Cotidiano

Queijo alimenta o coração

Diário da Manhã

Publicado em 12 de maio de 2017 às 02:34 | Atualizado há 8 anos

Gordura e saúde cardiovascular são duas coisas que nunca combinaram, e não é de hoje que a ciência vem batendo nessa tecla. No entanto, nos últimos 20 anos, descobertas acerca dos inúmeros nutrientes presentes na nossa dieta alimentar vem mostrando que alguns tipos de gordura não só não são nocivos ao nosso organismo, como fazem bem. E a novidade agora é que a gordura presente nos queijos e demais derivados não é prejudicial ao coração.

Na Inglaterra, cerca de 29 estudos foram realizados sobre o assunto e dados de quase um milhão de pessoas foram apurados. Eles analisaram a incidência de doenças cardiovasculares, doenças coronárias e óbitos em grupos de pessoas que ingeriam queijos e outros laticínios, comparada às taxas das mesmas doenças em quem cortou esses alimentos da dieta.

Nenhuma ligação entre o consumo dos laticínios e o risco de ter problemas no coração foi observada, de acordo com os cientistas. Uma outra análise também foi feita, considerando apenas o consumo de produtos fermentados, e a conclusão foi de que comer queijo, moderadamente, diminui os riscos de se ter qualquer problema cardiovascular. A ocorrência foi de cerca de 2% menor no grupo de pessoas que consumiam cerca de 10 gramas de gordura oriunda de laticínios por dia. Essa quantidade corresponde a, mais ou menos, 50 gramas de queijo minas frescal, segundo a Unicamp.

O segredo, como sempre, está na moderação, segundo os especialistas. Logo, um consumo normal de derivados do leite, terá um impacto praticamente nulo em nosso bem-estar. “Existe uma crença de que o leite e seus derivados, em geral, podem fazer mal, mas isso é um equívoco. Apesar de ser algo muito difundido, nosso estudo prova que é errado”, diz Ian Givens, um dos autores da pesquisa, em entrevista ao The Guardian. “O número de participantes, em especial, é capaz de nos fornecer um panorama bastante completo da associação neutra entre os laticínios e o risco de doenças do coração”, completa outra co-autora, Jing Guo.

De acordo com cientistas da Universidade de Harvard, o queijo tem papel histórico de vilão por conta do bom trabalho de possíveis substitutos: as fontes não-animais de gordura, que são menos nocivas ao coração. Nesse sentido, os pesquisadores encontraram números bastante interessantes. Se trocássemos as calorias de toda a gordura de derivados do leite pela encontrada nos vegetais, por exemplo, o risco de doenças cardiovasculares cairia, em até 10%. A queda é ainda maior se as calorias vierem de gorduras poli-insaturadas. Se tivermos como fonte de gordura apenas produtos mais naturebas como nozes e sementes de abóbora, a diminuição do risco poderia ser de até 24%.

Mas existe um grande problema: a troca exige uma quantidade absurda de comida numa dieta vegana. As porções de vegetais deveriam ser muito maiores, para que a conta fechasse e a substituição compensasse as necessidades do corpo. A efeito de comparação, para absorver a mesma gordura fornecida por um copo de leite de cabra, precisaríamos comer cerca de um quilo de repolho roxo refogado. Ou seja, essa troca nem sempre apresenta uma boa relação custo-benefício.

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