Cotidiano

Táxis sem forças para encarar Uber

Diário da Manhã

Publicado em 5 de janeiro de 2017 às 01:07 | Atualizado há 1 semana

O uso do aplicativo Uber, de transporte individual de passageiros em Goiânia, entrou em um caminho sem volta e projeta suplantar o serviço de táxi formal no volume de serviços e na aprovação dos usuários na capital. “A redução nos serviços de táxi em Goiânia já atinge 80% do que era e provoca situação de desespero em motoristas e proprietários de veículos e permissões”, avalia o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Táxi em Goiânia (Sinditáxi), Humberto Mendes Matos.

Desde que o serviço de transporte individual pelo aplicativo Uber começou a ser oferecido em Goiânia os embates entre motoristas dos dois segmentos não cessaram e nos últimos meses ocorreram confrontos diretos com agressões mútuas, principalmente com taxistas agredindo fisicamente motoristas do Uber. Humberto classifica isto como um equívoco dos taxistas e reitera que o sindicato recomenda aos trabalhadores que não aceitem provocações nem partam para as agressões. “Precisamos agir dentro da legalidade para podermos pleitear uma regulamentação e garantir uma concorrência leal”, comenta o presidente.

Essa regulamentação que está em fase de hibernação na Câmara Municipal é vista como única saída para a sobrevivência dos motoristas e permissionários de táxis em Goiânia. Humberto Mendes explica que atualmente são 1.999 permissões legais para táxis em Goiânia e que a esmagadora maioria não consegue rodar porque os ganhos sequer se aproximam dos custos operacionais dos veículos, das linhas e dos vencimentos dos motoristas que exploram esse serviço. A situação é tão calamitosa que o presidente do Sinditaxi revela que há casos de proprietários de veículos que não conseguem pagar as prestações de financiamento de seus veículos, estão com contas penduradas em postos de combustíveis e com dificuldades para prover suas famílias do sustento. “Tem gente já tentando suicídio por causa do desespero”, lamenta.

Reserva

O mercado de transporte individual de passageiros que estava reservado com exclusividade para os taxistas sofreu um abalo monumental, como a grande maioria dos monopólios que ainda resistem em pleno Século XXI. Para fugir da crise uma considerável massa de taxistas migrou para o Uber. “Sabemos que muitos motoristas que alugavam carros para trabalhar deixaram os postos e se inscreveram no Uber, o que facilitou muito o trabalho deles porque já conhecem bem a cidade e sabem como lidar com os passageiros”, revela o presidente. Na estratégia secular de que “se não é possível vencer um inimigo alie-se a ele” os ex-taxistas estão presentes nas fileiras do Uber.

O serviço é diferenciado e todos os veículos precisam estar em bom estado e possuir pelo menos ar condicionado para comodidade dos passageiros. O preço pago por uma corrida fica em média menos da metade do preço cobrado por um táxi, sem contar que pode ser pago em cartão de crédito ou dinheiro e de fidelizar o motorista que melhor se identifique com o usuário. Um Uber hoje em Goiânia é mais barato até mesmo que um mototáxi, sem o perigo natural de um veículo de duas rodas.

Progresso

Para Adriano Barbosa é inevitável a permanência dos Ubers em Goiânia e a saída será uma convivência pacífica dos taxistas com seus concorrentes do aplicativo. Patrola, como é conhecido o motorista, lidera um grupo numeroso que tem socorrido outros proprietários de veículos inscritos no Uber que sejam agredidos ou ameaçados por taxistas. Ele próprio precisou se valer do porte físico para repelir agressões de taxistas. “Ninguém vai voltar para casa apanhado. Estamos rodando com autorização da Prefeitura e do Ministério Público e queremos a regulamentação para dar legalidade plena ao serviço que prestamos para a população com um preço justo”, explica.

O custo operacional de um Uber é em média a metade do similar do táxi, assim uma corrida em um táxi que custaria em média R$ 35,00, considerada uma corrida mediana, em um Uber não sai por mais que R$ 15,00, já garantido o combustível e depreciação do veículo, além do salário do motorista.

“Viemos para ficar e queremos apenas um lugar ao sol para garantir um salário digno para tratar de nossa família”, garante Patrola. Eles vão aguardar os próximos passos da Câmara a da prefeitura para regulamentar o serviço e ficarem na plenitude legal.

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