A arte a favor de melhores condições de saúde

A Vital Arts é uma organização artística da Barts Health NHS Trust, entidade filantrópica de maior confiança do Reino Unido. Seu objetivo é entregar aos pacientes, funcionários e a comunidade hospitalar como um todo, um ambiente hospitalar agradável, que gere bem-estar durante o tratamento, através de intervenções artísticas. A Vital Arts já conta com cinco hospitais no leste de Londres, já são mais de dois milhões e meio de pacientes. “Vemos estes espaços cívicos importantes como locais ideais para introduzir um novo público para a arte contemporânea”, diz um trecho de descrição do projeto em seu site oficial (www.vitalarts.org.uk).

A ONG foi fundada em 1996 e hoje é referência no Reino Unido em termos de artes e saúde, tendo uma reputação internacional graças ao seu pioneirismo em produzir programas artísticos que proporcionam uma experiência transformadora aos pacientes que passam pelos hospitais. Entre os artistas envolvidos nesse programa de intervenções artísticas em prol do melhoramento do estado clínico de pacientes e de melhores condições de trabalho da comunidade hospitalar estão Catherine Yass, Darren Almond, Roger Hiorns, Hurvin Anderson, Peter Liversidge, Cornelia Baltes, George Shaw, Cornelia Parker, Richard Wentworth, Ruth Claxton, Ruth Ewan, Lemn Sissay, Faisal Abdu’Allah, Bob e Roberta Smith, Morag Myerscough, Amalia Pica, entre vários outros.

        Entre os hospitais em que a Vital Arts atua destaca-se o hospital infantil London Royal Children’s Hospital, que recebeu a intervenção de quinze artistas diferenças, cujas linguagens são bastante expressivas. A proposta é levar, literalmente, cor ao cotidiano da comunidade hospitalar (funcionários, médicos, pacientes, familiares). Entre os responsáveis pela internvenção artistica deste hospital infantil estão os artistas Morag Myerscough, a artista textil Donna Wilson, o designer, especialista em brinquedos de madeira, Miller Godman, o disigner de produção Tord Boontje, Ella Doran que é designer de superfície, e Chris Haughton, que é ilustrador e designer de tapetes.

        A recepção do London Royal Children’s Hospital foi toda revitalizada por Morag Myerscough, que utilizou sua técnica de pinturas manuais, com influências da arte de circo, meio ambiente, art deco, arte oriental e vitoriana. A ala de hematologia parece cenário de desenho animado. Muitas arvores, pequenos montes, um ambiente que nada lembra a sensação de clausura de um hospital. Nesta ala, quem desenvolveu sua arte foi a designer Donna Wilson, através de técnicas tridimensionais. Neste caso específico, houve ainda  a participação dos próprios pacientes à colaborar com a finalização da intervenção artística.

        Imagine só um zoológico dentro da ala pediátrica de um grande hospital?! Esta foi a sacada de Chris Haughton, que decorou cada quarto com um animal diferente, além de reuni-los todos pelas paredes dos corredores desta ala. Haughton usou a técinica de decoração com tapetes, diga-se de passagem: todos feitos à mão! Um macaquinho vestido de médico é o charme da obra de Chris Haughton. As referências ao cubismo de Zoe Miller enfeitam a ala respiratória do hospital infantil. Animais talhados em madeira, recortados em figuras geométricas, com efeitos tridimensionais, colados à parede. O intuito de Zoe Miller é misturar temáticas diferentes para entreter as crianças o maior tempo possível. Sendo assim, ela mistura girafas, corujas, corações e uma infinidade de flores dos mais variados formatos e cores.

        Ella Doran deu um toque final surpreendente com suas cortinas, que, além de conferir privacidade ao paciente, embeleza e dá vida à morbidez do hospital, sendo que todas receberam ilustrações de belíssimas paisagens, dignas de cartão postal. Tord Buntje conferiu ao ambiente hospitalar um ar de aconchego, com paredes coloridas, cheias de folhagens e bichos. As cores da Vital Art invadindo e transformando a experiência hospitalar de milhões de crianças.