Sorria, você está sendo filmado… em breve poderá ser multado
Diário da Manhã
Publicado em 4 de agosto de 2018 às 00:13 | Atualizado há 7 diasA partir deste sábado começa a operar no chamado Corredor Universitário, Rua 10 (Avenida Universitária), entre a Praça Cívica e a Praça Universitária, de forma educativa, a 2ª etapa da fiscalização por sistema de videomonitoramento nas ruas de Goiânia. A primeira etapa foi implantada no Parque Vaca Brava, no Setor Bueno, e gerou polêmica entre os motoristas sob a alegação de que faltou uma campanha educativa mais intensa sobre o funcionamento do sistema.
A campanha educativa da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMT) vai até o dia 13 de agosto. Ao todo, 10 agentes de trânsito estarão todo dia no local distribuindo panfletos e orientando os motoristas. A partir desta data o motorista que cometer infrações que não carecem de equipamentos metrológicos serão multados pelos fiscais que vão estar monitorando o trânsito de uma sala especial vendo imagens de câmeras em vários ângulos instaladas em 10 torres em toda a extensão da via.
São diversas as infrações que podem ser flagradas pelas câmeras de videomonitoramento, entre elas: direção perigosa, estacionamento irregular, falar ou manusear o celular, não utilização do cinto de segurança, parar na faixa de pedestre, jogar objetos para fora do carro, carregar animais de forma indevida, transportar crianças de forma irregular, além do excesso de velocidade, avanço de sinal e circulação na faixa de ônibus que já eram flagradas pelas câmeras instaladas na via.
Indústria da multa
No Parque Vaca Brava a maioria das multas aplicadas flagradas pelas câmeras de videomonitoramento foi por estacionamento irregular. Cerca de 80% das infrações. Recentemente no balanço de um ano da implantação do sistema de videomonitoramento na região, o jornal Diário da Manhã ouviu alguns motoristas que criticaram o sistema alegando falta de informação e de uma campanha educativa que realmente atingisse o motorista para não cometer infrações de trânsito.
Este é o caso do comerciante Rodrigo Queiroz, de 22 anos, que na época questionou o real motivo da ampliação da fiscalização eletrônica. “A informação sobre os pontos de fiscalização eletrônica é confusa. Isto quando há. Acho que o motorista tem que ser bem informado para não ser multado. O objetivo não é educar? Do jeito que é feito, sem muita informação na via sobre onde estão as câmeras e sem a sinalização devida, fica parecendo mesmo que o principal objetivo da ampliação desta fiscalização eletrônica é multar, encher os cofres públicos de dinheiro. Para mim parece mais uma indústria da multa da forma como é feito”, disse o comerciante.
Tanto o secretário municipal de Trânsito, Fernando Santana, como Antenor Pinheiro, ouvidos pela reportagem do DM, na época, negaram qualquer possibilidade de uma indústria da multa. Fernando Santana alegou inclusive que foi feita a campanha no Parque Vaca Brava, o que ocasionou inclusive a redução de 85% das multas aplicadas e no comportamento dos motoristas.
”O que mais se registrava eram multas de pessoas dirigindo falando ao celular, que é uma infração gravíssima e leva um grande risco de acidentes. No balanço de um ano, o uso do celular que estava em 1º lugar nas infrações agora é o 8º com um índice bem pequeno. Em primeiro lugar está o estacionamento nas calçadas, que é uma infração que não leva grande risco de acidentes. Vamos dar andamento no processo de fiscalização eletrônica e videomonitoramento com o principal objetivo de melhorar o trânsito de Goiânia”, afirmou o secretário.
Antenor Pinheiro, especialista em trânsito e ex-dirigente da SMT, foi mais incisivo e lembrou que “a fiscalização eletrônica e por videomonitoramento é prevista no Código de Trânsito Brasileiro e regulamentada por lei federal desde 2015, e foi amplamente divulgada nos veículos de comunicação locais. Antes que gerasse autuações, passou por longo período de adequação. Sua implantação visa racionalizar o uso dos espaços de mobilidade de sorte a garantir melhor ordenamento na fluidez de veículos e maior segurança viária. Logo, o que se espera é que os motoristas deixem de cometer infrações . É este o caráter pedagógico da multa”, destacou Antenor.
Não há esta história de indústria da multa. A gente precisa entender que o que falta é educação do motorista quanto ao respeito à Legislação de Trânsito. Muitos motoristas sabem que estão cometendo infrações, mas como não há fiscalização no local, continuam a cometê-las mesmo com a sinalização devida” Horácio Ferreira, gerente de Educação de Trânsito da SMT
Gerente de educação da SMT diz que campanhas têm objetivo de atender e orientar motorista
Horácio Ferreira, atual gerente de Educação de Trânsito da SMT, afirma que as campanhas de educação são feitas em várias frentes e com diversos objetivos sempre procurando atender o motorista de agora e do futuro. Diz ainda que todo o dinheiro arrecadado com multas está sendo aplicado no que prevê o Código de Trânsito Brasileiro que é a fiscalização, engenharia e educação.
“Não há esta história de indústria da multa. A gente precisa entender que o que falta é educação do motorista quando ao respeito à Legislação de Trânsito. Muitos motoristas sabem que estão comentando infrações, mas como não há fiscalização no local, continuam a cometê-las mesmo com a sinalização devida. Estamos utilizando vários recursos para orientar a população quanto à implantação do sistema de videomonitoramento, inclusive com 10 dias sem multar o motorista pelo sistema dentro de um caráter pedagógico”, diz.
O presidente do Conselho Estadual de Trânsito, Horácio Melo, também não vê uma indústria de multas com a implantação e ampliação sistemática da fiscalização eletrônica e do videomonitoramento. “As campanhas educativas são importantes e estão sendo feitas. Mas não adianta nada fazê-las se o motorista não mudar o seu comportamento de só cumprir a legislação de trânsito quando corre risco de ser multado. É certo também que precisamos rever as campanhas, modernizá-las e ampliá-las, já que o sistema de fiscalização vem se modernizando também, afirma o presidente do Conselho Estadual de Trânsito.
MULTAS
Indústria da multa ou não o fato é que no balanço de 6 meses da SMT as multas aplicadas, no geral, vêm aumentando na capital. Em 2017, de janeiro a junho foram aplicadas 165.861 multas. Neste mesmo período, em 2018, 179 383. Um total de 13.522 multas a mais. Depois do Vaca Brava e Corredor Universitário, os próximos alvos da SMT para a implantação do sistema de videomonitoramento são o Aeroporto Santa Genoveva e os corredores das avenidas T-9 e T-7.
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