Atento aos sinais

 Com sucessos e novas interpretações, o irreverente artista promete emocionar o público do Teatro Rio Vermelho

O que Goiânia oferece para a noite de hoje não é nada mal. Será possível contemplar uma hora e meia de uma das vozes mais potentes e criativas da MPB: Ney Matogrosso. O artista performático e de timbre “agridoce”, traz à capital a turnê “Atento Aos Sinais”, que celebra seus 40 anos de carreira. O show do ex-integrante do icônico grupo Secos e Molhados acontece nesta noite, às 21 horas, no Teatro Rio Vermelho.

Em cena, o intérprete de Sangue Latino faz jus ao nome do espetáculo, pois Ney mostra que está mesmo atento a tudo. O repertório traz desde clássicos da MPB e do samba, como Paulinho da Viola, Caetano Veloso e Itamar Asssunção, ao rap mais contemporâneo de Criolo.

O artista interpreta ainda a faixa Oração, do cantor e compositor Dani Black (filho de Tetê Spindula e Arnaldo Black). Aliás, foi um trecho desta canção que inspirou o nome da turnê. “Atento aos Sinais é um show que me aproxima dos meus tempos de Secos & Molhados, mas é sobretudo um show pop. Sou um artista que gosta de arriscar, até porque sou intérprete, não sou compositor”, diz o cantor.

Para ver e ouvir

Como não poderia ser diferente, este show tem uma estética interessante. Ney aparece em uma cadeira espelhada e troca de figurinos ali mesmo no palco. O cenário foi criado por Luis Stein e Milton Cunha. Já o antigo parceiro de Ney, Ocimar Versolato, assina mais uma vez o figurino, junto com Milton Cunha e Marta Reis.

A direção musical é de Sacha Amback, que entrará no palco com Ney Matogrosso nos teclados. O artista estará acompanhado ainda por Marcos Suzano e Felipe Roseno (percussão), Dunga (baixo), André Valle (guitarra), Aquiles Moraes (trompete) e Everson Moraes (trombone).

E para os que não puderem conferir o espetáculo de perto a turnê deste show, que estreou em 2013, já foi registrada devidamente em um CD de estúdio e em um DVD e CD ao vivo.

Alma artística

Desde criança, Ney Matogrosso mostrava talento para cantar, atuar, pintar. Talvez, por isso, que sua música abrange tantas linguagens artísticas. E depois de sua marcante presença, a MPB nunca mais foi a mesma. E a música brasileira começou a ganhar todas as cores, atitudes e, principalmente, a liberdade de Ney, justamente nos sufocantes tempos da ditadura militar.

Sua carreira artística começou a engatinhar na pequena cidade onde nasceu: Bela Vista, no Mato Grosso do Sul, fronteira com o Paraguai. Lá, Ney logo se envolveu com diversos grupos de música e teatro. Contudo, foi em São Paulo e ao lado de Gérson Conrad e João Ricardo que começou a mostrar a que veio, com a criação da banda Secos e Molhados.

O trio de rock, com suas icônicas maquiagens e figurinos, lançou o primeiro álbum Secos e Molhados I, em 1975. O disco foi um sucesso , vendeu mais de 700 mil cópias. Mas por alguns desentendimentos entre os integrantes, o grupo se dissolveu em 1974, logo após o lançamento do segundo trabalho, Secos e Molhados II.

A fama e o fim do grupo, com a mesma formação, foram meteóricos. Porém, não se pode dizer o mesmo de suas canções. Em menos de dois anos de existência o trio eternizou clássicos, a exemplo de O Vira, Sangue Latino e Rosa de Hiroshima.

Depois de Secos e Molhados, Ney continuou a carreira. O primeiro disco solo foi lançado no mesmo ano que a banda se desfez. A estreia foi lendária, com o disco Água do Céu – Pássaro (também conhecido como O Homem de Neanderthal). A capa era antológica e trazia o artista pintado, vestido com pelos de macaco, chifres e pulseiras de dentes de boi.

Em seguida lançou o álbum Bandido, que trazia a faixa composta por Rita Lee, Bandido Corazón, que se tornou sucesso na voz de Ney. A obra era ousada, apimentada e provocante, e todos estes elementos, após 40 anos de carreira e mais de 30 discos, continuam fazendo de Ney um dos maiores artistas do Brasil.

Ney Matogrosso – “Atento Aos Sinais” Comemoração 40 anos de carreira
Quando: Hoje, às 21 horas
Onde: Teatro Rio Vermelho
Informações: (62) 3219-3300