Cotidiano

Vida e morte na semana do natal

Diário da Manhã

Publicado em 23 de dezembro de 2015 às 00:00 | Atualizado há 1 semana

Assim, teve final feliz o percurso do menino encontrado em uma sacola de lixo ontem. Mas a tristeza também aparece e teve em Débora, grávida de oito meses, a sua trama

Debora Alves da Silva, 30 anos, grávida de oitos meses – esperava ansiosa pela chegada da terceira filha, ela que era mãe de outras duas meninas de 11 e 4 anos – não pode desfrutar da alegria de ver o rosto do seu bebê previsto para nascer dia 7 de janeiro. Debora estava desaparecida desde o dia 16, quando saiu de Matrinchã, em Goiás, cidade onde morava, para fazer exames de rotina em Goiânia.

Seu corpo foi encontrado, em estado de decomposição, às margens do Rio Meia Ponte, na Vila Yate, na capital, supostamente morta a facadas. A cunhada da vítima, dona Natalina Cícero Vieira, 73 anos, contou à reportagem do Diário da Manhã  que Debora tinha transtornos mentais. A fatalidade, ela considera, ocorreu porque Debora mudou os planos.

“Eles moravam em Matrinchã a cerca dez anos. Ela saiu de lá trazida pela ambulância que sempre a trouxe, para fazer a ultrassom. Depois de fazer o exame ela ligou para mim para contar o sexo do bebê, era uma menina e que ia nascer dia sete de janeiro. Em seguida era para ela voltar na ambulância para Matrinchã, mas ela decidiu ficar na casa do pai que mora em Aparecida de Goiânia [no Jardim Dom Bosco]”, narra.

Os familiares acreditam que o fato de Debora não estar tomando, como de costume, nenhuma medicação controlada por causa da gravidez, tenha contribuído para que ela tivesse uma crise. Para os parente a problema levou ela a fugir à noite da casa do pai, sem que ele percebesse.

“Ela tinha problema na cabeça, ficava doidinha. Atacava as pessoas, ficava muito ruim da cabeça. Ela já foi internada na Casa de Eurípedes Barsanulfo, em Goiânia. Mas quando melhorava era uma boa pessoa. Era trabalhadora e cuidava bem das crianças. Lá (Matrinchã) todo mundo gosta dela, a gente não sabe a origem disso, meu irmão, tadinho, não sabe nada porque ele estava lá ela aqui [em Goiânia]”, lamenta.

Guardiano Vieira de Matos, 60 anos, não era oficialmente casado com Debora, mas, conta a irmã dele, que o relacionamento era tranquilo. “A gente ligava no celular dela, mas o telefone só dava ocupado. Quando o avisaram da morte, ele assustou muito porque não esperava essa tragédia. Esperava que ela voltasse bem. A gravidez dela sempre foi muito sadia”, diz.

Despedida

A cunhada de Debora, dona Natalina Cicero Vieira, 73 anos, aguardava, na tarde de ontem, no Instituto Médico Legal, (IML) a liberação do corpo que seria levado para Matrinchã com previsão de ser enterrado ainda ontem ou hoje pela manhã (23). Ela admitiu, “não participarei do enterro”.

O pai de Debora, seu José também não participaria do velório porque, além da idade, já avançada, está muito debilitado com a tragédia. Da família somente as filhas e o marido iriam participar do velório, pois a mãe da vítima já morreu e a única irmã ninguém sabe o paradeiro.

“A gente espera que justiça seja feita, porque uma brutalidade dessa para mim foi um monstro que fez isso, ainda mais com uma mulher com problemas mentais e grávida.”, conclui. O delegado responsável pelo inquérito, adjunto da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), está de folga até segunda-feira (28), data em que começará a investigação do crime.

Sorte ou azar?

De acordo com HMI, bebê recém-nascido, deixado em calçada de setor nobre, tem bom estado de saúde (Foto: Divulgação PM-GO)

Ao passar em frente a um prédio do Setor Oeste, bairro nobre  de Goiânia, uma mulher escutou o choro de uma bebê. Depois de procurar de onde vinha o barulho ela descobre que se tratava de um recém-nascido dentro de uma sacola plástica, deixado na calçada. Preocupada com a situação ela ligou imediatamente para o Corpo de Bombeiros.

Chegando ao local os bombeiros constataram que o bebê, do sexo masculino, havia nascido há poucas horas e estava ainda com a placenta, cordão umbilical e sujo de sangue. De imediato os agentes retiraram a criança da sacola, o limparam e colocaram em uma manta térmica para manter a temperatura.

Após o primeiro atendimento, os bombeiros o encaminharam ao Hospital Materno Infantil que por meio de nota apontou que é bom o estado de saúde que o bebê. Ele, diz a nota, deu entrada no hospital às 14 horas de ontem e está internado em uma enfermaria do Pronto Socorro da Pediatria (PSP) em observação e respira normalmente.

Acrescenta, ainda, que o menino tem 2.855kg, 51 cm, e foi submetido a exames de sangue, urina e de imagem. O bebê deve ficar internado nos próximos dias fazendo o uso de antibióticos para a prevenção de possíveis doenças. “Não há previsão de alta hospitalar. O caso será encaminhado ao Juizado da Infância e Juventude de Goiânia, que vai definir o local para onde o menino será levado”, informou a nota.

Depois de receber alta, Juizado da Infância e Juventude de Goiânia deverá decidir para onde o menino será levado (Foto: Divulgação CBM-GO)

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