Cotidiano

Uber e táxi mantêm queda de braço

Diário da Manhã

Publicado em 4 de julho de 2017 às 02:04 | Atualizado há 1 semana

Com o surgimento da Uber, desencadeou um movimento de taxistas em todas as partes do Brasil. Em Goiânia, as reclamações são constantes, o argumento dos que são contra o aplicativo é que se trata de uma prática ilegal do serviço de táxi. Já a empresa da Uber alega que o serviço prestado oferece uma forma diferente de transporte, que ajuda diminuir o trânsito e gerar renda para as pessoas.

E o consumidor, nessa história, fica onde? No momento eles estão no meio de um tiroteio entre ubers e taxistas. A secretária Joana Pacheco acredita que a escolha é feita pela população e que não tem necessidade de tantas confusões entre os motoristas. “Cada um escolhe o que deseja, tem pessoas que mesmo sabendo que o valor dos ubers é mais baixo, tem aqueles que optam pelos táxis, em todos os segmentos tem concorrência”, diz a secretária.

Uber 

Se tornar um motorista da Uber é prático, além de ter veículo próprio, confortável e com ar-condicionado, basta ir ao Detran fazer uma carteira de motorista com a seguinte observação: “exerce atividade remunerada”, em seguida fazer o cadastro e ir até o escritório, onde o motorista irá passar por uma entrevista. A empresa não oferece um curso de capacitação, mas envia vídeos didáticos.

O motorista da Uber não paga impostos, apenas a manutenção do veículo e combustível, além de oferecer mimos aos passageiros, como balas e água. Com liberdade e flexibilidade para dirigir quando quiser, o motorista parceiro faz o seu próprio horário. Atualmente, as pessoas estão preferindo esse tipo de serviço devido ao valor ser mais baixo que se solicitasse uma corrida de táxi.

As solicitações da Uber são feitas através do aplicativo e o lucro da empresa é de 25% do valor total das corridas. Joaquim Neto fez o cadastro na empresa e após perceber a dificuldade em conseguir um emprego, a sua opção foi se tornar um motorista parceiro. “Estava desempregado há 6 meses, eu sustento toda minha família graças as corridas que faço, foi fácil me cadastrar e a demanda é muito grande”, diz o motorista.

A maior renda dos motoristas da Uber é quando tem eventos ou tem muitas solicitações. O aumento da demanda das corridas é chamado de dinâmica, o valor da corrida é multiplicado entre 1.2 e pode chegar até 4.0, um preço bem mais alto que uma corrida de táxi. Quanto maior a demanda, maior o valor será multiplicado, a tarifa inicial da Uber é de 6,75.

No entanto, o motorista da Uber acrescenta que desde que o aplicativo começou a oferecer a opção do pagamento em dinheiro, a criminalidade aumentou bastante.” Com certeza houve o aumento e nós não temos segurança alguma, acredito que nem os taxistas e nem nós, motoristas da Uber”, conclui Joaquim.

Táxi 

Para se tornar taxista existe uma regulamentação expedida pela Prefeitura Municipal de Goiânia. O serviço de transporte de táxi é regulamentado pela Lei nº 9.445, de 16 de setembro de 2014. Para operar no serviço, o permissionário deve estar cadastrado e com licenciamento anual vigente junto à Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMT).

São muitas as documentações solicitadas pelo órgão, entre os requisitos que devem ser obedecidos para a prestação deste serviço estão: obter registro na secretaria na categoria de transporte de passageiros; submeter-se à vistoria anual; estar segurado contra danos pessoais por passageiros transportados e danos materiais; ser emplacado no município de Goiânia. Além de demais documentações para cada categoria, pessoa jurídica, física e motorista auxiliar, dentre eles curso Sest Senat, regulamentação da Consulta Situação do Contribuinte (Cae) da prefeitura, INSS, regulamentação junto ao Detran, entre outros.

Segundo a regulamentação, o permissionário pessoa física deverá seguir jornada mínima de 36 horas semanais em períodos intercalados, sendo permitido a outro condutor regular, complementar e dar continuidade ao trabalho.

O veículo deverá permanecer na execução do serviço por um período mínimo de 18 (dezoito) horas diárias, desde que em períodos intercalados, com utilização de condutores auxiliares, exigindo-se no mínimo seis horas no período noturno.

O permissionário de táxi acessível é obrigado priorizar a prestação do serviço aos usuários com deficiências ou mobilidade reduzida, sendo facultado o serviço como táxi convencional quando da falta de usuário específico da categoria.

São obrigações dos permissionários conduzir e manter o veículo com os equipamentos obrigatórios e demais dispositivos de controle aprovados e exigidos em legislação específica; cumprir e fazer cumprir o regulamento municipal, o CTB e demais normas legais pertinentes; manter disponível e visível o documento com dados do permissionário, condutor e veículo; manter o veículo e os equipamentos obrigatórios em condições satisfatórias de conservação, segurança, funcionamento, identificação e caracterização definidas pelo órgão gestor.

