Saúde à míngua
Diário da Manhã
Publicado em 9 de janeiro de 2016 às 00:54 | Atualizado há 9 anosPatrícia Alves Sebastião, 29 anos, que lutava contra o câncer, faleceu na manhã de ontem (8), no Hospital Araújo Jorge, na Capital. Ela deu à luz há sete meses e após sentir constantes dores no seio esquerdo, foi diagnosticada com câncer de mama. Patrícia aguardava o resultado de uma biópsia desde novembro no Hospital Municipal de Goianésia, e precisou da ajuda da irmã, Fernanda, para conseguir o devido tratamento para o câncer, confirmado no final do ano passado.
A irmã, Fernanda Alves Rabelo, 28 anos, fez um apelo nas redes sociais na última terça-feira (05) a respeito do caso de Patrícia, em que pedia ajuda para levar a irmã para o Hospital Araújo Jorge (HAJ), e teve mais de 110 mil compartilhamentos na rede. Com isso, o HAJ solicitou o encaminhamento de Patrícia e foi transferida na manhã de quinta-feira (07), porém tarde demais.
Em nota o Hospital Araújo Jorge, relatou que apesar da realização de todos os procedimentos cabíveis, Patrícia não resistiu e veio a óbito, devido a complicações de saúde, em decorrência ao estado avançado do câncer de mama em que ela chegou ao hospital.
Patrícia deixou uma filha de sete meses. Ela foi velada na tarde de ontem (08), no Cemitério Municipal de Trindade e até o fechamento dessa edição não foi informado o local e hora do enterro.
O caso
A família de Patrícia alega que ela não recebeu o tratamento para o câncer de mama, no Hospital Municipal de Goianésia. De acordo com a irmã, Fernanda, pelas fortes dores sentidas depois do nascimento da filha, de 7 meses, Patrícia foi várias vezes ao hospital tomar remédios. Com isso, no dia 22 de novembro do ano passado, foi realizado uma mamografia que deu como possível diagnóstico de mastite na mama esquerda.
Fernanda relatou também que a irmã teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e permaneceu internada, sem andar e ainda com muitas dores, com o crescimento do inchaço do seio esquerdo. Somente no dia 07 de dezembro do ano passado, Patrícia foi levada pela Secretaria Municipal de Saúde de Goianésia para Anápolis, onde foi realizada uma biopsia.
Ainda com dores, Patrícia só teve a confirmação do diagnóstico na última quarta-feira (06), segundo a prefeitura de Goianésia, quando biopsia ficou pronta. Após o resultado, Patrícia foi encaminhada para o Hospital Araújo Jorge (HAJ), em Goiânia. Em nota, o HAJ explicou que assim que Patrícia chegou na unidade, foi encaminhada para o setor de Pronto Atendimento/Emergência, devido o estado de saúde debilitado que ela se encontrava. Na emergência, foi atendida por profissionais de ginecologia e mama em que relataram que o quadro da paciente era estável hemodinamicamente e, consciente.
Após o pronto atendimento, ela foi internada para estabilização clínica, com uso de antibióticos e foram pedidos exames para definição do tratamento em que iria passar. Ainda na nota do Araújo Jorge, a irmã de Patrícia, Fernanda Rabelo, relatou ao hospital que a irmã era moradora de rua e usuária de drogas.
A Prefeitura Municipal de Goianésia afirma que diante do diagnóstico da mamografia, a equipe médica do Hospital Municipal já iniciou tratamento e solicitou vaga no Sistema de Regulação da Rede Estadual de Saúde, seguindo o procedimento estabelecido. Também foi relatado que Patrícia fugiu do hospital em três ocasiões, no dia 27 de novembro e 06 e 12 de dezembro de 2015, o que pode ter agravado ainda mais o quadro clínico.
Usuária de drogas
Em nota, a Prefeitura Municipal de Goianésia relata que Patrícia veio do Estado do Pará há três anos e durante esse período ela foi assistida pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), pois se encontrava em situação de vulnerabilidade, fazendo parte de um grupo de usuários de drogas e moradores de rua.
Assim, foi feito encaminhamento para clínica especializada de atendimento a dependentes químicos, no município de Niquelândia. Porém, alguns dias depois fugiu da clinica, retornando à Goianésia e novamente integrou-se a um grupo de usuários.
A prefeitura também relata que foram registrados vários atendimentos e tentativas de encaminhamento para tratamento específico de dependência química, resultando em tentativas frustradas com recusa e consequente fuga da paciente.
A irmã de Patrícia, Fernanda Alves Rabelo, também confirmou para o Hospital Araújo Jorge que a irmã era usuária de drogas. “Antes da minha irmã internar e ter esse diagnóstico, ela era moradora de rua e usuária de drogas e por conta disso, chegou a fugir algumas vezes do último hospital em que foi atendida, quando ainda nem tinha o diagnóstico de câncer”, declarou.
Câncer de mama
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil. com estimativa de 57.960 novos casos em 2016. É raro em homens, representando apenas 1% do total de casos da doença.
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