Captura e execução de Ernesto Che Guevara
Diário da Manhã
Publicado em 8 de outubro de 2015 às 01:13 | Atualizado há 5 diasMuitos simbolismos giram em torno da imagem de Ernesto Guevara de La Sierra, mais conhecido como Che, um guerrilheiro, médico, jornalista e político argentino. É visto como uma das figuras mais importantes da luta contra o denominado imperialismo dos Estados Unidos sobre as nações latino-americanas. Lutou na guerra que levou Cuba ao regime socialista e participou do processo de reorganização do país na década de 1960. Foi morto pelo exército boliviano em parceria com a CIA em 1967. Seu corpo só foi encontrado 30 anos depois.
Ernesto nasceu no dia 16 de junho de 1928, na cidade de Rosário, na província argentina de Santa Fé. Filho de pais da classe alta da argentina, passou a infância viajando pelo Rio Paraná, entre propriedades da família, que mantinha campos de produção de erva mate. Mudou-se várias vezes de cidade durante a vida. Em 1946, estabilizou-se por alguns anos em Buenos Aires, onde iniciou sua graduação em medicina. A fotografia icônica de Che, tirada por Alberto Kordo, é uma das imagens mais reproduzidas do mundo, sendo utilizada como um símbolo da revolução, ou como insígnia da cultura pop.
Viagens
Duas viagens de Che Guevara pela América Latina foram essenciais para a construção de suas visões ideológicas. A primeira delas, em 1951, é retratada no filme Diários de Motocicleta, do diretor brasileiro Walter Salles. Ernesto e o amigo Alberto Granado planejaram percorrer em via terrestre, através de uma motocicleta simples, uma viagem de Buenos Aires até Caracas, capital da Venezuela, no extremo norte do continente. O veículo não resistiu aos mais de 12 mil quilômetros percorridos pela dupla, que teve que encontrar alternativas para seguir em frente.
A viagem, que durou cerca de dois anos, fez com que Ernesto passasse a vislumbrar a América Latina como uma unidade econômica e cultural. Em 1953, retornou a Buenos Aires para concluir os estudos em medicina. Após graduar-se, decidiu dedicar-se a política. Em sua segunda viagem, visitou vários países: Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica e Guatemala. Este último passava por turbulências devido à oposição norte-americana à tentativa socialista do presidente recém eleito, Jacob Gusmán.
Guevara passou a enxergar a postura dos Estados Unidos como desumana e imperialista, acusando a potência de abuso de poder bélico e de influências para pressionar nações menos ricas a cederem aos seus interesses comerciais. Na viagem, ele concluiu que a única maneira de combater a desigualdade social na América Latina seria promovendo o comunismo. Na Guatemala, presenciando a luta de Jacob Guzmán contra as investidas dos Estados Unidos, declarou-se um revolucionário em oposição às tendenciosas interferências norte-americanas nos governos de países mais pobres do continente.
Guerrilha
Após conhecer os irmãos Raul e Fidel Castro, partiu para Cuba, onde lutaria contra o regime do então presidente Fulgencio Batista, apoiado pelos Estados Unidos. Na ilha, o movimento dos rebeldes fortaleceu-se com a adesão de muitos camponeses, intelectuais e trabalhadores urbanos. No início, Guevara foi designado ao papel de médico da revolução, mas logo passou a ser visto como líder e a atrair seguidores. Ogoverno cubano foi derrotado em 1959, e Fulgencio Batista exilou-se em São Domingos.
Guevara tornou-se braço direito de Fidel Castro no governo do Estado cubano, que passou por uma reorganização. O país passou a ser visto como uma ameaça pelos Estados Unidos, que reagiu com hostilidade promovendo invasões e ataques. As investidas fizeram com que Fidel Castro buscasse apoio da União Soviética, que respondeu com o apoio bélico necessário para que as forças americanas cedessem. Ernesto passou a propagar as idéias da Revolução Cubana pelo mundo, e em 1965 deixou a ilha para lutar contra o imperialismo no mundo.
Partiu com outros cem cubanos para a República do Congo, na região Central da Africa, onde fracassou devido ao pouco conhecimento da geografia, dos costumes e das crenças religiosas do povo local. Decidiu então ir para a Bolívia, onde planejava criar uma base guerrilheira em prol da unificação das nações da América Latina, que deveria invadir a Argentina. Mais uma vez enfrentou dificuldades. Ernesto não teve apoio do Partido Comunista Boliviano. Além disso, o local escolhido por Ernesto era pouco povoado, e os camponeses que ali viviam não aderiram à guerrilha
A falta de conhecimento geográfico também criou problemas novamente. Outro agravante o fato de ninguém do grupo conhecer o idioma indígena local. Che Guevara foi capturado no dia 08 de outubro de 1967, e executado no dia seguinte a pedido do coronel Zanteno Anaya e do vice-presidente da Bolívia, René Barrientos. Teve as mãos amputadas e conservadas em formol, sob posse de Juan Coronel Quiroga, amigo pessoal do ministro da defesa da Bolívia. Seu corpo foi encontrado em 1997, em uma vala comum. Sua ossada estava sem as mãos. Foi sepultado em Cuba, no dia 17 de outubro de 1997, com a presença de Fidel Castro e honrarias de Chefe de Estado.
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