resultados em cinco meses de uso.”A ferramenta nos ajudou a descobrir gargalos e a solucionar problemas na produção. Conseguimos comparar o desempenho de máquinas diferentes, ajustar a velocidade de plantio e colheita. Com o mapa gerado, conseguimos corrigir diversos problemas dentro dos talhões”, explica o produtor.

A nuvem

A tecnologia permitirá que o produtor gerencie diariamente suas operações, além de integrar informações de plantio, colheita, pulverização, fertilidade do solo e gerenciar informações de sua lavoura por meio da geração automática de mapas de suas operações.

Além disso, todas as informações geradas são transferidas para a nuvem e podem ser acessadas de qualquer lugar. “Como apenas 10% das lavouras brasileiras contam com sinal de internet, desenvolvemos a plataforma para também armazenar dados mesmo off-line. Isso traz um grande diferencial para o produto”, destaca Lucas Marcolin.

No Brasil, 110 produtores em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná foram escolhidos para testarem a ferramenta. Já utilizada por produtores americanos, a ferramenta será lançada no Brasil ainda esse ano, para a safra 2017/18

seixas

Tecnologia 3D que imprime carne

 

Você conseguiria imaginar um pedaço de carne saindo “fresquinho”, e com o valor nutricional equivalente a carne proveniente dos animais, de uma impressora 3D? Martin Günter Bernhard consegue. O engenheiro industrial alemão ministrou palestra, no primeiro dia da Tecnoshow Comigo, sobre as novas tecnologias na produção de alimentos e contou que a “mágica” já não está tão distante assim.

Citando a empresa Modern Meadow, Martin falou sobre um projeto, já na fase de pesquisas, que vai permitir a aplicação de proteínas em estruturas de tecidos animais na própria impressora. “É o futuro que está mais perto do que imaginamos. E ele virá junto com tecnologias que poderão impactar fortemente toda a estrutura do setor agropecuário”, disse.

O projeto ainda não tem data de lançamento, mas os avanços atuais já impressionam: a carne poderá ser produzida por meio de células de suínos ou mesmo de vegetais. Na receita, acrescenta-se vitaminas, a tinta possui quatro tipos de aminoácidos e o código genético daquilo que se quer imprimir é enviado diretamente para a impressora.

Além dessa tecnologia, o engenheiro citou outras que chegaram para ficar: robótica (com destaque para os drones), engenharia genética e inteligência artificial são algumas delas. No caso das impressoras, a 3D já uma realidade – na qual os institutos de pesquisas utilizam mais de 3 mil tipos de filamentos diferentes, incluindo aqueles produzidos com materiais recicláveis. Outra novidade será a impressora 4D, que, através de um estímulo, altera o formato do que foi impresso pela 3D.

Futuro ambíguo

De maneira mais ampla, Martin falou sobre a agropecuária daqui a 20 anos e apresentou um cenário ambíguo. “Da visão tecnológica cresceremos muito, já que com o aumento da demanda por alimentos precisaremos produzir mais, utilizando a mesma quantidade de hectares. Porém, do ponto de vista humano, o futuro é preocupante, já que a maquinificação do trabalho está cada vez mais comum. Além disso, outro fator que precisa ser visto com cautela é a proporção do impacto ambiental que esse crescimento causará. Se não abraçarmos, de fato, o discurso da agricultura sustentável não sairemos do lugar”, pontua.

Fórum do Futuro

O impacto ambiental também é a preocupação do Instituto Fórum do Futuro. Trata-se de um grupo, liderado pelo ex-ministro da Agricultura e nome bastante respeitado no setor agropecuário, Alysson Paulinelli, cujo objetivo é discutir o desenvolvimento sustentável.

Representantes do Fórum também estiveram na feira onde assinaram um protocolo de intenções com o Governo de Goiás, representado pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeg) e com o Instituto Federal Goiano (IF Goiano). A ideia é formar mão de obra qualificada e especializada, além de integrar ciência, natureza e desenvolvimento.

Alysson falou mais sobre o Fórum e apresentou, com detalhes, o projeto que tem para Rio Verde. “Estamos agora buscando as áreas que têm competência de subir o segundo degrau, trabalhando com o que há de mais inovador em tecnologia agropecuária. O Centro-Oeste, com o Cerrado, é uma delas. Hoje ela não é somente uma região produtora de grãos. Aqui também se produz tubérculos, hortaliças e verduras, com um valor agregado maior”, disse. O projeto pretende transformar Rio Verde na capital do alimento sustentável, por meio da integração da academia com o setor agroempresarial. Para isso, prevê uma série de ações que serão desenvolvidas a partir da assinatura do protocolo.

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