Cotidiano

Um homem de fé

Diário da Manhã

Publicado em 11 de maio de 2018 às 03:02 | Atualizado há 7 anos

Aos 58 anos, o padre Luiz Au­gusto Ferreira da Silva está focado em ajudar quem está à margem da sociedade e nem se lembra das ações virulentas que o atingiram no passado. Enquanto estávamos caminhando para entrar na paróquia Santa Terezinha do Me­nino Jesus, em Aparecida de Goiâ­nia, ele cumprimentou um menino que estava preso à cadeira de rodas. “Como vocês estão?”, pergunta o clé­rigo à mãe da criança. Sua rotina continua a mesma. Todo dia con­versa com fiéis que vão até o templo para lhe pedir os mais diversos tipos de conselho. “Não me considero um contador de histórias, apenas rela­tei em alguns livros aquilo que ouço durante os atendimentos que presto aos fiéis”, comenta.

Amanhã, o padre Luiz realizará a primeira edição do festival chuva de rosas. De acordo com ele, o evento promete levar pelo menos 2 mil fiéis para a igreja. “Será um dia de alegria, queremos que o jovem venha aqui e se divirta, sem nenhum risco, sem estar imerso na prostituição e no álcool”, reitera. A festividade deve­rá contar com a presença do padre Delton, Diego Fernandes, Adriana Arydes, além do próprio sacerdote Luiz Augusto. Mas, ao primar pelo estado de bem-estar do outro, o re­ligioso se deparou com algumas si­tuações que jamais imaginou que poderia acontecer em sua trajetória. Mesmo assim, em média, 3 mil pes­soas acompanham as missas domi­nicais que conduz.

A dona de casa Vilma Caetano de Lima, de 69 anos, não perde nenhu­ma pregação de Luiz e o vê como um homem “abençoado que pos­sui o dom da oratória”. Segundo ela, o estilo adotado pelo sacerdote é o principal fator para que ele tenha sucesso e atraia a enorme quan­tidade de fiéis que lhe procuram todos os dias para uma conversa. “Quando fala sobre a situação dos mais pobres, dos mais necessitados, a gente chora, porque seu discurso é comovente”, relata. Outra caracte­rística que evidencia a nobreza dele é o “seu coração”. “Ele trabalha mui­to, vai atrás, batalha por aquilo que acredita, nunca o vi exibindo carrão de última geração pelas ruas”, pon­tua Vilma, que é uma das várias ad­miradoras do religioso.

Filho de Vilma, o motorista por aplicativo Humberto Caetano Lima, 46, concorda com a opinião comun­gada pelos admiradores do padre Luiz. Para ele, é “muito bonita” a for­ma como o religioso comanda suas pregações. “É verdade que não ve­nho aqui com tanta frequência, po­rém acho extremamente importan­te o trabalho que é desenvolvido pelo clérigo”, frisa Lima. Ao contrário de sua mãe, ele vai ao templo pelo menos uma vez por semana, mas reconhece o empenho de Luiz em promover assistência aos mais po­bres. “Várias vezes já assisti a missa dele e me emocionei com a forma com que toca o coração dos fiéis”.

“APRENDI MUITO”

Em entrevista ao Diário da Manhã na tarde de ontem, o pa­dre Luiz Augusto Ferreira da Sil­va afirmou que ganhou maturida­de com as acusações que recebeu no passado. “Pude perceber me­lhor minha própria vocação, para eu conseguir passar por essas difi­culdades todas recorri a Jesus Cris­to”, declara o religioso. Nos últimos anos, passou a conviver com ata­ques à sua honra engendradas por quem faz do julgamento precipita­do e injusto uma arma para estocar e agredir quem tem como objetivo só espalhar amor por onde passa. Chegou, no ápice da caçada con­tra si, a ser acusado pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) a restituir os cofres públicos em mais de R$ 1 milhão.

Na época em que as acusações contra o padre estavam em seu ple­no fervor, os fiéis da Paróquia San­ta Terezinha do Menino Jesus se mobilizaram por meio de baixo­-assinado e conseguiram 2 mil as­sinaturas em três dias. Nas missas realizadas na paróquia no final de semana, foram posicionados es­trategicamente na porta da igreja o documento. O texto tinha a in­tenção de expressar a confiança aos serviços pastorais promovidos pelo religioso. Na ocasião, ficou cla­ro que os ataques tinham como in­tenção desacreditar a população acerca das notórias ações sociais prestadas pelo apóstolo aos que es­tão à margem da sociedade.

Atualmente, muita gente fre­quenta a paróquia durante o dia. A faxineira Geni de Lourdes, de 60 anos, não troca por nada o servi­ço que desempenha junto ao pa­dre Luiz. Segundo ela, o apóstolo é uma pessoa tranquila, mas, quando vê algo que considera inadequado perante os preceitos cristãos, se tor­na mais exigente. “O padre é uma pessoa santa, chega na igreja seis horas e sai meia-noite. Essa rotina é de segunda a segunda, sem fol­ga, nem nada”, diz. “Ninguém nun­ca viu o padre Luiz viajar, esbanjar riqueza. O máximo que ele faz é ir palestrar nas igrejas norte-america­nas, fora isso trabalha bastante aqui, nem come, a gente precisa ir ver se se alimentou”, revela

 

 

O padre é uma pessoa santa, chega na igreja seis horas e sai meia-noite. Essa rotina é de segunda a segunda, sem folga, nem nada”

Geni de Lourdes, faxineira da paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus

 

 

“Não me considero um contador de histórias, apenas relatei em alguns livros aquilo que ouço durante os atendimentos que presto aos fiéis”

Padre Luiz Augusto Ferreira da Silv

 

]]>

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

últimas
notícias