Tragédia mineira
Diário da Manhã
Publicado em 6 de novembro de 2015 às 22:02 | Atualizado há 9 anosUma barragem pertencente à mineradora Samarco se rompeu na tarde de quinta (5), no distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23 quilômetros de Mariana, em Minas Gerais, e inundou a região com lama, rejeitos sólidos e água usados no processo de mineração. Segundo a prefeitura de Ouro Preto, a barragem se rompeu por volta das 16h20.
O Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais informou ontem (6) que cerca de 500 moradores de áreas afetadas pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, em Mariana (MG), já foram resgatados pela corporação. Duas pessoas morreram e ainda há desaparecidos.
Várias casas do distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23 quilômetros de Mariana, foram alagadas e ainda há riscos de desmoronamentos. Ainda não é possível confirmar as causas e a extensão do ocorrido. O Ministério Público de Minas Gerais instaurou inquérito para investigar as causas do acidente e responsabilidades no caso.
Diversas entidades e voluntários se mobilizam para receber donativos e acolher as vítimas, que passam de 500. De acordo com a prefeitura de Mariana, as prioridades são doações de materiais de uso pessoal como escovas de dente, toalhas de banho, copos, talheres e pratos descartáveis, além de água potável.
Barragens como a que se rompeu em Minas são feitas para reter os resíduos sólidos e água dos processos de mineração. O rejeito é material que deve ser armazenado para proteção do meio ambiente.
Barragem estava regular
O Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Sisema) informou ontem (6) que a Barragem do Fundão estava regular e foi inspecionada por um auditor especialista em segurança de barragens. “De acordo com o programa de auditoria de segurança de barragem da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), a Barragem do Fundão estava com estabilidade garantida pelo auditor. O último relatório foi apresentado em setembro de 2015”, informou o Sisema. A Samarco teve a licença de operação concedida em 29 de outubro de 2013, com validade até 29 de outubro de 2019.
O Sisema – composto pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e Fundação Estadual de Meio Ambiente – informou, no entanto, que para garantir a estabilidade é necessário que a empresa se responsabilize pela manutenção contínua da segurança. “Uma das exigências da Feam é que a auditoria seja realizada por um auditor especialista em segurança de barragem, que não pertença aos quadros da empresa, no caso, a Samarco S.A.”
Causas
O diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, disse na tarde de ontem (6) que a mineradora ainda não sabe as causas do rompimento das barragens de Fundão e Santarém na tarde dessa quinta-feira (5). Localizadas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, as barragens se romperam, inundando a região com lama, rejeitos sólidos e água usados no processo de mineração.
“O momento que estamos vivendo agora é de dar atenção às pessoas, cuidar das famílias e transportar as pessoas de Bento Rodrigues para um lugar de maior conforto. Não estamos especulando sobre hipóteses, mas vamos fundo para descobrir o que de fato aconteceu. No momento estamos monitorando a barragem de Germano, que se encontra estável e sem alteração”, disse Vescovi, em entrevista à imprensa.
O responsável pelo plano emergencial da Samarco, Germano Silva, informou que por volta das 14h dessa quinta-feira houve um primeiro tremor e que funcionários foram até o local, mas não verificaram nenhum rompimento. Porém, uma hora depois a barragem de Fundão se rompeu e causou o rompimento da barragem de Santarém. Ele negou que houve um erro na primeira análise das barragens e disse que tudo será apurado para saber quais foram as causas do acidente.
CORRELATA:
Observatório sismológico da UnB registrou abalos sísmicos na região de Mariana
A região do município de Mariana (MG), onde duas barragens da mineradora Samarco romperam na tarde desta quinta-feira (5), registrou cerca de dez abalos sísmicos, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB). Dois deles puderam ser sentidos, já os demais eram de menor magnitude.
Para o professor do observatório, George Sand França, não há informações que comprovem a ligação entre os abalos e as causas do rompimento das barragens. “É uma região que tem atividade sísmica”, disse, explicando que aspectos como detonações para extração de minérios ou eventos naturais podem causar os abalos.
Na tarde de quinta (5), o observatório da UnB registrou os dois abalos principais: o primeiro às 14h02, com magnitude 2,5 graus na Escala Richter, e o segundo às 14h03, com 2,7 graus de magnitude. Os outros abalos próximos à região tiveram magnitude inferior aos 2,5, segundo o professor.
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