Cotidiano

Soluções para a obesidade

Diário da Manhã

Publicado em 30 de novembro de 2017 às 02:12 | Atualizado há 7 anos

Levantamento realizado pelo Ministério da Saúde aponta que mais de 50% dos brasileiros estão acima do peso e 20% deles já são obesos. Em dez anos, a doença avançou em todas as faixas etárias, mas quase dobrou entre jovens de 18 a 24 anos – de 4,4% para 8,5%. Cerca de R$ 488 milhões são gas­tos com obesidade anualmente pelo Sistema Único de Saúde.

A epidemia de obesidade no país preocupa profissionais da saúde e fez a Agência Nacional de Saúde desenvolver um programa que visa identificar e incentivar os pacientes obesos a mudarem os hábitos. A educadora física, Thai­se Morbeck explica que a ativida­de física ainda é uma aliada para perda de peso, mas normalmente os pacientes obesos ou com ele­vado percentual de gordura, que tentaram emagrecer e não conse­guiram, chegam desmotivados e com baixa autoestima.

Em muitos casos a alternativa é recorrer a procedimentos cirúr­gicos como a cirurgia bariátrica, o balão intragástrico e a gastro­plastia endoscópica. “Após a ci­rurgia, o paciente pode realizar todos exercícios aeróbicos (bike, caminhada, corrida), exercícios de força (musculação). Após li­beração médica também pode fa­zer exercícios de lutas e abdomi­nais. A cirurgia é altamente eficaz, mas, o sucesso dela depende do empenho, da vontade de querer mudar de cada paciente”, consi­dera a educadora física.

Para o médico gastroente­rologista Luiz Henrique Filho a doença crônica deve ser trata­da de maneira multidisciplinar e, para cada paciente existe um tratamento mais adequado. “Os mais comuns hoje são a cirurgia bariátrica, o balão intragástrico e a gastroplastia endoscópica, pro­cedimento menos invasivo que é novidade em Goiânia”, afirma.

O especialista ressalta que cada tratamento tem suas indi­cações e possibilidades. Escla­rece que a cirurgia bariátrica, já bem conhecida, é uma interven­ção para redução do tamanho do estômago do paciente, indi­cada para pacientes com obesi­dade avançada e com pós-ope­ratório que demanda cuidado intenso com a alimentação, mas com grande perda de peso que deve ser controlada para manu­tenção após o primeiro ano.

Já o balão intragástrico de si­licone – com resultados no Bra­sil reconhecidos na ObesityWeek 2017, em Washington (EUA) -, é indicado para pessoas com IMC maior ou igual a 27 kg/m2 e sua colocação é feita sob acompanha­mento endoscópico, com o pa­ciente sedado por anestesista com tempo máximo de permanência de seis meses com acompanha­mento médico mensal.

“Assim como o balão, a gas­troplastia endoscópica é feita por endoscopia, sem cortes ou in­cisões no abdome e consiste na realização de pontos de sutura no estômago, fazendo com que ele assuma um formato tubular, reduzindo em até 60% o seu vo­lume inicial. Os riscos de compli­cações são mínimos, a recupera­ção é rápida e a perda é de cerca de 20% do peso”, afirma o médi­co Luiz Henrique de Sousa. Vale lembrar que, em qualquer trata­mento para o sobrepeso e a obe­sidade, o seguimento com equipe multidisciplinar, incluindo médi­co, nutricionista, psicólogo, edu­cador físico, dentre outros profis­sionais, é fundamental para a perda de peso mantida a longo prazo.

A psicóloga Núbia Bernaldo explica que não existe um perfil psicológico único para os pacien­tes que buscam as cirurgias. “O que se percebe é um sofrimento psicológico intenso com comor­bidades nas áreas psicológicas da autoestima, da autoimagem corporal, dos transtornos de an­siedade, dos sintomas depressi­vos significativos e distúrbios do comportamento alimentar. E o acompanhamento busca tornar o paciente mais consciente de si mesmo, de suas escolhas, desen­volvendo recursos internos para suportar a frustração da ausência do alimento como fonte de pra­zer e defesa psicológica”, informa.

 

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