Segundo os taxistas, são muito os gastos, como estar sempre uniformizado, caso seja motorista auxiliar é necessário pagar o aluguel, que é cerca de 180 reais por dia, permissionário deve pagar a cotização para as empresas Rádio Táxi que varia de 500 a mil reais por mês, seguro particular, pois em caso de acidentes os taxistas são responsáveis pelos passageiros, dentre outras taxas solicitadas.

A tarifa inicial do táxi é 4,39, sendo que bandeira 1 é 2,52 por km e bandeira 2 3,15 por km. O preço é tabelado, não há aumento caso a demanda por corridas aumente. Com o surgimento da Uber, os taxistas reclamam que as viagens diminuíram 70%.

O presidente dos taxistas da Rodoviária de Goiânia, Helder Batista, esteve na SMT, dia 21 de junho, solicitando a regulamentação da Uber para que todos trabalhem de forma correta, sem lesar um ao outro. Segundo ele, com o surgimento da empresa, está faltando motoristas, não há relato de inscrição para novos taxistas, além da diminuição da renda, com muitas famílias prejudicadas. “Nós queremos que o prefeito Iris Rezende faça a regulamentação da Uber o quanto antes, queremos direitos iguais e não a proibição”, declara.

 

Motorista realiza denúncia

  1. F. S. foi motorista de táxi durante dois anos, alugava o carro com um amigo e dividia o lucro. Antes da Uber existir era muito bom. Após a diminuição das corridas, o motorista decidiu se tornar parceiro da empresa. “O serviço é o mesmo, a diferença é que eu trabalho no meu carro, tenho liberdade, no táxi eu trabalhava 24 horas, além de pagar pelo aluguel do táxi, hoje eu só me preocupo em manter meu carro”, afirma oex-taxista, que hoje trabalha de 10 a 12 horas diária.

O motorista questiona ainda que, além de todo custo que existe para ser um taxista, tem muita exploração por parte das Rádio Táxi. “Existe a tal da cotização, na minha época eram 172 carros, para permanecer no ponto é necessário pagar mil reais, ou seja, a empresa lucrava 172 mil reais, e você não via investimento algum, ninguém sabia para onde ia o dinheiro, essa cotização é só para explorar motorista”.

Essa cotização é paga para as empresas Rádio Táxi e varia de 500 a mil reais, dependendo da empresa. Caso o motorista não realize o pagamento, será impedido de permanecer no ponto, além de não receber uma corrida da rádio, só poderá pegar passageiros nas ruas. Ele alega ainda que tem muita gente que prefere o táxi por achar que é mais seguro, que motorista de Uber é um ex-presidiário e não consegue emprego, mas nem sempre é isso, o mesmo diz que há possibilidade de burlar as regras.

O ex-taxista denuncia também que há pessoas físicas com mais de uma permissão de táxi na Capital, inclusive vereadores atuantes na Câmara Municipal de Goiânia, dentre outros políticos. De acordo com o regulamento, é permitido somente uma permissão por pessoa física e pessoa jurídica até 12 permissões e não pode ter vínculo empregatício em exercício na administração direta ou indireta nas esferas municipal, estadual e federal.

Há também casos denunciados por E. F. S. que em Aparecida de Goiânia existem taxistas que pagam propina para funcionários da Superitendência Municipal de Trânsito e Tranporte de Aparecida de Goiânia (SMTA), para ter direito a ficar em um ponto, pois é proibido um táxi de Goiânia permanecer em outro munípio. “São muitos rolos que envolvem os taxitas, mas também não posso dizer que a Uber é perfeita, tem que ter uma lei de regulamentação”.

 

Brigas por conta de “mina de ouro”

Desde que a Uber veio para Goiânia, sempre houve confusão envolvendo os motoristas. Enquanto os taxistas brigam para que tudo seja regulamentado, os ubers brigam para ter o direito de rodar em qualquer local de Goiânia.

Na rodoviária da Capital, por exemplo, os taxistas afirmam que os ubers estão invadindo os locais que seriam para os táxis e consequentemente pela variação do preço, o passageiro acaba sempre preferindo a Uber. Os taxistas nos pontos mais movimentados de Goiânia, como na rodoviária e no aeroporto, chegam a ficar até 2 horas sem realizar uma corrida. Isso gera confusão e ameaças entre ambas as partes.

Segundo motoristas da Uber, os donos de táxis são os que mais se deseperam com essa crise, antes eles tinha uma mina de ouro sem trabalhar e com essa concorrência a renda diminui bastante. Os motoristas dizem ainda que não acham justo ficar sem pagar os impostos, mas dizem que se houver uma regulamentação será o fim do serviço.

O taxista Adriel Pereira acha a concorrência desleal, o seu ponto é na rodoviária e ele afirma que existem motoristas da Uber pegando passageiros sem que os mesmos solicitem a corrida pelo aplicativo, ficam oferecendo corrida. “É desleal, é como aqui na 44, todas as lojas pagam impostos e os lojistas na calçada não, isso é desleal, uns pagam mais que os outros”, diz.

Em meio a tanta polêmica, com impostos ou sem impostos, os consumidores buscam sempre serviços mais baratos e seguros.

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